Equador: principal organização indígena rompe diálogo com governo

Mais Lidos

  • “A destruição das florestas não se deve apenas ao que comemos, mas também ao que vestimos”. Entrevista com Rubens Carvalho

    LER MAIS
  • Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!

    LER MAIS
  • “Quanto sangue palestino deve fluir para lavar a sua culpa pelo Holocausto?”, questiona Varoufakis

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

11 Outubro 2019

No Equador, as principais organizações indígenas romperam todas as pontes com o governo. Nesse segundo dia de greve geral, a agenda das comunidades indígenas não é mais apenas o fim das medidas econômicas recentes, mas a queda do presidente Lenín Moreno. A situação se tornou muito tensa na noite de quarta-feira (9), após a dura intervenção da polícia contra os nativos. Quatro mil índios furiosos mantêm presos oito policiais na Casa de Cultura de Quito nesta quinta-feira (10), a quem desejam submeter à justiça indígena.

A reportagem é de Éric Samson, publicada por Radio France Internationale - RFI, 10-10-2019.

Oficialmente, pelo menos cinco pessoas morreram desde o início das manifestações no Equador. A polícia jogou gás lacrimogêneo nas instalações da universidade onde os índios estavam descansando na quarta-feira à noite, o que agravou consideravelmente o conflito, explica Jaime Vargas, presidente da Confederação das Nacionalidades Indígenas do país (CONAIE). "Nós somos o povo, não assassinos. Ver meus companheiros morrerem é escandaloso. Pedi uma radicalização da nossa luta em nível nacional", afirmou Vargas.

Jaime Vargas não hesitou em convocar os militares à desobediência civil, em nome da causa indígena: "Junte-se ao povo, em nome de Deus. Recuse as ordens deste presidente traidor, mentiroso e ladrão. Senhor comandante das Forças Armadas, retire seu apoio a este homem deficiente de merda", conclamou.

Para dar mais peso a seu chamado, o líder da CONAIE ameaçou a fonte da principal renda do país, depois dos impostos: "Camaradas, acabei de ordenar o bloqueio de toda a produção de petróleo do país na região amazônica”, disse Jaime Vargas, que anunciou a chegada na capital equatoriana de 2.000 indígenas conhecidos como os guerreiros da Amazônia.

Transferência da capital

Diante da pior crise de seu mandato, Lenín Moreno transferiu na segunda-feira a sede do governo de Quito para Guayaquil (sudoeste).

Ele voltou brevemente na quarta-feira à capital. Na ocasião, dezenas de milhares de nativos atravessaram a cidade, numa manifestação relativamente calma, com poucos confrontos entre jovens e policiais.

"Eu vim a Quito para anunciar que já temos os primeiros resultados em relação a um diálogo", disse Moreno, antes de partir para Guayaquil. Realmente, contatos foram feitos entre o governo e os manifestantes, mediados pelas Nações Unidas e pela Igreja Católica.

Apesar da perspectiva otimista do presidente, o líder indígena Salvador Quishpe disse que "a mobilização não terminou". O pré-requisito exigido pelos nativos - que representam 25% dos 17,3 milhões de equatorianos - é claro: um recuo na decisão de acabar com os subsídios aos combustíveis, que elevou os preços da bomba em mais de 100%. E a partir desta quinta-feira, os manifestantes também pedem o fim do governo de Moreno.

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Equador: principal organização indígena rompe diálogo com governo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU