16 Janeiro 2023
A planejada visita ecumênica ao Sudão do Sul a ser realizada pelo Papa Francisco, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, e o Moderador da Igreja da Escócia, Iain Greenshields, no início do próximo mês, mostrará “um novo caminho comum” para o povo de Deus no país, disse um bispo católico do país do Chifre da África.
Em entrevista à ACI África, dom Christian Carlassare, bispo de Rumbek, refletiu sobre a presença do Santo Padre no Sudão do Sul durante a visita de 3 a 5 de fevereiro e destacou o objetivo da viagem ecumênica como uma peregrinação de paz.
A reportagem é de Patrick Juma Wani, publicada por ACI Africa, 11-01-2023. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“Acho que a visita do Papa indicará com mais clareza um novo caminho comum para todos os sul-sudaneses e para o país em geral”, disse Carlassare à ACI África na entrevista de segunda-feira, 9 de janeiro.

Mapa do Sudão do Sul
O bispo de Rumbek acrescentou: “O Santo Padre vem até nós como um peregrino de paz; portanto, tem que nos encontrar nesse mesmo caminho, dispostos a nos comprometermos pela paz e contra qualquer forma de violência e corrupção”.

Dom Christian Carlassare, bispo de Rumbek. (Foto: Facebook)
A visita ecumênica é histórica, disse Carlassare, “porque o Santo Padre mencionou muitas vezes o Sudão do Sul, mas nunca teve a oportunidade de visitar o país”.
O desejo do Papa Francisco “de vir agora está por realizar e ele se define como um peregrino da paz, e é tão único e significativo que ele vem com outros líderes cristãos”, o membro dos Missionários Combonianos (MCCJ) que já ministra no Sudão do Sul desde 2005 à ACI África.
O Papa Francisco deve realizar sua viagem anteriormente adiada a dois países africanos a partir de 31 de janeiro, de acordo com o programa e o itinerário que os funcionários da Sala de Imprensa da Santa Sé divulgaram no mês passado.
A declaração do Vaticano de 1º de dezembro forneceu detalhes da “Viagem Apostólica de Sua Santidade Francisco na República Democrática do Congo (RDC) e no Sudão do Sul (Peregrinação Ecumênica de Paz no Sudão do Sul) de 31 de janeiro a 5 de fevereiro de 2023”.
A viagem pastoral do Santo Padre, prevista para julho do ano passado, foi adiada para junho “a pedido de seus médicos e para não comprometer os resultados do tratamento que está realizando no joelho”, informou a Sala de Imprensa da Santa Sé, por seu diretor, Matteo Bruni, declarou em 10 de junho de 2022.
Como o itinerário da visita adiada, a viagem a duas nações africanas, de 31 de janeiro a 5 de fevereiro, está programada para começar na capital da República Democrática do Congo, Kinshasa, e terminar na capital do Sudão do Sul, Juba, onde o Santo Padre, juntamente com Welby e Greenshields presidirão a oração ecumênica.
Em entrevista à ACI África, Carlassare exortou o povo de Deus no Sudão do Sul a trilhar o caminho da paz e percorrê-lo “todos juntos”.
“Na verdade, a paz é um caminho que temos que percorrer o tempo todo e todos juntos, porque perdurará quando as pessoas superarem qualquer manipulação e confusão e defenderem a verdade, a justiça, a caridade e a liberdade”, refletiu.
O bispo nascido na Itália, que está à frente da diocese de Rumbek desde sua consagração em 25 de março de 2022, cobrou: “Que a paz comece em nossos corações, em nossas famílias, em nossas aldeias com nossos irmãos e irmãs e aqueles que compartilham a mesma fé e reúnam-se na Igreja”.
Ele continuou: “Ainda não percebemos o quanto qualquer conflito violento é uma falha em reconhecer e valorizar nossa humanidade e dignidade comuns”.
“Aprendemos que a vida e a salvação vêm de Deus; ninguém pode encontrar a salvação por seu esforço pessoal, isolando-se dos outros”, disse ainda Carlassare, acrescentando: “Temos que ser solidários uns com os outros, comunidade por comunidade”.
Ele passou a convidar o povo de Deus na nação mais jovem do mundo a trabalhar para “o bem comum”.
“Temos que pensar em termos do bem comum, porque enquanto houver uma pequena comunidade sofrendo dentro do país, todas as nações sofrerão”, explicou o bispo de Rumbek na entrevista.
Refletindo sobre as iniciativas realizadas em sua sede episcopal para participar da peregrinação de paz em Juba, Carlassare disse: “Estamos registrando os jovens que participarão da peregrinação de paz liderada por um grupo de clérigos e missionários”.
“A intenção é reunir jovens de diferentes paróquias e levá-los a uma experiência de caminhar juntos, passando por nossas paróquias e transmitindo uma mensagem de reconciliação e comunhão”, disse Carlassare em referência às 16 Paróquias da Diocese de Rumbek.
Ele continuou: “Padres, religiosas e religiosos estarão presentes no evento. Estamos tentando reunir uma representação significativa dos agentes leigos de pastoral e da juventude”.
“Teremos diferentes grupos, clérigos e religiosos, agentes pastorais, jovens e aqueles que aderirão à peregrinação da paz”, aponta Carlassare.
Ao preparar a peregrinação pela paz para fazer parte da visita ecumênica, ele destacou os desafios financeiros, dizendo: “O financiamento é um problema, pois estamos ansiosos para arrecadar contribuições locais para tornar nossa participação possível”.
“Acho que seremos cerca de duzentas pessoas devido às finanças limitadas, caso contrário, seríamos mil”, calcula o bispo.
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Francisco e Welby no Sudão do Sul. “A visita ecumênica é para mostrar com clareza um novo caminho comum para o Sudão do Sul”, afirma dom Carlassare - Instituto Humanitas Unisinos - IHU