24 Mai 2017
A marcha para Brasília convocada por movimentos sociais e centrais sindicais deve levar cerca de 100 mil manifestantes à capital nesta quarta-feira 24.
Inicialmente lançado para ser um protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência do governo Michel Temer, o ato se fortalece com os pedidos de renúncia do atual presidente e os gritos por “Diretas Já”, que ecoam desde o estouro do escândalo dos grampos e das delações premiadas da JBS, atingindo em cheio o peemedebista.
A reportagem é de Débora Melo, publicada por CartaCapital, 24-05-2017.
Embora grande parte dos organizadores tenha aderido à nova pauta, centrais sindicais próximas a Temer preferem manter um discurso focado exclusivamente nas reformas, evitando maior desgaste do governo.
Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), afirma que, embora a central defenda a convocação de eleições diretas, o foco da marcha a Brasília será “100%” destinado à questão das reformas. “A nossa saída para Brasília foi definida bem antes de termos essa situação grave pela qual passa o governo de Michel Temer”, disse Patah.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, afirma que a gravidade da crise política impõe a paralisação das reformas no Congresso e que é preciso buscar uma “solução democrática negociada” para o País, mas diz que há vozes dissonantes dentro da Força quanto ao destino de Temer.
“Não basta eu dizer a você que sou a favor de Diretas Já enquanto tem gente pensando em outras coisas. O importante é que a solução leve em conta os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras, que não seja um acordo do andar de cima”, disse.
“Não temos uma proposta acabada em si, porque dentro da Força Sindical há diversas posições político-partidárias e nós respeitamos essas posições. O que nos une é a bandeira das reforma
s e uma solução democrática negociada. Não queremos incentivar um golpe, porque nós já reclamamos de um golpe contra a outra presidente”, continuou Juruna.
A crise política ganhou novos contornos com a divulgação, na semana passada, da gravação de uma conversa entre Temer e Joesley Batista, um dos donos da JBS. De acordo com o áudio, Temer discutiu a suposta compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em um gesto de obstrução à Operação Lava Jato.
Muitos chegaram a acreditar que acabava ali o governo, mas Temer tem resistido até o momento. O impacto da crise foi, porém, suficiente para abalar a base aliada, e algumas propostas tiveram a tramitação suspensa. O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA), por exemplo, afirmou que não há mais data para a votação do projeto.
Para Patah, da UGT, não há clima político para votar medidas tão impopulares. “Eu tenho certeza absoluta de que, dado o ambiente em que estamos vivendo, os deputados não terão coragem de aprovar a reforma. Ou então não serão reeleitos”, disse.
A reforma trabalhista, por outro lado, tem avançado. Na terça-feira 23, após um intenso bate-boca na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o presidente da comissão, Tasso Jereissati (PSDB-CE), considerou lido o parecer de Ricardo Ferraço (PSDB-ES). A decisão, confirmada pela secretaria da CAE, foi tomada mesmo sem a efetiva leitura do texto, mas garantiu que a tramitação siga na Casa, permitindo que o texto seja votado na CAE já na terça-feira 30.
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Em Brasília, Força Sindical e UGT miram reformas e poupam Temer - Instituto Humanitas Unisinos - IHU