Por que o desmatamento da Amazônia pode prejudicar o ecossistema mundial

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14 Junho 2017

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento feito desde 1970 até os dias de hoje na Amazônia supera 768 quilômetros quadrados.

768,935 quilômetros quadrados. Maior que três vezes a área do Reino Unido. Superior a todo o território da região sul brasileira. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), esse é o tamanho do desmatamento feito desde 1970 até os dias de hoje na Amazônia. O Brasil foi responsável por aproximadamente 79% dos mais de 750 mil quilômetros quadrados desmatados na Amazônia. Qual o impacto do desmatamento na Amazônia no meio ambiente global nos próximos anos?

A reportagem é de Isaac Guerreiro, publicada por Portal Amazônia, 13-06-2017.

Segundo o cientista e ganhador do prêmio Nobel da Paz, Philip Fearnside, as consequências desse impacto na Amazônia só podem ter um resultado: catastrófico. Philip afirma que toda a Amazônia é construída sobre uma delicada teia de relações e, ao que tudo indica, pode chegar no momento em que será impossível recuperar a Amazônia e um clima saudável em todo o planeta.Isso porque a Amazônia tem um importante papel numa das principais mudanças que o nosso planeta já viu: o aquecimento global.

Aquecimento global

Em 1859, o cientista britânico John Tyndall descobriu que alguns gases absorvem pouco calor em forma de raios solares e outros bem mais. Nos seus experimentos, ele percebeu que os gases que mais acumulavam calor eram metano (CH4), dióxido de carbono (CO2), e vapor de água. Segundo ele, eram esses gases que conseguiam manter a temperatura do planeta quente o suficiente para que fosse possível sustentar a vida.

A combustão de combustíveis fósseis como carvão, gás e petróleo foi a principal fonte de energia da humanidade a partir da industrialização. No século 20 o aumento do consumo generalizado de combustíveis fósseis em todo o mundo produziu uma grande quantidade de gases como dióxido de carbono e metano para a atmosfera.

Graças a essa descoberta, muito tempo depois foi possível descobrir as causas do aumento da temperatura no planeta. O feito aconteceu em 23 de junho de 1988, durante uma comissão organizada pelo senado dos Estados Unidos, que convocou vários cientistas para tentar explicar uma onda de calor que assolava o país na época. James Hansen, climatólogo-chefe da Nasa, na época, explicou que os gases produzidos pela combustão de carvão, gás e petróleo [desde as épocas pré-industriais da humanidade] têm criado uma barreira para os raios de Sol refletidos pelo planeta Terra.

Segundo ele, o planeta Terra recebe a luz do sol e reflete uma parte dela. Os gases do efeito estufa, descobertos por John Tyndall, prendem o calor dos raios solares na atmosfera ao invés de serem refletidas para o espaço. Quanto maior a quantidade de gases do efeito estufa na atmosfera, maior o calor sentido no chão.

Carbono

Mas qual a relação entre esse fenômeno e Amazônia? Segundo o cientista Philip Fearnside, as plantas realizam a fotossíntese, um processo que tira o dióxido de carbono da atmosfera e junto com a luz solar transforma em energia para a planta. O carbono presente no gás é transformado e é acumulada pelas árvores. Pela grande quantidade de árvores a Amazônia é o maior depósito ativo de carbono do planeta. Retirando milhões de toneladas de carbono do ar todos os anos.

“A região tem um grande estoque de carbono por causa da enorme floresta. Esse carbono está presente nas plantas e no solo. Se a floresta for convertida em pastagem, se a floresta morrer, mesmo que não seja por desmatamento, ainda assim, a região vai emitir esses gases em enorme quantidade”, afirma o pesquisador.

Água

Outro fator importante da Amazônia para o clima em todo o mundo é que a floresta produz vapor de água em grande quantidade. De acordo com relatório “O Futuro Climático da Amazônia” feito pelo cientista Antonio Nobre, as árvores podem ser comparadas a grandes compressores, que retiram água do subsolo e espalham essa umidade pela atmosfera através da transpiração.

Parte da água produzida pelas plantas se transformam em chuva que rega a própria floresta. Outra parte é levada pelos ventos do oceano Atlântico e vai para a região centro-oeste, sudeste, sul do Brasil e para outros países como Uruguai e Argentina. “Essa água é transformada em energia pelas hidrelétricas e em alimento pelas pastagens e plantações em fazendas da região”, afirma Fearnside.

Segundo o cientista, com o desmatamento a diminuição das chuvas nessas regiões é eminente. “A crise hídrica enfrentada em São Paulo é diretamente ligada ao aumento do desmatamento na região. Sem a Amazônia milhões de litros de água em forma de chuva vão deixar de ser distribuídas no planeta”, afirma Philip.

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