13 Outubro 2017
A Revolução 4.0 promete nos jogar em um novo mundo, talvez não imaginado diante das profundas mudanças que promete. Se o mercado e a academia observam o fenômeno com olhos de deslumbre, na cultura e na música popular o tema já foi pensado há quase 50 anos, quando Gilberto Gil, em 1969, lançou seu disco homônimo. Eis o Cérebro eletrônico de Gil.
O cérebro eletrônico faz tudo
Faz quase tudo
Faz quase tudo
Mas ele é mudo
O cérebro eletrônico comanda
Manda e desmanda
Ele é quem manda
Mas ele não anda
Só eu posso pensar
Se Deus existe
Só eu
Só eu posso chorar
Quando estou triste
Só eu
Eu cá com meus botões
De carne e osso
Eu falo e ouço. Hum
Eu penso e posso
Eu posso decidir
Se vivo ou morro por que
Porque sou vivo
Vivo pra cachorro e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
No meu caminho inevitável para a morte
Porque sou vivo
Sou muito vivo e sei
Que a morte é nosso impulso primitivo e sei
Que cérebro eletrônico nenhum me dá socorro
Com seus botões de ferro e seus
Olhos de vidro
A revista IHU On-Line publicou em novembro de 2015 uma edição dedicada aos 50 anos de carreira de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Reproduzimos abaixo o texto de apresentação. Clique e acesse a versão completa.
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Nascido em 1942, na cidade de Santo Amaro da Purificação, no recôncavo baiano, Caetano Emanuel Vianna Telles Velloso, quinto de uma família baiana de sete filhos, chega aos 50 anos de carreira. Começou cantando em bares de Salvador com sua irmã. Quando estava em casa, volta e meia era interpelado por dona Canô, sua mãe, que o chamava dizendo: “Caetano, vem ver o preto que você gosta”. O preto era Gilberto Gil.
No mesmo ano, nasceu em Salvador, mas cresceu no interior da Bahia, em Ituaçu, um pequeno moleque miúdo e negro que não resistia ao primeiro tilintar de clarinete, que ressoava na festa à padroeira. Deixava-se levar pela música, que era ao mesmo tempo a música da terra e a música do céu. Seu nome, Gilberto Gil.
Estes dois pequenos personagens mal podiam imaginar que suas vidas iriam se cruzar e seriam muitas e uma só. Em 2015 celebram-se os 50 anos de carreira de Caetano Veloso e Gilberto Gil, cuja obra ilustra a riqueza de um país em sua essência. Dois dos grandes nomes do Tropicalismo, Gil e Caetano retomam o antropofagismo como forma de devolver o Brasil ao Brasil.
Capa revista IHU On-Line nº 476
Perseguidos e censurados pelo regime de exceção, exilaram-se em Londres. Voltaram ao país na reabertura política. Agora, já de cabelos brancos e olhares serenos, consta em seus currículos Grammys, milhares de discos vendidos e uma carreira digna das bodas de ouro.
A biografia de Caetano e Gil vem sendo contada há cinco décadas e recontá-la seria um exercício precário e vão. O que fazemos nas próximas páginas não é recontar a história de Gil e Caetano, mas apresentar olhares de “uma vida” que reverbera em nossa cultura.
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O cérebro eletrônico faz tudo, mas ele é mudo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU