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“Necessidade de colocar na urna e nas ruas a pauta em defesa da Amazônia”. Entrevista com Alexandre Costa

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24 Janeiro 2022

 

Os desastres naturais que estão acontecendo no Brasil nas últimas semanas, eles têm a ver com as mudanças climáticas, segundo nos relata Alexandre Costa, professor da Universidade Estadual do Ceará. Doutor em Ciências Atmosféricas, ele trabalha há cerca de 20 anos com as questões climáticas.

Nesta entrevista, um dos autores principais do Primeiro Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, que tem um projeto de divulgação científica voltado para a divulgação das ciências do clima, nos ajuda a entender quem está contribuindo para que tudo isso aconteça.

Diante de tanta desinformação, muitas vezes auspiciada pelo poder econômico e político, a sociedade é chamada a tomar consciência da gravidade da situação. Alexandre Costa considera o Papa Francisco como um dos grandes aliados nesta luta em defesa do meio ambiente, da Casa Comum. Uma luta que deve ser assumida no campo da política, onde chama a eleger àqueles que tem a defesa do meio ambiente como agenda prioritária.

 

A entrevista é de Luis Miguel Modino.

 

Eis a entrevista.

 

O Brasil está vivenciando nas últimas semanas, mas é algo que acontece quase todos os anos, muitas enchentes em diferentes regiões do país, e ao mesmo tempo secas em outras regiões, cada vez mais prolongadas e que cada vez tem consequências mais graves. Qual a leitura diante desses fenômenos que estão acontecendo cada vez com maior frequência no Brasil e no mundo?

 

Existe uma variabilidade natural do sistema climático. Isso é bem conhecido, a alternância de eventos, de “El Niño, la Niña”, modificam o comportamento do sistema meteorológico, mas é preciso a gente colocar de uma forma muito nítida para todo mundo, que o comportamento de uma atmosfera, hoje com 415 partes por milhão de CO2, é um comportamento muito diferente de uma atmosfera com 280 partes por milhão, como no período pré-industrial.

Basicamente, a atmosfera aquece devido a uma relação física bastante simples que existe entre temperatura e pressão de vapor de saturação do vapor d'água, ou seja, a quantidade de vapor d’água que existe no Planeta. Quando o Planeta aquece, a atmosfera se torna capaz de armazenar mais vapor d'água, e aí a gente passa a ter um binômio de eventos extremos associados com essa mudança de comportamento.

Se a atmosfera, ela requer uma maior quantidade de vapor d'água para saturar, ela vai extrair mais água da superfície, e aí nós temos maiores taxas de evaporação e evapotranspiração, termina o nível dos reservatórios hídricos baixando mais rapidamente, a umidade do solo baixando mais rapidamente. Você coloca um estresse maior sobre a vegetação, porque as taxas de transpiração aumentam, tanto vegetação natural quanto culturas agrícolas, e aí você vai tendo secas mais intensas, mais duradouras. A perda acelerada de humidade do solo e de ressecamento da vegetação facilita aumentos de calor severo e os incêndios florestais.

De outro lado, por ser agora um reservatório maior de vapor d'água, uma vez que esse vapor d'água se condense e comece a produzir nuvens, você tem matéria prima a mais para produzir chuvas muito intensas e muito concentradas, furacões mais intensos. Esse binômio de eventos extremos, de seca de um lado e do outro chuvas muito intensas, tempestades severas, esses fenómenos vão se intensificando com uma causa comum, que é justamente o aquecimento global e o consequente aumento da quantidade de vapor d'água.

Há muitos anos a minha comunidade científica vem alertando, o aquecimento global não é simplesmente você subir a temperatura, isso está longe de ser a principal questão. A principal questão é o conjunto de alterações generalizadas do sistema climático, inclusive a mudanças das estatísticas de eventos extremos, que se tornam mais intensos e mais frequentes.

 

O senhor fala sobre uma proposta científica, sustentada em longos anos de estudo e em fatos aceitos por uma grande maioria da população, mas que cada vez encontra mais oposição em determinados grupos políticos e económicos no Brasil. Como ajudar a tomar consciência dessas propostas científicas, mas que muitas vezes, motivados por interesses económicos e políticos, esses grupos estão querendo combater?

 

O importante é a gente entender que o fenômeno do negacionismo, ele não é de agora. As pessoas se surpreenderam do negacionismo da pandemia, mas a gente que lida com a questão climática, já tem enfrentado a questão do negacionismo climático há muito tempo. Na realidade, as grandes petroquímicas, a indústria de combustíveis fósseis, em particular as petroquímicas dos Estados Unidos, com destaque para a Esso, mas o conjunto delas, representadas pelo Instituto Americano do Petróleo, já sabiam, pelo menos desde final da década de 70, que a continuidade do uso de combustíveis fósseis, iria produzir radicais, mudanças perigosas, a elevação da temperatura, a perda de massa nas regiões polares, a elevação do nível dos mares. Isso já era amplamente conhecido.

Em 1978, a Esso, ela mesma fez estudos sobre isso, que confirmava o que as ciências do clima começavam a apontar. Depois, a única coisa que eles fizeram foi financiar o negacionismo, reclutar pessoas do meio acadêmico, da empresa, da política. Tem um documento inclusive dos anos 90, da chamada Global Planet Coalition, que se tornou público e que diz muito claramente que eles só iriam conseguir a vitória se conseguissem fazer com que a população em geral passasse a perceber incertezas nas ciências do clima, quando políticos passassem a aderir a agenda deles, quando a cobertura de imprensa defendesse um equilíbrio entre a ciência e explicações alternativas, e quando os defensores do protocolo de Kyoto fossem vistos pela sociedade como pessoas fora da realidade, alarmistas, catastrofistas exagerados.

No caso do Brasil, isso foi adotado pela bancada do agronegócio, a gente tem picaretas, pilantras negacionistas, que vem do meio acadêmico e que são fortemente bancados pelo agronegócio. A tragédia, primeiro nos Estados Unidos com Trump, depois no Brasil com Bolsonaro, é que o negacionismo chegou ao poder político. Se as agendas já eram insuficientes, a chegada ao poder desses governantes negacionistas, compromete seriamente o tipo de mudança profunda e rápida que estamos precisando.

Fazer uma transição energética que nos livre dos combustíveis fósseis e zerar o desmatamento, e rever nossas práticas agropecuárias e seus efeitos. A próxima década ou duas, a gente precisa estar concluindo esse processo de transição profunda e a gente coloca a presença desses setores, dando espaço na mídia. Tem que se refletir sobre o encastelamento de parte da comunidade científica, e nesse aspecto a imprensa precisa ser uma grande e potente aliada, trazendo a questão climática para as primeiras páginas, e estar tudo dia, porque tudo dia tem tragédia.

A gente sabe que o melhor que a gente pode conseguir é segurar 1,5 graus e já estamos em 1,2, e isso significa que vamos ter que puxar o freio de mão e conquistar aliados, trazer isso para a agenda política. A gente espera que em 2022, além dos graves problemas que afligem o povo brasileiro a cada segundo, principalmente fome e desemprego, a gente consiga também pautar a questão climática, porque uma questão tem a ver com a outra e precisa tratar como um problema unificado.

 

A gente sabe que a preservação de todos os biomas é fundamental para o futuro do Planeta, mas olhando para o Brasil o grande bioma é a Amazônia. Como convencer a opinião pública sobre a necessidade da preservação da Amazônia e do cuidado dos povos que tradicionalmente cuidaram do bioma amazônico?

 

A gente precisa dar voz aos povos da floresta, eles são de fato quem melhor cuida, como mostram todas as evidências do monitoramento por satélite. As terras indígenas são as melhor preservadas, porque eles atuam de fato como guardiões das florestas, que são grande refúgio de biodiversidade, fonte de água, estoque de carbono, são inúmeros os serviços que as florestas prestam gratuitamente para nós. Esse é um aspecto fundamental.

O outro é mostrar, e isso deve estar nas escolas, nas redes sociais, na grande mídia, como a manutenção da floresta de pé é crucial para inúmeras questões. Por exemplo, o Brasil tem uma dependência crucial das chuvas para produção de eletricidade. A nossa segurança energética, a manutenção dos reservatórios de hidroeletricidade, é depende da reciclagem de água que a Amazônia faz justamente da grande evaporação da floresta, vapor de água que depois é transportado pelos rios voadores, levando essa umidade para o sudeste da América do Sul, esse é um serviço fundamental.

Um outro aspecto fundamental é que há tanto carbono estocado na vegetação do solo da Amazônia que colocar esse carbono na atmosfera equivale a 10 anos de emissões globais. Precisa não apenas falar de proteger os biomas, mas de recupera-los, recuperar esses estoques de carbono é fundamental para a proteção do clima.

É uma enorme batalha que precisa ser travada contra a desinformação e para que as pessoas entendam que a floresta é fundamental para poder ter água, comida e energia. Por tanto, não é uma agenda secundária. Além disso, outro aspecto, estudos mais recentes mostram que pelo menos parte da floresta, pode se tornar irremediavelmente degradada, incapaz de se recuperar como floresta tropical, se nós perdemos de 20 a 25% do bioma, e nós já estamos em 18% de desmatamento, até o ponto de ser floresta sazonal ou mesmo savana. Imaginemos a grande tragédia que isso seria.

Aí tem uma questão que é crucial, que é o combate à desinformação e a necessidade de colocar na urna e nas ruas a pauta em defesa da Amazônia, na agenda de proteção dos biomas brasileiros, com um destaque para a maior floresta tropical do mundo, que precisa estar no topo dessa agenda.

 

O Papa Francisco tem assumido o cuidado da Casa Comum como uma prioridade, algo que aparece na encíclica Laudato Si, onde fala abertamente da ecologia, e ele promoveu o Sínodo para a Amazônia. Qual a importância e o papel que o Papa Francisco pode ter nesse ajudar a humanidade a tomar consciência da necessidade do cuidado da Casa Comum?

 

Não tenho dúvidas que o Papa Francisco é um aliado relevante desse processo. Tive a possibilidade de ler a encíclica Laudato Sí, ela realmente é muito interessante, inclusive porque destaca a necessidade de jogar o aspecto ecológico sob a perspectiva dos fatos reais, e articular uma solução, saída para a crise ecológica, que não seja uma saída excludente, onde as maiorias sociais, que não são responsáveis pelo aquecimento global, que em sua grande maioria não são responsáveis pela devastação do mundo natural, eles tenham que pagar a conta.

Hoje já são bastante vulneráveis aos eventos extremos, e terminam sofrendo muito mais com esses processos. Você tem o risco de multiplicação de migrantes climáticos a cada décimo de grau que o Planeta aquece. Então o papel do Papa é bem relevante, e é assim que os protagonistas das principais lutas devem trata-lo. E quando eu digo protagonistas, eu me refiro aos povos originários, povos indígenas e comunidades tradicionais, e a juventude, que tem tido um papel fundamental para mobilizar e sensibilizar. Nesses contextos, sem dúvida alguma, o Papa é aliado.

 

No contexto da agenda política em 2022, em que o Brasil vai ter eleições, qual seria sua mensagem para o mundo político e para a sociedade brasileira?

 

Essa eleição evidentemente, eu vejo como uma inflexão. Se nós não tivermos, não apenas Bolsonaro e sua corja negacionista desocupando o executivo, onde estamos vendo toda sorte de desmonte ambiental desde o monitoramento, os ataques ao INPA, a fiscalização, o desmonte descarado do Ibama, mas também do legislativo, que tem colocado uma agenda antiambiental no Congresso, de flexibilização de normas ambientais, de liberação geral para as mineradoras e o agronegócio.

Se a gente não entender a prioridade que a defesa da ecologia e a questão da emergência climática e a questão da preservação da biodiversidade, da nossa água, do bem comum. Se nós não tivermos a noção de que isso deve estar na agenda prioritária, não apenas de quem nós vamos votar para presidente, mas também para quem a gente vai votar para o Congresso, a gente corre o risco de perder tudo. Diante de uma urgência, de uma gravidade extrema, nós precisamos fazer dessa eleição um ponto de inflexão.

 

 

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