05 Janeiro 2024
O Papa Francisco está olhando para o futuro como "um peregrino da esperança" para o Jubileu do Ano de 2025. Em sua mensagem natalina Urbi et Orbi (mensagem anual "para a cidade de Roma e o mundo"), ele mencionou o jubileu e expressou a esperança de que 2024 seria "um tempo de preparação para o Ano Santo" e "uma oportunidade para a conversão dos corações, a rejeição da guerra, a busca pela paz e a resposta alegre ao chamado do Senhor".
A reportagem é de Gerard O’Connell, publicada por America, 04-01-2024.
Ele falou novamente sobre o jubileu nas vésperas de fim de ano na Basílica de São Pedro em 31 de dezembro, o que sugere que isso poderia servir como seu guia para o novo ano. Embora Francisco tenha agora 87 anos e seja um dos papas mais idosos da história da Igreja Católica, uma análise de sua agenda para 2024 revela que ele não tem a intenção de abrandar ou reduzir seus compromissos. Pelo contrário, ele confidenciou a amigos que "quanto mais perto se está da linha de chegada, mais rápido se deve ir". Quanto à renúncia, ele disse em uma entrevista recente que não considerou a ideia.
Francisco continua a ter problemas de mobilidade devido a questões médicas com seu joelho e quadril direitos, mas, ao contrário do ano passado, agora consegue andar curtas distâncias. Ele está em boa saúde para alguém de sua idade, de acordo com o Dr. Sergio Alfieri, cirurgião que o operou no hospital Gemelli, em Roma, em julho de 2021 e junho de 2023. Falando sobre o coração, pulmões e abdômen do papa, o médico afirmou confiantemente à imprensa após a operação de junho: "Ele não tem enfermidades".
O Dr. Alfieri acrescentou que as faculdades mentais do papa são as "de um homem de 60 anos". Várias pessoas que encontraram Francisco depois de seu episódio de bronquite no fim de novembro e nas últimas semanas disseram à America que o papa está em boa forma novamente. Portanto, salvo acidentes ou reviravoltas, ele parece estar preparado para um ano cheio de atividades.
O primeiro papa latino-americano abriu o novo ano presidindo a missa na Basílica de São Pedro para o Dia Mundial da Paz em 1º de janeiro, festa de Maria, Mãe de Deus, na presença do corpo diplomático credenciado à Santa Sé e uma congregação de 7.000 pessoas do mundo inteiro. Ele já havia publicado sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz, na qual focou no importante tema "Inteligência Artificial e Paz".
Em 6 de janeiro, festa da Epifania, Francisco presidirá a missa na Basílica de São Pedro, e em 7 de janeiro, festa do Batismo de Jesus, ele batizará crianças, principalmente filhos de funcionários do Vaticano, durante a missa na Capela Sistina.
No dia seguinte, 8 de janeiro, Francisco receberá em audiência os embaixadores dos 184 países que têm relações diplomáticas plenas com a Santa Sé e estenderá cumprimentos de Ano Novo a eles e aos governos que representam. Nessa ocasião, ele proferirá um discurso sobre o estado do mundo, visto da perspectiva da Santa Sé. Espera-se que ele repita seu apelo pelo fim das guerras atualmente em curso, em particular a guerra da Rússia contra a Ucrânia e a guerra entre Israel e o Hamas, além de conflitos internos no Sudão, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, Mianmar e outras nações.
Em 11 de fevereiro, Francisco canonizará a primeira mulher santa da Argentina, María Antonia de Paz y Figueroa, conhecida popularmente como "Mama Antula" e considerada "a mãe da nação". Nascida em Santiago del Estero, no norte da Argentina, em 1730, ela encontrou e começou a trabalhar com os jesuítas desde jovem. Após a expulsão da ordem da Espanha e de suas colônias nas Américas em 1767, ela manteve viva a espiritualidade inaciana em todo o país, percorrendo 3.000 milhas até chegar a Buenos Aires, onde fundou programas de caridade para mulheres e crianças e uma casa de exercícios espirituais antes de falecer em 1799. Ela também promoveu a ideia de uma Argentina independente, concretizada em 1816.
"Mama Antula é considerada a mãe da nação", disse o bispo argentino Santiago Olivera, responsável por sua causa, à OSV News. "Ela era uma mulher forte, corajosa, que acreditava na Argentina. Ela estava comprometida com o país e acreditava que conhecer Cristo transformaria a sociedade".
Alguns pensam que o novo presidente argentino, Javier Milei, poderia comparecer à cerimônia de canonização em Roma e ter sua primeira reunião com o Papa Francisco. Eles conversaram por telefone logo após sua posse, e o presidente então convidou formalmente Francisco para visitar sua terra natal.
Francisco já visitou 61 países em 44 jornadas fora da Itália desde que se tornou papa. Em entrevistas à agência de notícias argentina Telam, em 16 de outubro, e ao canal de TV mexicano N+, em 12 de dezembro, ele afirmou que pretende continuar suas viagens internacionais em 2024 e revelou o desejo de visitar a Bélgica, a Argentina e Papua Nova Guiné.
Ele pretende ir à Bélgica, país que visitou como provincial jesuíta, para o 600º aniversário da Universidade Católica de Lovaina. Embora o Vaticano ainda não tenha anunciado a data, uma fonte informada disse à America que pode ser no fim de julho.
A revista America também soube que planos estão em andamento para uma visita de 10 dias no fim de agosto a quatro países da Ásia - Indonésia, Singapura, Timor-Leste e a mencionada Papua Nova Guiné. Francisco havia planejado sua viagem à Ásia em 2020, mas teve que adiá-la devido à pandemia de Covid-19. Timor-Leste é o país mais católico da Ásia - 97% de sua população de 1,4 milhão é católica - enquanto 26% da população de 10 milhões de Papua Nova Guiné é católica. Francisco há muito tempo deseja visitar ambos os países na periferia do mundo. A Indonésia, por outro lado, é o país com a maior população muçulmana do mundo, e Cingapura tem pressionado muito por uma visita.
Esperava-se que Francisco finalmente visitasse a Argentina, sua terra natal, este ano, mas a complicada situação econômica e política do país sob o novo presidente colocou essa viagem em questão.
Existe também a possibilidade de Francisco visitar o Vietnã este ano, já que as relações entre a Santa Sé e o Vietnã avançaram significativamente. Pela primeira vez desde o fim da Guerra do Vietnã, o governo vietnamita permitiu no ano passado que a Santa Sé abrisse um escritório e tivesse um representante residente no país. O presidente do Vietnã visitou o papa em julho passado e, em dezembro, anunciou que enviou uma carta formal convidando o Papa Francisco a visitar o país.
Fontes afirmam que Francisco gostaria de aceitar o convite do presidente, mas o Vaticano preferiria que a visita papal ocorresse após o estabelecimento de relações diplomáticas plenas. Uma fonte graduada do Vaticano disse à America que as relações diplomáticas podem ocorrer rapidamente se o governo vietnamita desejar, como aconteceu com Mianmar, onde tais relações foram estabelecidas meses antes de Francisco visitar o país.
O presidente francês Emmanuel Macron convidou Francisco para ir a Paris na reabertura da famosa Catedral de Notre-Dame em 8 de dezembro de 2024, mas o papa ainda não deu indicação de que aceitará esse convite.
Uma questão importante que Francisco terá que decidir até outubro de 2024 diz respeito ao acordo provisório sino-vaticano assinado em Pequim em 22 de setembro de 2018, sobre a nomeação de bispos na China continental. A Santa Sé e o gigante asiático renovaram esse acordo em 2020 e 2022. Este ano, os dois lados terão que decidir se renovam o acordo por mais dois anos, se o tornam permanente ou se introduzem alterações.
Em uma entrevista à America em 22 de novembro de 2022, o Papa afirmou: "O diálogo é o caminho da melhor diplomacia. Com a China, optei pelo caminho do diálogo. É lento, tem suas falhas, tem seus sucessos, mas não consigo encontrar outro caminho". Ele acrescentou que "se dialoga até onde é possível".
Em um momento culminante de seu esforço de 10 anos para reformar e liderar a Igreja Católica e seus 1,3 bilhão de membros por um novo caminho missionário, o Papa Francisco presidirá a segunda e última sessão do Sínodo sobre a Sinodalidade em outubro de 2024. Enquanto a primeira sessão em outubro de 2023 durou quase quatro semanas, alguns em Roma esperam que esta segunda sessão seja mais curta. A America, no entanto, soube que ainda não foi tomada uma decisão sobre a duração do evento.
Nos próximos 12 meses, espera-se que Francisco faça várias mudanças importantes de pessoal na Cúria Romana e em dioceses em todo o mundo, incluindo nos Estados Unidos. Mudanças nos níveis superiores da Cúria Romana incluem as nomeações do grande penitenciário para suceder o cardeal italiano Mauro Piacenza, que completará 80 anos em 15 de setembro, e de um novo prefeito para o Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica para substituir o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, que completará 77 anos em 24 de abril. O brasileiro provavelmente será sucedido pelo cardeal espanhol Ángel Fernández Artime, SDB, atual superior geral da ordem salesiana. Mudanças também são esperadas em algumas posições de nível intermediário na cúria, incluindo na Comissão para a Tutela dos Menores.
Francisco também nomeará bispos para muitas dioceses em todo o mundo, incluindo algumas arquidioceses importantes, como Boston, onde o cardeal Seán O'Malley completará 80 anos em 29 de junho, e Bombaim (Mumbai), na Índia, onde o cardeal Oswald Gracias completará 80 anos em 24 de dezembro. Ambos têm sido membros do Conselho de Cardeais do papa desde que ele estabeleceu esse órgão logo após sua eleição. Ele deve nomear dois novos cardeais para o conselho de nove membros.
O papa jesuíta também nomeará núncios - seus embaixadores - para as missões diplomáticas da Santa Sé em pelo menos 10 países no próximo ano.
Francisco realizou consistórios para nomear novos cardeais quase todos os anos desde sua eleição, e ele poderia decidir realizar seu 10º consistório antes do fim de 2024, talvez em torno do tempo do sínodo de outubro ou para a abertura do Ano Jubilar. O número total de cardeais com menos de 80 anos e com direito a voto em um conclave para eleger o próximo papa terá diminuído para pelo menos 119 até dezembro de 2024, o que está logo abaixo do limite de 120 estabelecido pelo Papa Paulo VI para um conclave. Como 13 eleitores atingirão a idade de 80 anos em 2025, o papa poderia criar esse número de eleitores, ou mais, se assim desejar este ano.
Espera-se que Francisco inicie o Ano Jubilar 2025 pouco antes do Natal, abrindo a Porta Santa da Basílica de São Pedro em um rito que remonta ao ano de 1500. A data exata para a abertura ainda não foi anunciada. Será o segundo jubileu dele; o primeiro foi o Jubileu Extraordinário da Misericórdia, que ele abriu em Bangui, capital da devastada pela guerra República Centro-Africana, em 29 de novembro de 2015. Os organizadores do Vaticano para o Jubileu 2025 esperam que atraia cerca de 30 milhões de peregrinos para a cidade eterna para participar do evento, e muito trabalho está sendo feito na cidade de Roma em preparação para a chegada deles.
