Francisco chama Viganò de volta, o bispo que abriu caminho para o Vatileaks

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10 Março 2014

Dom Viganò estaria por voltar para casa, no Vaticano. Depois de mais de um ano de exílio dourado à frente da nunciatura apostólica de Washington, para o arcebispo Carlo Maria Viganò parece ter iniciado a contagem regressiva para um clamoroso retorno à cúpula da Cúria pontifícia.

A reportagem é de Orazio La Rocca, publicada no jornal La Repubblica, 07-03-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Segundo alguns vazamentos desses dias dos Sagrados Palácios, o bispo – sob decisão do Papa Francisco – será o novo presidente daquele Governatorato do qual ele havia sido expulso por ter denunciado, na sua qualidade de secretário-geral, em uma série de cartas ao Papa Ratzinger e ao então secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone, uma longa fila de escândalos à sombra da Cúpula de São Pedro, que, depois, abririam caminho para o escândalo Vatileaks.

Nessas cartas – algumas depois roubadas do apartamento papal e publicadas em jornais e revistas –, o prelado revelava a existência no Vaticano de uma espécie de lobby para a concessão de contratos, o recurso à corrupção através de subornos e propinas, casos de nepotismo e gestão livre de bens da Santa Sé por parte de bispos e monsenhores.

Acusações tremendas e circunstanciadas, todas rejeitadas por uma nota oficial da Secretaria de Estado, que levaram Viganò em rota de colisão com o cardeal Bertone, dando origem também a uma espécie de inédito braço de ferro entre o Governatorato e a Secretaria de Estado, ao qual Bento XVI deu fim transferindo o bispo para Washington.

Viganò tentou se opor com força, apelando a Ratzinger em uma carta na qual, dentre outras coisas, pedia para poder permanecer no Vaticano para cuidar de um irmão mais velho seu, sacerdote, que sofrera um derrame. Ele se deu mal: o padre Lorenzo Viganò, jesuíta, embora admitindo ter sido atingido "anos atrás" por um derrame, explicou que, na realidade, ele vivia justamente nos EUA e que havia rompido relações com o irmão bispo por questões de dinheiro ligadas a uma herança.

Disputas familiares à parte, Viganò foi convencido a ir para Washington por Bento XVI, que, em uma dramática conversa, pediu-lhe para aceitar a transferência, pondo as mãos sobre seus ombros e dizendo-lhe: "Eu te peço, faz isso por mim".

Com o advento do Papa Francisco, a situação para o arcebispo parece ter mudado. Bergoglio o recebeu várias vezes no Vaticano, dedicando-lhe audiências confidenciais que às vezes duraram até mesmo mais de uma hora. Clamorosa foi a de outubro do ano passado, quando Bergoglio desistiu de ir assistir ao concerto de encerramento do Ano da Fé para ficar falando em Santa Marta com Viganò, que, depois da conversa, saiu da sala em lágrimas, confessando ter sido "ouvido como um filho".

Há poucos dias, do outro lado do Tibre, dá-se por iminente o retorno de Viganò para o Governatorato, mas como presidente, substituindo o cardeal Giuseppe Bertello, candidato para presidir a Congregação para as Causas dos Santos. Para Viganò, seria uma promoção e, ao mesmo tempo, uma compensação. Assim como foi para um dos seus mais próximos colaboradores, o bispo George Corbellini, vice-secretário-geral do Governatorato, afastado, ele também, por ser próximo demais de Viganò, mas que, no mês passado, o papa nomeou como presidente da APSA, a entidade que administra os bens da Santa Sé.

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