13 Junho 2022
A viagem africana se perfilava longa e decididamente cansativa e, por isso, havia se transformado em um teste de grande importância pois mostraria a verdadeira condição física do Pontífice e, sobretudo, a sua capacidade cumprir, no futuro, uma agenda repleta de compromissos importantes.
Ontem pela manhã, porém, chegou o aviso de cancelamento da visita à República Democrática do Congo e ao Sudão do Sul (etapa que já tinha sido adiada devido à covid-19 e por questões de segurança) e tudo foi posto novamente em discussão. O Papa Francisco não pode cumprir os compromissos agora, mas, quem sabe, no futuro. Até mesmo na missa de Corpus Domini, no próximo dia 16 de junho, ele não estará presente.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 11-06-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Atendendo ao pedido dos médicos, e para não prejudicar os resultados das terapias ao joelho ainda em andamento, com pesar o Papa se vê obrigado a adiar a viagem apostólica prevista de 2 a 7 de julho, para nova data a ser definida." Como sempre, um comunicado muito breve foi emitido pelo Vaticano, não acompanhado por nenhuma explicação exaustiva sobre as terapias ortopédicas adotadas e às quais Francisco vem se submetendo há meses para evitar ser operado.
No ano passado, no início de julho, ele foi levado às pressas para a clínica Gemelli e passou por uma complexa cirurgia no cólon. Nenhum médico jamais assinou os boletins médicos, apenas a assessoria de imprensa do Vaticano excluiu qualquer forma de tumor. Justamente a falta de uma comunicação médica transparente sobre seu estado geral de saúde - hoje que Francisco sofre das articulações - não joga a seu favor. São sobretudo as imagens captadas pelas câmeras durante as audiências, ou as fotografias vazadas pelos celulares dos fiéis que narram o declínio físico de um homem de 85 anos que agora se vê atrapalhado até nos movimentos mais banais, como sair do carro ou levantar de uma cadeira de rodas.
Às vezes em seu rosto se notam caretas pela grande dor física, às vezes um passo em falso é suficiente, um movimento brusco, e uma pontada repentina começa. Aconteceu novamente há poucos dias durante a audiência geral e, ainda mais evidente, na semana passada na basílica de Santa Maria Maggiore: os vídeos mostraram os grandes esforços do Papa para entrar no carro, ajudado pelo mordomo.
Assim, enquanto no Vaticano se apressam em assegurar que para a África é apenas um adiamento para uma data ainda a ser decidida, acrescentando que Bergoglio certamente atenderá o compromisso assim que seu joelho direito permitir que ele caminhe melhor, dentro da Igreja percebe-se uma fibrilação e se olha para o futuro, com uma tendência que acompanha o declínio das forças dos pontífices, como aconteceu a partir de Pio XII. Quanto mais frágil sua figura parece, maiores são os questionamentos internos sobre o que acontecerá com o governo no futuro imediato. Francisco não quer saber de demissão e, quando fez confirmar a viagem a Kinshasa e Juba, confirmou também, através de um comunicado de imprensa, a viagem ao Canadá que está prevista para o final de julho e ainda não foi cancelada.
Mais uma vez ele lançou seu coração sobre o obstáculo, com grande entusiasmo, mas o cancelamento africano já está apresentando problemas para os episcopados locais, que assumiram grandes encargos econômicos para montar dispendiosos palcos papais nos lugares onde o Papa teria celebrado a missa com os bispos congoleses e sudaneses do sul. Para realidades territoriais que não navegam em ouro, os recursos empregados para acolher o Papa não são indiferentes.
A máquina organizacional foi posta em movimento meses atrás, agendando contatos com governos, bispos, comunidades a fim de avaliar todos os aspectos logísticos. Organizar uma viagem papal é algo complexo e, sobretudo, muito caro. "Adiar não é cancelar", disse o porta-voz do Vaticano Matteo Bruni, especificando que ultimamente no joelho papal existem menos dores e até melhoras, mas os médicos o aconselharam a não se esforçar para não inflamar as articulações novamente.
Infiltrações, fisioterapia, descanso e há um mês o uso da cadeira de rodas, agora presente nas audiências, na basílica, durante os compromissos em Santa Marta. Por outro lado, porém, a atividade da agenda do Papa não sofreu alterações: todas as manhãs Francisco se reúne com chefes de Estado, bispos, cardeais, grupos de fiéis, associações.
Ontem de manhã ele teve uma conversa com a presidente Ursula Von Der Leyen. Eles falaram sobre a questão ucraniana e o quebra-cabeça a ser resolvido com urgência sobre o trigo. Em seguida, o foco mudou para o percurso que Kiev terá que seguir para um possível ingresso na Europa, já que a Comissão Europeia no final do mês poderá dar luz verde ao status de candidato à entrada na UE.
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Francisco, cansado, adia a viagem à África - Instituto Humanitas Unisinos - IHU