28 Março 2013
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20, 1-9 que corresponde a Festa da Ressurreiçao, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Segundo o relato de João, Maria de Magdala é a primeira que vai ao sepulcro quando está escuro e descobre, desconsolada, que está vazio. Falta-lhe Jesus. O Mestre que a tinha compreendido e curado. O Profeta a quem tinha seguido fielmente até o final. A quem seguirá agora? Assim se lamenta frente aos discípulos: “Levaram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o puseram”.
Estas palavras de Maria poderiam expressar a experiência que vivem hoje não poucos cristãos: Que fizemos de Jesus ressuscitado? Quem o levou? Onde o pusemos? O Senhor em quem acreditamos é um Cristo cheio de vida ou um Cristo cuja recordação se vai apagando pouco a pouco nos corações?
É um erro procurarmos “provas” para acreditar com mais firmeza. Não basta chegar ao magistério da Igreja. É inútil indagar nas exposições dos teólogos. Para nos encontrarmos com o Ressuscitado, é necessário, antes de tudo, fazer um percurso interior. Se não o encontramos dentro de nós, não o encontraremos em nenhuma parte.
Um pouco mais tarde João descreve Maria correndo de um lado para outro a fim de procurar alguma informação. E quando vê Jesus, cega pela dor e as lágrimas; não chega a reconhecê-lo. Pensa que é o encarregado da horta. Jesus só lhe faz uma pregunta: “Mulher, por que choras? A quem procuras?”.
Talvez tenhamos de nos perguntar quanto a isso também. Por que a nossa fé é às vezes tão triste? Qual é a causa última dessa falta de alegria entre nós? O que procuramos, nós os cristãos de hoje? Que desejamos? Andamos a procurar Jesus que necessitamos sentir cheio de vida nas nossas comunidades?
Segundo o relato, Jesus está falando com Maria, mas ela não sabe que é Jesus. É então que Jesus chama-a pelo seu nome, com a mesma ternura que colocava na Sua voz quando caminhavam pela Galileia: “Maria!”. Ela volta-se rápida: “Rabí, Mestre”.
Maria encontra-se com o Ressuscitado quando se sente chamada pessoalmente por Ele. É assim. Jesus mostra-se cheio de vida, quando nos sentimos chamados pelo nosso próprio nome, e escutamos o convite que nos faz a cada um. É então quando a nossa fé cresce.
Não reavivaremos a nossa fé em Cristo ressuscitado alimentando-a apenas de fora. Não nos encontraremos com Ele, se não procuramos o contato vivo com a Sua pessoa. Provavelmente é o amor a Jesus conhecido pelos evangelhos e procurando pessoalmente no fundo do nosso coração o que melhor pode conduzir-nos ao encontro com o Ressuscitado.
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Encontrarmo-nos com o ressuscitado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU