Perfil de quem foi à Paulista destoa de lideranças e não poupa ninguém

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Por: Cesar Sanson | 19 Agosto 2015

Quem esteve na avenida Paulista, na marcha pró-impeachment, acredita também que o Estado deve prover educação e saúde pública e gratuita, além de transporte coletivo para todos os brasileiros. Há, inclusive, muitos que acham que o transporte deve ser gratuito, numa pauta semelhante, nesse aspecto, a dos protestos de junho de 2013. Os protagonistas das marchas de domingo são mais homogêneos que há dois anos atrás: maioria branca, com nível superior completo, e pertencente às classes A e B.

A reportagem é de Marina Rossi e publicada por El País, 18-08-2015.

Esses dados foram apontados por um levantamento coordenado por Pablo Ortellado, professor da USP, Esther Solano, da Unifesp, e Lucia Nader, da Open Society. A pesquisa traçou o perfil de quem esteve na Paulista nesse domingo e mostrou como eles divergem das lideranças que convocaram as marchas pró-impeachment. Enquanto em cima do palco nenhuma menção a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi feita, já que o peemedebista é a esperança de ver o impeachment vingar em Brasília,  nas ruas, 71% acreditam que o presidente da Câmara é corrupto. Ninguém, porém supera Renan Calheiros, que é corrupto para 94%, mais do que Dilma Rousseff (89,6%).

Enquanto a maioria acha que o Estado deve ser responsável por prover direitos como saúde, educação e transporte, essa não é uma pauta compartilhada pelos líderes dos principais movimentos anti-Governo. “Somos contra o Sistema Único de Saúde”, afirmou, na semana passada durante entrevista a este jornal, Fabio Ostermann, do Movimento Brasil Livre.

Para Pablo Ortellado, o conteúdo observado na pesquisa é “extremamente” progressista. “Isso é um resquício de junho de 2013”, diz. “O espírito de junho ficou órfão, porque não tinha nenhuma força de esquerda descolada de partidos políticos. Com isso, a direita se apropriou dessas reivindicações".

No domingo, quase metade dos manifestantes (48%) ganha 7.888 reais ou mais por mês. A insatisfação com o sistema político, porém, é generalizada: 96% não estão satisfeitos e 88% concordam, totalmente ou em parte, que a solução seria entregar o poder para algum político honesto. 71% discordam que a solução seria entregar o poder aos militares.

Um pouco do que foi observado nas ruas, em fotos e cartazes, se refletiu também na pesquisa. O juiz Sergio Moro, ovacionado por centenas de pessoas no domingo, apareceu em segundo lugar quando o entrevistador era provocado a citar uma figura pública que não é corrupta. Perdeu apenas para o deputado federal Jair Bolsonaro (PP), que, na última manifestação, em abril, já havia aparecido como o político mais confiável. O único político do PT citado nessa questão foi Eduardo Suplicy, ex-senador e atual secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP), figurou na pesquisa de maneira negativa. Ele, que não está acusado de envolvimento em nenhum caso de corrupção, é avaliado como corrupto para 77%, enquanto Geraldo Alckmin, cujo Governo enfrenta o escândalo dos cartéis dos trens e metrô, é julgado como corrupto para 42%.

Uma das maiores discussões em meio à votação da reforma política, o financiamento empresarial de campanha, é fortemente condenada pelos manifestantes: 73% são contra. A maioria também condena o programa Mais Médicos, do Governo Federal: 75%.

PSDB e os manifestantes

Um exemplo é o julgamento feito pelos manifestantes aos casos de corrupção: 99% classificam a Lava Jato como um escândalo grave, mas 87% avaliam que os cartéis nos três e metrôs do Estado de São Paulo (governado pelo PSDB) também são graves. Para 99%, é  grave o mensalão do PT e 80% classificam da mesma forma o mensalão do PSDB.

Os números não são boa notícia para o PSDB, que pela primeira vez apoiou explicitamente as manifestações pró-impeachment. Uma semana antes da marcha, veiculou em rede nacional um vídeo em que chamava a população para ir às ruas. Nessa segunda, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pediu publicamente que Dilma Rousseff renunciasse. Agora, o partido deve experimentar convocar as suas próprias marchas. Para Pablo Ortellado, porém, essa estratégica não deve funcionar. "Acho que não vai colar", diz. "As pessoas estão de saco cheio de todos os partidos e, ao mesmo tempo, não depositam grandes esperanças no PSDB".

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