“Aceite esta cruz”, diz Bartolomeu Sorge a Enzo Bianchi

Foto: Vatican News

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

30 Mai 2020

Ainda não acabou a repercussão do decreto da Secretaria de Estado que, na terça-feira, ordenou o afastamento de Bose do ex-prior Enzo Bianchi. Mas também não se apagou a esperança de se chegar, em tempos razoáveis, a uma decisão compartilhada com o fundador da Comunidade de Bose.

A reportagem é de Luciano Moia, publicada no jornal Avvenire, 29-05-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto

As soluções sobre a mesa são diferentes, e, mesmo que neste momento as posições pareçam distantes, o objetivo do delegado pontifício, Pe. Amedeo Cencini, continua sendo o de encontrar uma saída razoável para costurar novamente um rasgo doloroso para todos.

Nessa sexta-feira, o diálogo – nunca interrompido – entre o delegado pontifício e o ex-prior foi retomado. Talvez pode ter se tratado do dia decisivo. É o desejo de todos. Especialmente para aqueles que amam a obra de Bose e que, nestes anos, estiveram próximos da Comunidade. Começando pela Diocese de Biella, em cujo território se situa a comunidade fundada por Enzo Bianchi.

Nessa quinta-feira, em um comunicado, o bispo de Biella, Roberto Farinella, e o seu antecessor, Gabriele Mana, que – lembra-se – sempre exerceram uma espécie de “paternidade espiritual” em relação à comunidade de Magnano, acompanhando de perto a vida do mosteiro, reiteraram que a relação de comunhão e de profunda proximidade nunca desaparecerá.

“Desejamos renovar o nosso sentimento de proximidade e de oração aos irmãos e às irmãs, e também aos muitos amigos que, de muitos modos, acompanham a vida da fraternidade e recebem os seus dons espirituais.”

Foi explícito o apelo dirigido a Enzo Bianchi por outro “grande sábio” da Igreja italiana, o padre jesuíta Bartolomeo Sorge, 90 anos: “Nesse ponto, Enzo Bianchi deve aceitar com amor o sofrimento da provação. A rebelião e a resistência seriam um erro fatal, porque, nesses casos, aceita-se a cruz até mesmo sem entender as suas razões”.

E acrescentou: “Quando a Igreja intervém, beija-se a mão da Igreja que é a nossa mãe e não tem nenhum interesse em massacrar um filho. Depois, se verão os frutos. Os golpes sofridos são a autenticação da obra de Deus. É por isso que eu aconselho o irmão Bianchi a fazer as malas imediatamente e a ir para onde o mandam, e a fazer isso com alegria”.

Também nas mídias sociais, foram muitas as mensagens de apoio ao ex-prior de Bose. Surpresa, amargura e sofrimento são os sentimentos dominantes: “Caro Ir. Enzo – diz um dos muitos posts – o que o senhor realizou em Bose não poderá ser cancelado por nenhum procedimento eclesiástico”.

É difícil explicar que ninguém, muito menos a Santa Sé, pretende cancelar uma obra profética como a iniciada por Enzo Bianchi. Em vez disso, a intervenção do Vaticano, solicitada diretamente pela Comunidade e pelo atual prior, Luciano Manicardi, tornou-se necessária precisamente para permitir que o “planeta Bose” continue com originalidade e frescor na sua órbita propulsora.

E, nas entrelinhas, o próprio Enzo Bianchi reconheceu isso em um comunicado publicado nessa quarta-feira, no qual, entre outras coisas, escreveu: “Compreendo que a minha presença pode ter sido um problema”. Agora, trata-se de transformá-lo novamente em um recurso. Talvez a distância, mas com renovada unidade de intenções e de esperanças.

Leia mais