Welby sobre a Reforma: a violência do passado não deve ser esquecida

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20 Janeiro 2017

O 500º aniversário da Reforma é um evento a ser comemorado, mas também uma memória que exige purificação e um pedido de perdão. Este é o espírito com que o arcebispo de Canterbury, Justin Welby  - juntamente com John Sentamu, o arcebispo de York, a segunda mais importante Diocese da Inglaterra - convidou comunidades anglicanas para celebrar os 500 anos da Reforma de Lutero, em uma carta enviada na Semana de Oração pela Unidade Cristã, que começa hoje. A semana de oração ocorre justamente antes Sínodo do próximo mês, durante o qual a Igreja da Inglaterra comemorará o aniversário.
 
A informação é de Giorgio Bernardelli, publicada por Vatican Insider, 18-01-2017. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
 
Relembrar a Reforma em Londres significa também fazer uma viagem no tempo na história britânica, pois foi o rompimento de Lutero em 1517 que levou à separação oficial entre Canterbury e Roma alguns anos depois, durante o reinado de Henrique VIII. Seguiram-se a isso violentas perseguições. "Só na Inglaterra", segundo o jornal britânico The Guardian, "mais de 800 mosteiros, abadias e conventos foram saqueados; bibliotecas, destruídas; manuscritos, perdidos; tesouros, desmantelados e obras de arte, raptadas. Milhares de pessoas foram enforcadas, capturadas e esquartejadas ou queimadas na fogueira por suas crenças religiosas."
 
"A Reforma foi um processo renovação e divisão dos cristãos na Europa", de acordo com a declaração de Welby e Sentamu. "Neste aniversário da Reforma, muitos cristãos vão querer agradecer pelas grandes bênçãos que receberam com as quais a Reforma contribuiu diretamente. Entre muitas outras coisas, estão a clara proclamação do evangelho da graça, a disponibilidade da Bíblia para todos em sua própria língua e o reconhecimento da vocação dos leigos para servir a Deus no mundo e na Igreja. Muitos também lembrarão o dano prolongado causado à unidade da Igreja cinco séculos atrás, desafiando a ordem clara de Jesus de unidade através do amor."
 
"Aqueles anos turbulentos", conforme refletiram os dois líderes anglicanos, "viram cristãos se oporem uns aos outros, de modo que muitos foram perseguidos e até mesmo mortos nas mãos de pessoas que afirmavam conhecer o mesmo Senhor. Um legado de desconfiança e competição então acompanharia a surpreendente disseminação global do cristianismo nos séculos que se seguiram. Tudo isso nos traz muito a pensar."
 
"Recordar a Reforma", os arcebispos de Canterbury e York concluíram, "deve trazer-nos de volta ao que os reformadores queriam colocar no centro da vida das pessoas: a simples confiança em Jesus Cristo. Este ano é um momento para renovar nossa fé em Cristo - e somente Nele." No entanto, "lembrar a Reforma também deve levar a nos arrependermos de nossa parte na preservação de divisões. Tal arrependimento precisa estar ligado a ações destinadas a alcançar outras Igrejas e fortalecer relações com elas."
Embora a mensagem de Welby e Sentamu não traga um pedido explícito de perdão por parte da Igreja da Inglaterra pelos atos violentos cometidos após o cisma, a ideia de que um gesto como este possa acontecer no próximo sínodo ainda causa polêmica em Londres. O ex-deputado e ministro Ann Widdecombe (um ex-anglicano que se converteu ao catolicismo) classificou esta atitude como totalmente inútil. Enquanto isso, Catherine Pepinster, ex-editora-chefe da The Tablet, a maior revista semanal católica da Grã-Bretanha, lembrou que a "Reforma é uma história tanto de política quanto de disputas teológicas", acrescentando: "Não tenho certeza de que um pedido de desculpas seja a coisa certa a fazer".

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