Crise climática. A difícil busca de uma agenda de consenso

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11 Abril 2011

Ninguém duvida que seja realmente muito difícil fazer com que representantes de mais de 190 países, todos obrigados a defender os interesses de suas nações, cheguem a um consenso sobre qualquer assunto. Talvez isso justifique as comemorações ao final da reunião climática em Bangcoc, que terminou na última sexta-feira, por ter ao menos conseguido determinar o que será discutido na Alemanha em junho e na África do Sul em novembro.

A reportagem é de Fabiano Ávila e publicada pelo Instituto CarbonoBrasil, 11-04-2011.

Bangcoc começou com grandes expectativas, pois a Conferência do Clima de Cancún (COP 16) em dezembro do ano passado, que foi considerada um sucesso pela ONU, gerou um movimento na direção de compromissos concretos. Porém, mal começaram as negociações na Tailândia e a velha divergência entre países ricos e pobres voltou a aparecer.

A grande discussão ficou em torno do que deveria ser debatido, com o grupo formado pelo G77 mais a China querendo focar em elementos deixados de fora dos Acordos de Cancún e as nações ricas querendo detalhar os assuntos abordados na COP16.

Essa divisão só veio a ser solucionada no último dia do encontro, com todos os países concordando com uma agenda que define o calendário de discussões de 2011.

"Os representantes concordaram em uma agenda para trabalhar em direção a um acordo amplo e balanceado na próxima Conferência do Clima em Durban, na África do Sul", afirmou Christiana Figueres, presidente da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

O líder do grupo africano, Tosi Mpanu Mpanu, resumiu o sentimento geral em Bangcoc. "Graças a Deus alcançamos uma agenda. Mas é uma pena que tenhamos levado tanto tempo. O que isso significará para o resto do ano?"

Lentidão

Para a União Européia, os países devem se dar conta que é preciso se esforçar mais para evitar as piores consequências das mudanças climáticas. Opinião que é reforçada por organizações não governamentais.
"Nosso sentimento é de que as coisas estão avançando muito devagar, muito mais lentas do que a Europa gostaria. Com essa velocidade não conseguiremos alcançar o que precisamos ainda em 2011. Muito tempo é perdido discutindo procedimentos, quando deveríamos estar debatendo o que é realmente urgente", criticou Connie Hedegaard, comissária climática da União Européia.

"Novamente os delegados não conseguiram evoluir nos temas chave, incluindo o futuro do Protocolo de Quioto, porque as conversas passam muito tempo estagnadas", reforçou Tasneem Essop, do WWF.

Figueres aponta que houve avanços com relação à Quioto e que, apesar da lentidão das negociações, os países se mostram interessados em resolver ainda neste ano o futuro do Protocolo.

"As discussões em Bangcoc não ficaram restritas apenas sobre o que deveria ser feito com o Protocolo de Quioto, mas também como deveria ser feito. É perceptível o desejo de que seja encontrada uma solução para o futuro do tratado ainda em 2011", disse a presidente da UNFCCC.

Posicionamentos

Uma das utilidades da rodada de Bangcoc foi deixar claro o posicionamento de diversos países fundamentais para as negociações. A delegação dos Estados Unidos afirmou que só aceita um acordo global para emissões se todos os países participarem, sem distinção entre ricos e em desenvolvimento. Além disso, os norte-americanos preferem que cada nação formalize suas metas domésticas para que só depois um tratado climático seja discutido.

A União Européia, apesar de ser a favor da extensão do Protocolo de Quioto, de certa forma está alinhada com os EUA, dizendo que todos devem participar. "Nós estamos considerando uma extensão de Quioto, mas queremos também sua expansão. Todos os países com emissões significativas deveriam ser sujeitos a ele ou a algum novo acordo climático", afirmou o delegado europeu Artur Rungemetzger.

O Japão, que chegou a Bangcoc como a grande incógnita por causa dos desastres naturais seguidos da crise nuclear que assolam o país, manifestou sua intenção de ainda cumprir as metas estabelecidas por Quioto.
Porém, os japoneses não confirmaram se vão abandonar seu papel como um dos grandes financiadores do "Fundo Verde do Clima", criado em Cancún com a promessa de liberar US$ 100 bilhões anuais para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Como o Japão precisará contrair empréstimos estrangeiros para a reconstrução de suas cidades, parece provável que o governo se veja forçado a não participar do Fundo.

Essa e muitas outras respostas devem começar a ser dadas no dia cinco de junho quando começa a próxima rodada de negociações climáticas em Bonn, na Alemanha. Será a última oportunidade para os países resolverem suas divergências antes da grande Conferência do Clima (COP 17) no final de novembro.

 

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