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16 Julho 2021

 

Cesar Benjamin

Há pouco tempo, o dinheiro público entregue graciosamente aos partidos, por meio do chamado Fundo Partidário, passou para R$ 2 bilhões anuais. Eu achei um absurdo, pois os partidos são organizações privadas, que devem se sustentar com as contribuições de seus filiados.

Na nova lei de orçamento, aprovada na Câmara, esse valor foi reajustado para R$ 5,7 bilhões anuais, com apoio quase unânime dos políticos. Apenas dez deputados votaram contra.
É um escárnio. O melhor negócio no Brasil não é fundar um banco. É fundar um partido político.

 

Christian Edward Cyril Lynch

OS BOLSO-GENERAIS NO LABIRINTO POLÍTICO

Os generais ambiciosos que viram na crise da República uma oportunidade para o retorno dos militares à arena política enxergaram a aventura da família Bolsonaro como a ponte por que eles poderiam retornar à política. Mas a democracia é um jogo de que, a despeito do que pensam, eles por formação não entendem e não sabem nem gostam de jogar. Derrotados pela incompetência e inabilidade governamental, muitos deles buscam agora bodes expiatórios para explicar seu fracasso e a perspectiva de deixarem a administração bem antes do que haviam imaginado.

A defesa das instituições, a pressão pelo impeachment ou por obrigar Aras a agir, manifestações de rua contra o governo, a defesa do voto eletrônico pela justiça eleitoral, a atuação da CPI - todas as reações das instituições, da classe política e da sociedade civil parecem nesse quadro "armação" para quem está em busca de tais bodes expiatórios e receosos principalmente da desonra e de punição pelos erros políticos e pelos ilícitos.

A ignorância e o desprezo pelas regras democráticas, o autointeresse na preservação das vantagens adquiridas, a frustração pelo fracasso administrativo e o medo de serem punidos e ridicularizados por seus erros se somam à visão geopolítica aprendida nos bancos de estudo da formação militar e se tornam elementos que alimentam nesses generais a visão conspiracionista típica da extrema direita bolsonarista.

A tentativa de golpe para evitar a perda do poder e a eventual responsabilização por parte desses generais é possível, mas improvável. Seu êxito, em particular, parece impossível. Mas a tentativa de golpe ou arruaça pode ser efetivada caso se sintam muito ameaçados em bloco como corporação. Cabe à prudência civil administrar esses conflitos até as eleições e deixar aberta uma porta, para que quem queira possa desembarcar. Providências ulteriores para que isso nunca mais se repita poderão ser tomadas depois, quando eles não estiverem mais no poder e as armas estiverem seguras em mão de militares comprometidos com o regime democrático.

Não há nada que a ambição deseje mais ardentemente do que o máximo poder com a máxima impunidade. Especialmente daqueles que nunca tiveram poder. Cabe às instituições conterem o primeiro e impedirem a segunda.

 

Adriano Pilatti

O chefe do desgoverno levou o vacinoduto para dentro do Planalto, ao ali abrigar o ex-secretário executivo (e, com o ex-ministro, teria levado toda a lambança pandêmica, se ali já não estivesse). A cada rodada de depoimentos na CPI, fica mais nítida a existência de dois circuitos, que um tucano D.O.C. chamaria de heterodoxos, de negociações tabajaras em meio ao morticínio: o de uma facção do Centrão e o da irmandade reverendo-coronelista.

Mas isso é apenas uma dimensão (e a menor) da delinquência generalizada que caracteriza o tratamento da pandemia pelo desgoverno, pois o estágio atual das apurações não atenuará a constatação das responsabilidades pela matança. Sobretudo agora, quando surge um elo entre vacinoduto e matança: o coronel-influencer que se desdobrava em maracutaias, negacionismo e fake news. Ganha um curso de logística com mestre Pazuello quem acreditar em coincidência fortuita.

Não é à toa que Bolsorona tem ódio visceral, tanto ao magistrado que garantiu à minoria o direito de criação da CPI, quanto aos senadores e senadoras que a fazem andar. Não foi à toa que fez de tudo para que o fluido presidente do Senado barrasse sua instalação.

A primeira temporada da CPI se encerra com vários “ganchos” que manterão a atenção pública durante o breve recesso, pois prenunciam uma segunda temporada intensa: basta considerar as já anunciadas oitivas do famigerado Blanco, do manjado Max da Precisa e a reinquirição do onipresente Franco. Oxalá membros e assessorias aproveitem bem o intervalo, examinem com lupas as documentações já obtidas, e o relator busque se aperfeiçoar na técnica de inquirição - é só pedir ajuda a colegas como Cantarato, Gama, Tebet e Vieira, por exemplo.

O andamento da pandemia em todo o mundo demonstra que, no próximo ano (no mínimo), os governos precisarão dar continuidade a políticas de prevenção, imunização, pesquisa de medicamentos etc. É inconcebível que continuemos mais um ano nas mãos dos carniceiros que promoveram a morte e as sequelas de centenas de milhares de seres humanos, entre tantas ações e omissões destrutivas. Ainda por cima correndo o risco de uma tentativa de golpe miliciano, sanguinolenta por definição, contra o processo eleitoral.

Por razões diversas, já se vê movimentos de reposicionamento em corporações jurídicas, em setores do empresariado, nas classes médias conservadoras, em lideranças evangélicas etc. Oxalá continuem, acelerem e cresçam. Claro, no meio do caminho há muitas pedras, como o procurador geral da “famiglia” e o Lira (no bolso?) de Nero - mas não são invulneráveis, nem flutuam no espaço. É possível, sim, interditar o matadouro já na primavera que chega. Faremos essa primavera acontecer?

 

José Luis Fevereiro

Me tirem uma dúvida. Restou algum coronel fora dos esquemas do ministério da saúde?

 

André Vallias

é tanto militar roubando
como nunca civil

 

Marta Gustave Coubert Bellini

O soluço existia. Não era fake. Era feio. Foi para o hospital das forças armadas. Deu um salto. Foi para um hospital em São Paulo, de cinco estrelas.

Mas nenhuma estrela brilhou para o horror show de exposiçãode um corpo pútrido.

Não houve comoção geral. O plano não vingou. Ressuscitou a frase “diga ao povo que volto” (a Brasilia).

Ninguém se importou.

Dessa morte, ele não escapou.

 

Andreza Mantovani

Atenção ao Sábado

"Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço; sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas.

No sábado é que as formigas subiam pela pedra.

Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho.

De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana.

Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não é?

No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde.

Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais.

Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã.

Domingo de manhã também é a rosa da semana.

Não é propriamente rosa que eu quero dizer."

Clarice Lispector

 

Extraído do livro Para não Esquecer, Editora Siciliano – São Paulo, 1992.

 

 

 

Cid Benjamin

Num momento em que Cuba enfrenta essa crise - que é muito menos relacionada com seu sistema político e muito mais produto do desabastecimento provocado pelo bloqueio - alguns enchem a boca para falar da falta de democracia naquele país.

Difícil reconhecer honestidade em alguns desses críticos.

Mas é um bom debate.

Desde que, claro, se discuta pra valer, sem recorrer a sofismas e sem aceitar as pautas e os pontos de partida impostos pelo imperialismo que há 60 anos impõe um bloqueio criminoso àquele país.

Resolvi, então, republicar aqui um artigo escrito em 2019, que trata da minha experiência naquele país.

Traz informações e reflexões que podem ser úteis para o debate.

 

Cuba, democracia e participação popular

Cid Benjamin

Não me formei no Brasil, imerso que estava na militância política no fim dos anos 60. Mas em 1974, depois de ter escapado do golpe no Chile no ano anterior, trabalhei em Cuba como engenheiro na Empresa de Confecciones Textiles, responsável pelas mais de cem confecções do país.

Foi uma experiência interessante. E ela foi além da engenharia. Vi, por exemplo, fábricas, que, por critérios estritamente econômicos deveriam ser fechadas, serem mantidas em funcionamento por uma questão social: não haveria alternativa para manter os empregos na região. Algo impensável no capitalismo.

Participei de assembleias para subsidiar a reforma do Código de Família com colegas de trabalho. A partir de um anteprojeto, e com a ajuda de um advogado para dirimir dúvidas sobre questões legais, foram feitas sugestões em assembleias. Milhares de reuniões semelhantes em todo o país colheram propostas, o projeto foi aperfeiçoado e, por fim, votado.

Essa participação intensa, desde a revolução, ajudou a forjar uma forte consciência política no povo cubano. Foi o que permitiu a sustentação do projeto socialista, apesar das dificuldades materiais depois do fim da antiga URSS, ao contrário do que ocorreu no Leste Europeu.

As lembranças daquele processo que presenciei me vieram à cabeça agora, quando um referendo coroou a aprovação da nova Constituição de Cuba. Antes, durante três meses tinha havido milhares de reuniões em locais de trabalho e de moradia para colher sugestões para a proposta inicial.

Num país em que o voto não é obrigatório, participaram do referendo 7,8 milhões de pessoas (84,4% do eleitorado). Disseram “sim” ao projeto de nova Constituição 6,8 milhões (85%); foram contrários 766 mil (9%); e outros 300 mil (4,1%) votaram nulo ou em branco.

Comparem-se estes índices aos nossos. No segundo turno das eleições de 2018, a soma de abstenções, votos nulos e em branco foi quase 30% do total. E aqui o voto é obrigatório e se escolhia o presidente.

A imprensa brasileira pouco falou do referendo de Cuba. Quando muito, informou que o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi retirado do projeto. Intrigado, consultei uma amiga cubana. Ela explicou: “A resistência de parte da população não era em relação ao casamento entre homossexuais, mas quanto à possibilidade de adoção de crianças por esses casais. Havia o temor de que elas fossem alvo de bullying na escola. Para evitar votos contrários ao projeto de Constituição por conta disso, o tema foi retirado do projeto. Mas vai voltar no debate sobre o novo Código de Família, ainda este ano.”

Apontar Cuba como país não democrático, como é feito com frequência no Brasil, é uma injustiça. Lá, os projetos de lei mais importantes são amplamente debatidos pela população, antes de serem submetidos a referendo ou aprovados pelo Legislativo. E os governantes são eleitos pelo parlamento. É eleição indireta, como em outros países parlamentaristas. Mas alguém classifica países como Inglaterra ou Alemanha como não democráticos por causa disso? Neles também são os parlamentos escolhem quem vai governar.

A reflexão sobre democracia pode ter múltiplas facetas. A busca do tipo de democracia mais apropriado permite mais de um caminho e, muitas vezes, depende da situação em que se vive. Não há uma única fórmula para se dar-lhe mais vitalidade e substância.

No Brasil estamos acostumados ao modelo liberal, que esvazia a essência da democracia pela influência do poder econômico e de uma mídia parcial e concentrada. Há, ainda, a extrema desigualdade social. Quem está no limite da sobrevivência não tem como se preocupar com o exercício da cidadania. O modelo de democracia que temos aqui é um, dentre vários possíveis. Não necessariamente é o melhor.

Aliás, sobre Cuba, vale a pena falar da participação feminina. Afinal, as mulheres historicamente sofrem discriminação e representam numericamente metade da população. Assim, o grau de participação delas é um elemento importante para se medir o grau de democracia. Pois bem, na semana passada se encerrou o Congresso da Federação das Mulheres Cubanas, no qual foram apresentados os números que cito abaixo:

Mulheres ocupam 53,22% dos lugares na Assembleia Nacional (o parlamento).

Ocupam, também, 48,4% dos cargos no Conselho de Estado (o Ministério).

São, ainda, 60,5% dos cubanos com nível superior.

São 67,2% dos profissionais de nível médio.

Representam 49% da força de trabalho civil no Estado, sendo que 83% delas têm pelo menos nível médio de escolaridade.

São 48,6% dos dirigentes em todos os níveis.

E representam 81,9% dos professores com nível superior, mestrado ou doutorado.

Para quem conhece a exclusão das mulheres dos postos mais relevantes no Brasil, tais números são impressionantes. E eles foram alcançados sem a necessidade de cotas ou espaços reservados para mulheres, mas sim pela criação de condições na sociedade para que elas pudessem desenvolver naturalmente o seu potencial.

O contraste com Cuba é gritante. E a questão, embora muito relevante, é tratada em forma de galhofa pelo presidente Bolsonaro. No Dia Internacional da Mulher, ele deu entrevista ao lado das duas únicas ministras e cunhou esta pérola, querendo fazer graça: “Meu Ministério tem 20 homens e duas mulheres, mas a participação é igualitária, porque cada uma delas vale por dez”. É patético.

Ainda sobre Cuba, apesar da admiração que tenho por suas conquistas e pela sua resistência heroica ao imperialismo, devo dizer que não aprecio a fórmula de partido único, lá existente. Explico. Os grandes projetos para a sociedade são necessariamente formulados por partidos ou por organizações de tipo semelhante. E, em cada momento histórico, existem vários caminhos e projetos possíveis. Se há um único partido, esse debate de caráter mais estratégico acaba se limitando ao seu interior (ou mesmo aos seus escalões superiores). E acaba indo como um prato feito para a sociedade.

E, pergunto: numa situação de normalidade numa dada sociedade, se se neutraliza a influência do poder econômico, não é legítimo que o povo decida, ele próprio, o rumo que o país vai tomar, entre várias alternativas apresentadas?

Se a resposta for positiva, é forçoso reconhecer que deve haver pluripartidarismo. Que cada partido formule suas propostas e as submeta à sociedade. E que a maioria da população aponte o caminho a seguir.

Amigos cubanos concordam com essas premissas, mas retrucam: “Nas condições de cerco e bloqueio que vive Cuba, haveria condições de uma disputa de ideias franca, sem as deformações provocadas pela interferência e pelas agressões do imperialismo?”

Não lhes tiro a razão. Sou o primeiro a admitir que em situações de guerra, invasões estrangeiras ou coisas do gênero, não se pode exigir que a democracia funcione plenamente. Mas considero importante, ao se ter um debate sobre princípios gerais a serem estabelecidos, que a plena soberania popular seja reafirmada.

O problema é complexo porque, na prática, se dá sobre situações históricas concretas. E vai além da experiência cubana. Todas as sociedades que tentaram caminhos anticapitalistas enfrentaram dilemas parecidos e quase sempre devido a fatores externos. Mas o fato é que as respostas dadas - ainda que premidas por circunstâncias históricas, repito – não só restringiram a soberania popular, como as mantiveram restringidas posteriormente.

Esse processo fortaleceu e cristalizou burocracias dominantes fora do controle popular. Atente-se que falo em burocracias não no sentido de aparatos administrativos estatais, cuja necessidade só os anarquistas não reconhecem. A expressão é usada aqui para me referir à cristalização de camadas dirigentes privilegiadas (eu as chamo assim porque não quero entrar aqui no debate sobre se essas camadas eram ou não uma nova classe dominante).

O fato é que, se as sociedades socialistas deveriam ser exemplos de mais democracia, não foram. Longe disso, até. Basta ver as caricaturas em que se transformaram a antiga URSS e os países do Leste Europeu. O partido único que existiu por contingências de um determinado momento consolidou-se como doutrina.

O fato é que, para quem acredita na construção de um socialismo que aumente, dinamize e aprofunde a democracia, iniciativas como estas de Cuba na aprovação da nova Constituição devem ser saudadas efusivamente.

Eu as saúdo.

 

Salvatore Santagada

Ronaldo Correia de Brito

No filme de Pasolini, Medéia olha o corpo adormecido de Jasão e sente-se perdida. Nem Eurípides, nem Sêneca falam dos pensamentos de Medéia, ao avistar o estrangeiro que veio da Grécia para roubar o Velo de Ouro, uma pele de carneiro que os habitantes da Cólquida adoravam. Os dois poetas narram que a princesa se apaixonara ao ponto de trair o seu povo e matar o próprio irmão, quando fugia com o argonauta. Além da distância geográfica, crenças e costumes separavam os mundos de Medéia e Jasão. Na Cólquida, mais a oriente, a natureza e seus fenômenos ainda eram sagrados; na Grécia, já se buscava a explicação do mundo pela ciência.

Texto completo aqui.

 

 

 

Peter Schulz

O interesse pela ciência!

Em tempos de crise, como a provocada nos EUA pelo baile sideral dado pela União Soviética com o lançamento do Sputnik em 1957, revisita-se o papel da difusão e ensino de ciências. De fato, o Sputnik provocou revisão de planos de ensino de física e alavancou inciativas de popularização da ciência & tecnologia e de uma visão de futuro, geralmente utópica e negligenciando seus aspectos negativos. Até hoje, passados mais de 60 anos, exemplos e problemas com foguetes, introduzidos nos livros de física de então, persistem nas reedições dos manuais. Boa divulgação científica era feita, escrita e audiovisual, mas os maiores impactos eram muitas vezes produzidos por quem não entendia nada de ciência. É o caso do ilustrador Arthur Radebaugh 91906-1974) e sua série de tiras "Closer than we think", que atingiu o pico de 19 milhões de leitores aos domingos, mais de 10% da população dos EUA na época. Seria o equivalente a um Youtuber ter mais de 20 milhões de visualizações semanais no Brasil de hoje. O link abaixo é um bom comentário, mas tem muito mais, buscando pelo Google, incluindo documentários. Especialmente interessante, para algumas discussões contemporâneas, é a visão de ensino: massificado, mas com poucos professores, graças à mediação tecnológica. Curioso é que nessa visão, chamada de "educação aperta botão", apenas o professor é remoto e estudantes socializam presencialmente...com as máquinas. Aos que acham que estão inventando algo novo, vejam se os "imagineers" do passado já não pensaram nisso antes, sem, é claro, pensar nas consequências. Leia aqui.

 

 

 

Rosane Pavam

"Agora, finalmente, ele [Oliver Stone] tem as provas, graças à decisão tomada em 2017 pelo então presidente Donald Trump de tirar o sigilo sobre 2.800 relatórios secretos com mais de três milhões de documentos (embora outros 200, considerados os mais cruciais, ainda continuem inacessíveis). E com eles estreia em Cannes JFK revisited: through the looking glass (“JFK revisitado: através do espelho”), duas horas espetaculares que acabam apontando a CIA e o FBI, se não como culpados, pelo menos como manipuladores de todas as provas."

via André Rosa Bueno

 

Domingos Roberto Todero

Luiz Carlos Bombassaro

74º FESTIVAL DE CANNES - Oliver Stone desmonta a versão oficial do assassinato de JFK com novos documentos antes sigilosos

Cineasta apresenta em Cannes um esplêndido documentário com material do Governo norte-americano e que joga por terra os mitos da ‘bala mágica’ e de Lee Harvey Oswald como único franco-atirador

GREGORIO BELINCHÓN - Cannes - 13 JUL 2021 - 20:30 BRT

É provável que nunca se saiba quem estava realmente por trás do assassinato, em 22 de novembro de 1963, do presidente John Fitzgerald Kennedy. Mas Oliver Stone (Nova York, 74 anos) passou mais de meia vida lutando para desmontar a incongruente versão oficial —na verdade, tanto desse episódio como de outros relacionados aos recantos mais sombrios dos Estados Unidos. Já se passaram 30 anos desde a estreia de seu JFK: a pergunta que não quer calar, que abriu os olhos de muitos dos seus compatriotas, e de uma maneira ou outra nunca esqueceu o magnicídio na tela, como demonstrou, por exemplo, na série documental A história não contada dos Estados Unidos. Agora, finalmente, ele tem as provas, graças à decisão, tomada em 2017 pelo então presidente Donald Trump, de tirar o sigilo sobre 2.800 relatórios secretos com mais de três milhões de documentos (embora outros 200, considerados os mais cruciais, ainda continuem inacessíveis). E com eles estreia em Cannes JFK revisited: through the looking glass (“JFK revisitado: através do espelho”), duas horas espetaculares que acabam apontando a CIA e o FBI, se não como culpados, pelo menos como manipuladores de todas as provas.

Na verdade, este novo impulso sobre o caso Kennedy não nasceu de Stone, e sim do seu produtor habitual, Rob Wilson, e o roteiro parte do livro de James DiEugenio sobre o assassinato. No festival é exibida, dentro da seção Cannes Première, a versão de duas horas (a qual será lançada na Espanha, onde já tem distribuição; nos EUA, enquanto isso, continua sem comprador), mas existe uma de quatro horas que foi vista por Thierry Frémaux, o curador-geral do festival. E o que aparece na tela é demolidor. “Fiz isso porque é importante, porque em 1963 aquele assassinato marcou uma geração. Kennedy foi o último presidente norte-americano que lutou de verdade pela paz mundial”, conta Stone. “Kennedy avançou nas possíveis relações com Cuba, negociou com a URSS o tratado de não proliferação nuclear, começou a pensar em tirar os EUA da guerra do Vietnã. Era anticolonialista. O próprio Robert McNamara, seu secretário de Defesa, confirmou isso em suas memórias. Insisto, Kennedy foi o último presidente que realmente tentou mudar as coisas, e isso se voltou contra si.”

Quem matou Kennedy? Lee Harvey Oswald provavelmente não, conforme os relatórios de três investigações governamentais feitas em diferentes décadas. Um general reformado recorda diante da câmera que “Kennedy tinha muitos inimigos”. Stone explica: “Na verdade, não sei o que aconteceu, mas sim o que não aconteceu. E no documentário retrato também o ambiente daquela época. Duvido que hoje a Administração Biden faça algo a mais [para esclarecer o crime], suspeito que nem lhe passe pela cabeça”. E seu produtor salienta: “Em outubro de 2017, Donald Trump prorrogou o sigilo oficial desses 200 documentos. E depois anunciou outros dois anos a mais... Continuamos na mesma. Tecnicamente, hoje o Governo está descumprindo a lei”.

Na tela, é analisada prova por prova, também os documentos oficiais e o testemunho dos historiadores que já mergulharam nesses três milhões de documentos. “Aí você tem as trajetórias das balas, a famosa bala mágica [que primeiro atravessou Kennedy e depois deu voltas pelo corpo do governador do Texas, John Connally], o rifle, as fotos, as relações de Oswald com a CIA”, insiste Stone.

Depois de se centrar na investigação da comissão Warren, nomeada depois do assassinato, que distorceu, ignorou e manipulou provas, Stone repassa o material fornecido pela investigação de 1975, feita por uma CPI da Câmara, assim como o trabalho do grupo que reavaliou os documentos desde 1992, para categorizá-los depois da estreia do longa-metragem de 1991, que se centrava no promotor Jim Garrison. Como exemplo hilariante da primeira comissão, um de seus integrantes, Gerald Ford, que chegou a ser presidente, até retocou o diagrama da autópsia para mover a entrada de um disparo; semanas depois, o buraco voltou ao seu lugar original.

Vários historiadores e especialistas que tiveram acesso aos relatórios na década de 1990 aparecem na tela salientando as incríveis contradições, por exemplo, nos horários da cadeia de custódia das balas e cápsulas encontrados em Dallas. Um dos projéteis apareceu em uma maca onde horas antes havia jazido o cadáver do presidente (ninguém sabe por que não foi descoberta antes). E a tal bala mágica, a que acabou na coxa de Connally, continua intacta, apesar de todo o percurso que fez por dois corpos. “Na autópsia foram feitas dezenas de manipulações, usou-se um cérebro que não era o do presidente, desapareceram fotos”, enumera Stone, que só aparece na tela para dar certa gravidade à ação em Dallas. Em alguns comentários, cai em certa teoria conspiratória que não ajuda o filme.

Nessa análise minuciosa dos documentos, Stone abre outra porta: a da vida de Oswald. E, também com documentos mostra que havia outros dois planos similares de magnicídio em Chicago e Tampa (Flórida), que incluíam outros dois sujeitos que carregariam a culpa. Especialista após especialista, todos apontam a CIA, porque naquele momento conduzia sua própria política externa e o presidente quis acabar com seu reinado. Dois exemplos: a agência cogitou que Kennedy apoiasse um golpe de Estado contra Charles de Gaulle, assegurando a ele que todos os militares franceses estavam contra o seu presidente, por causa da sua intenção de acabar com a guerra da Argélia; e a CIA o enganou quando, desobedecendo suas ordens, os serviços secretos norte-americanos entregaram Patrice Lumumba —primeiro-ministro do Congo derrubado por Mobutu Sese Seko em um golpe militar— a seus inimigos para que o assassinassem, apesar de JFK ter lhe prometido proteção. Tudo está documentado e gravado.

Ao final, fica um gosto estranho para o público, que o cineasta explica: “É mais importante sabermos por que Kennedy foi assassinado do que por quem. E foi por seu desejo de paz. Hoje, por que queremos inimigos? Por que mantemos uma política hostil contra Rússia, China, Irã ou Cuba? Precisamos de relações estáveis com esses países, porque a ameaça principal que sofremos atualmente é o aquecimento global. E é um problema mundial que exige soluções mundiais. Os países, as pessoas, estão acima de presidentes ou ditadores”.

 


Julio Renato Lancellotti

Papa quer dioceses trabalhando com movimentos populares

'Se a Igreja renegar os pobres, deixa de ser de Jesus; torna-se elite moral ou intelectual', diz Francisco

 

Jeca Sopro

 

 

"Sou inquieta e áspera e desesperançada. Embora amor dentro de mim eu tenha. Só que não sei usar amor. Às vezes me arranha como se fossem farpas. Se tanto amor dentro de mim recebi e no entanto continuo inquieta é porque preciso que o Deus venha. Venha antes que seja tarde demais. Corro perigo como toda pessoa que vive. E a única coisa que me espera é o inesperado. Mas sei que terei paz antes da morte e que experimentarei um dia o delicado da vida. Perceberei - assim como se come e se vive o gosto da comida. Minha voz cai no abismo de teu silêncio. Tu me lês em silêncio. Mas nesse ilimitado campo mudo desdobro asas, livre para viver. Então aceito o pior e entro no âmago da morte e para isto estou viva. O âmago sensível".

(CLARICE LISPECTOR - In: "Água Viva")

 

Marta Gustave Coubert Bellini

CONFRARIA DAS VACINAS

ESCANDALOSO o depoimento de Cristiano, representante da Davati. Um punhado de pessoas, advogado, PM, militares, deputados como vespas querendo vender vacina covaxin sem tê-la a preço de ouro.

Temos uma das piores redes de corrupção no Ministério da Saúde. Temos um governo militarizado, teocrático, inculto, analfabeto, violento, genocida.

 

Marcos Bagno

Crianças, em defesa da etimologia (esse saco de pancadas do aventureirismo pseudolinguístico de quem acha que grego é latim), venho esclarecer que o termo "enfezado", apesar das aparências, nada tem que ver com "fezes". Ele procede do particípio passado "infensatus" do verbo "infensare", que significa "encarniçar-se contra, devastar, assolar; proceder como inimigo". O grupo -ns- do latim, em todas as línguas românicas, perdeu com frequência seu -n- e se reduziu a -s-, por isso de "mensa" temos "mesa", de "pensare" temos "pesar", de "defensa" temos "defesa" etc. Assim, de "infensatu-" temos "enfesado", com outras regularidades de mudança fonética características da história da língua. A grafia "enfezado", com "z", apesar de oficial, é equivocada, provavelmente sob influência de outros verbos em -ezar ou mesmo pela referência, também equivocada, a "fezes". O que não falta, aliás, é ortografia oficial equivocada... mas isso fica pra outro dia.
Quanto ao mal que acomete o desprezível genocida, suponho que deve resultar de sua prática deplorável de falar pelo ânus e defecar pela boca. Palpite de quem fala de medicina como tanta gente fala de etimologia! Risos, risos, risos.

 

Marta Gustave Coubert Bellini

No início de mais um dia

 

 

 

Agostinho Fernandes

 

 

 

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