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04 Novembro 2021

 

“Reduzir a crise do Facebook Inc. a um algoritmo malsucedido é reduzir uma verdade de alta complexidade, contextualizada por relações políticas, militares e de sistemas de informação distantes do conhecimento público”, escreve Alfredo Moreno, cientista da computação e professor da Universidade Nacional de Moreno, na Argentina, publicado por Alai, 01-11-2021. A tradução é do Cepat.

 

Eis o artigo.

 

As pessoas criarão todos os tipos de espaços. Até mundos. O teletransporte será ativar um link, um link na internet. Hoje, somos vistos como uma empresa de redes sociais, mas nosso DNA é o de uma empresa que cria tecnologia para conectar as pessoas e o metaverso é a próxima fronteira, assim como eram as redes quando nós começamos. O metaverso incorpora você, em vez de só ver o conteúdo, você está nele (Mark Zuckerberg)

 

As plataformas digitais, baseadas em software e redes de comunicação de dados, não exercem apenas uma forma de soberania sobre os cidadãos, mas também determinam seu comportamento. Portanto, é necessário mudar o modelo de negócio das redes sociais. Modelo pelo qual em troca dos serviços “gratuitos” oferecidos podem absorver informações pessoais dos cidadãos/usuários, tanto as que são livremente entregues, como as que são deduzidas de seu comportamento.

O negócio dos dados, o big data desenvolvido pelos donos das plataformas, está em produzir esta informação pessoal de forma rentável. Os 2,9 bilhões de habitantes do território Facebook Inc. (Facebook + Instagram + WhatsApp), a ilha do Facebook, geraram para ele nada menos do que 54 bilhões de dólares no primeiro semestre de 2021.

Somos as cobaias, as redes sociais são a “caixa de Skinnervirtual, nas quais os cientistas de dados podem antecipar nossas escolhas e até mesmo determiná-las em função dos estímulos transmitidos. Os algoritmos são capazes de antecipar nossos movimentos, as fake news são os estímulos, as plataformas são as que vendem a possibilidade de nos fazer mudar de comportamento.

Zuckerberg, durante a apresentação da plataforma de realidade virtual, demonstrou vários casos de realidade aumentada sobre as pessoas que habitem no metaverso, onde se movimentariam com seus avatares personalizados, poderiam se vestir com roupa digital, compradas dentro desse mesmo universo, e compareceriam a diferentes eventos.

Nesse universo paralelo, é possível ver uma garota residente no Japão que decide, através do metaverso, comparecer a um concerto em Los Angeles (Estados Unidos) junto com a sua melhor amiga. Em questão de segundos, o avatar da garota japonesa aparece ao lado de sua amiga dançando e curtindo a música ao vivo. Terminada a apresentação, as duas vão, de forma virtual, a uma loja onde compram bonés e camisetas digitais do artista.

Além disso, anunciou experiências relacionadas ao metaverso que estarão disponíveis para os usuários da Oculus, sua empresa de capacetes de Realidade Virtual. Entre elas está o Horizon Home, um aplicativo de realidade aumentada que permitirá criar casas virtuais nas quais será possível convidar outras pessoas que tenham um dispositivo desse tipo para ver filmes ou jogar videogames. Esta plataforma se une ao videogame online Horizon Worlds e ao espaço de trabalho, via realidade virtual, Horizon Workrooms.

Com as crises se avança, parecem entender a dupla Zuckerberg e Sandberg, sua diretora operacional e de produtos.

Frances Haugen falou ao Senado dos Estados Unidos sobre a ciberespionagem realizada pela empresa. Entre os casos de violência que envolvem a plataforma Facebook – afirmou –, estão as matanças de Mianmar e o que agora está ocorrendo na região de Tigray, na Etiópia.

Haugen decidiu denunciar a corporação, argumentando que todo o sistema algorítmico da empresa está projetado para produzir um dano à sociedade. Sustenta que a corporação favorece as elites, que seus algoritmos alimentam a discórdia, e que os traficantes de drogas e pessoas usam os serviços do Facebook sem qualquer filtro ou limites.

As consequências financeiras do apagão do Facebook Inc., do dia 4 de outubro, geraram perdas de renda estimadas em 160 milhões de dólares.

“A queda do WhatsApp é como se de repente tivessem desaparecido do mapa um grande conjunto de países. A web não apenas é frágil, mas completamente efêmera. Temos a falsa sensação de permanência trazida por esses gigantes tecnológicos, com suas plataformas de muros arborescentes. Mas o concreto é que nada persiste online, e se trata de uma grande alucinação coletiva. Apenas um apagão semelhante ao do dia 4 de outubro pode fazer centenas de milhares de pessoas refletirem sobre seus hábitos e sobre a forma como encaram suas relações. Penso que é preciso colocar em primeiríssimo lugar a análise de qual é o papel ocupado pelo Facebook, pois é um perigo concreto contra a democracia e contra a humanidade. E se está offline é menos perigoso do que online”, afirma Adrienne LaFrance, jornalista da revista The Atlantic.

O universo Facebook não é apenas um site, uma plataforma, uma publicação, uma rede social, uma corporação ou um serviço. É tudo isso, e além do mais uma corporação independente, com mais poder do que os Estados reais. Com o metaverso terá o seu próprio Estado virtual.

Sheera Frenkel e Cecilia Kang publicaram “Uma verdade incômoda”, a batalha do Facebook pelo domínio mundial. Nele, afirmam que o Facebook Inc. tem todos os atributos de uma nação: um território, uma moeda, uma filosofia de governança e uma população. Só que essa ilha não está em parte alguma, configura-se no mundo digital, e as únicas leis que valem, assim como a obtenção dos lucros, são exclusivas da mesa comandada por Zuckerberg. “Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg empreenderam juntos a construção metódica e deliberada de um modelo de negócios implacável, baseado no crescimento ilimitado”.

Viveremos em um mundo onde a Internet estará cada vez mais fragmentada e as empresas de tecnologia servirão aos interesses e objetivos dos estados em que residem, ou as Big Techs retirarão decisivamente o controle do espaço digital dos governos, libertando-se das fronteiras nacionais e emergindo como uma força verdadeiramente global? Ou uma tecnoelite assumirá a responsabilidade de oferecer os bens públicos que, certa vez, foram proporcionados pelos governos populares?

É central compreender as perspectivas em disputa que determinam como esses novos atores geopolíticos exercem o seu poder, porque a interação entre eles está definindo a vida econômica, social e política do século XXI.

O neoliberalismo cunhou o termo “resiliência” para descrever uma submissão despolitizada por meio da qual o usuário se adapta ao meio, é proativo em situações adversas, em geral em contextos trabalhistas, dessa forma, o cidadão perde cidadania.

Reduzir a crise do Facebook Inc. a um algoritmo malsucedido é reduzir uma verdade de alta complexidade, contextualizada por relações políticas, militares e de sistemas de informação, distante do conhecimento público.

 

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