Abusos sexuais. Podemos esperar uma mudança real na Igreja?

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29 Janeiro 2018

“Olhando para as muitas falhas e para as muitas decepções que podemos testemunhar na Igreja – palavras ofensivas, fraqueza nas decisões, nomeações boicotadas, esforços frustrados, políticas inadequadas, modelos formativos obsoletos – poderíamos ser tentados a entrar em desespero, a acreditar que, como Igreja, simplesmente não somos capazes.”

Publicamos aqui a nota divulgada pelo Center for Child Protection [Centro de Proteção à Criança] da Pontifícia Universidade Gregoriana, 26-07-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Por mais difícil que possa ser reconhecê-lo, parece inevitável que precisamente aqueles de quem esperamos mais nos decepcionam. Os nossos guias, as nossas lideranças são falazes. Exatamente como nós. Sempre temos a tentação de proteger os nossos interesses, de fechar os olhos e os ouvidos ao sofrimento. Não conseguimos tomar a iniciativa, somos lentos para assumir as nossas responsabilidades.

O Centro de Proteção à Criança acompanhou as difíceis notícias dos últimos dias. No ano passado, o tema da edição anual da Anglophone Safeguarding Conference, realizada na Pontifícia Universidade Gregoriana, foi a esperança: há esperança para as vítimas? Existe esperança para os abusadores?

As infelizes palavras do Papa Francisco durante sua visita ao Chile, vividas como uma “bofetada” por aqueles que sofreram abusos, poderiam levantar uma questão a mais: há esperança para a Igreja? Podemos esperar uma mudança real?

O Papa Francisco pediu desculpas por ter insistido que as vítimas deviam apresentar “provas” do fato de que Dom Juan Barros encobertou os abusos e admitiu que suas palavras podem ter provocado mais sofrimento às pessoas que foram abusadas sexualmente. Embora o papa ainda defenda a inocência de Barros, alegando que nenhuma vítima lhe apresentou evidências da culpabilidade do bispo chileno, ele expressou pesar pela escolha das próprias palavras e pediu perdão por ter provocado dor involuntariamente. Admitiu ter decepcionado as expectativas dos sobreviventes de abuso.

Olhando para as muitas falhas e para as muitas decepções que podemos testemunhar na Igreja – palavras ofensivas, fraqueza nas decisões, nomeações boicotadas, esforços frustrados, políticas inadequadas, modelos formativos obsoletos – poderíamos ser tentados a entrar em desespero, a acreditar que, como Igreja, simplesmente não somos capazes.

Como podemos seguir em frente diante de notícias tão desanimadoras? Como podemos trabalhar por uma mudança institucional? Essas perguntas são legítimas, mas podem nos levar à depressão e, como diria Santo Inácio, à desolação. Falando sobre as regras do discernimento, Santo Inácio nos lembra que enfrentaremos essas dificuldades por toda a nossa vida, mas que, renovando nossos esforços, podemos continuar e melhorar.

O fracasso, então, é também uma oportunidade para reavaliar o ponto onde nos encontramos nos nossos esforços para proteger os menores, para reorientar as nossas energias, para renovar o nosso compromisso de alcançar os nossos objetivos. A alternativa é o abandono da esperança e a renúncia.

Sempre soubemos que a transformação é uma jornada longa e difícil, e a mudança cultural, na maior e mais antiga instituição deste mundo, a Igreja Católica, levará muitos anos, talvez gerações, talvez até mais. Os fracassos serão inevitáveis, mas podemos fazer com que eles nos motivem a buscar esforços mais focados e coerentes, confiando a eles e a nós mesmos ao Deus da salvação.

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