05 Dezembro 2013
Dificilmente Francisco poderá escrever outro texto semelhante à Evangelii gaudium. Certamente escreverá e dirá muito mais. Mas aqui está tudo o que ele pretende dizer para a Igreja e para este tempo.
A opinião é de Gianfranco Brunelli, diretor da revista católica italiana Il Regno, do Centro Editorial Dehoniano de Bolonha. O artigo foi publicado no jornal Corriere della Sera, 04-12-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
O Papa Francisco traçou as diretrizes. Com a Evangelii gaudium, a "Alegria do Evangelho", estamos no coração do seu pontificado. O longo texto proposto pelo papa como exortação apostólica é um testamento. Dificilmente Francisco poderá escrever outro semelhante. Certamente escreverá e dirá muito mais. Mas aqui está tudo o que ele pretende dizer para a Igreja e para este tempo.
Desde os primeiros dias do seu pontificado, apareceu claramente como o centro do seu magistério é este: viver o Evangelho. O Evangelho é possível porque toca o centro da nossa humanidade. E aí está enraizada a urgência de que a alegre notícia da fé cristã deve ressoar novamente, como se fosse a primeira vez, indo além da forma cultural predominante, que, até aqui, a expressou. E ser comunicada a todos. Em uma missionariedade total e contínua de todos os membros do povo de Deus: levar a alegria e o escândalo de uma humanidade aflita e salva, santificada por Cristo, ou seja, a lógica da cruz.
Para fazer isso é preciso olhar confiante, cheio de esperança, confiado inteiramente à graça de graça de Deus. Graça e encarnação são as duas figuras teológicas que sustentam o pontificado. É nessa relação que encontra justificação o paradigma da misericórdia com o qual se pode enfrentar toda situação antropológica, a partir das condições de maior marginalidade social, moral, existencial.
Hoje, depois da Evangelii gaudium, parece-nos que estamos vendo ainda mais nitidamente por que Bergoglio optou por assumir o nome de Francisco. Nesse nome, que se tornou figura teológica, são invertidos os valores do mundo, os critérios de juízo, a escala de prioridades, a colocação dos indivíduos na sociedade e na história.
Por essa via, Francisco pede a conversão da Igreja e a sua reforma. Mas se essa "loucura" é possível para um só homem, ela é realmente possível para uma congregação religiosa, para uma comunidade, para toda a Igreja? O Evangelho como forma Ecclesiae. Novamente. Esse é o sonho ou a "loucura". Essa é a "perfeita alegria".
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Uma Igreja com a alegria do evangelho. Artigo de Gianfranco Brunelli - Instituto Humanitas Unisinos - IHU