Cerca de 700 migrantes podem ter morrido em três naufrágios no Mediterrâneo

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30 Mai 2016

Setecentas pessoas — 40 delas crianças — poderão ter morrido na última semana na costa líbia, no naufrágio de três barcos que transportavam refugiados e imigrantes que queriam chegar à Europa.

”A situação é caótica, não temos a certeza sobre os números, mas acreditamos que podem ter morrido até 700 pessoas nos três naufrágios, disse à AFP Federico Fossi, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Fossi disse que num só naufrágio terão morrido 500 pessoas.

A reportagem é de Ana Gomes Ferreira, publicada por Público, 29-05-2016.

Chegados ao porto italiano de Tarento, na Sicília, os sobreviventes de um dos naufrágios contaram ao ACNUR e à organização Save the Children que o seu barco afundou na quinta-feira em condições dramáticas, depois de ter deixado Sabrata, na Líbia.

“Nunca saberemos o número exato, nunca conheceremos as suas identidades, mas os sobreviventes dizem que mais de 500 pessoas se afogaram”, escreveu no Twitter Carlotta Sami, outra porta-voz do ACNUR.

Na quarta-feira já tinha naufragado um barco — centenas de desaparecidos. Na sexta-feira outro — a Marinha italiana resgatou do mar 45 corpos.

A Save the Children recolheu relatos de sobreviventes que contaram ter embarcado num conjunto de duas embarcações (um barco de pesca rebocava um bote pneumático e juntos transportavam perto de 1100 pessoas).

“O pneumático começou a afundar, algumas pessoas tentaram nadar até ao outro barco, outros agarraram-se ao cabo que ligava as duas embarcações...”, contou à AFP a porta-voz da Save the Children na Sicília, Giovanna Di Benedetto.

“Não conseguíamos tirar a água do barco. Usamos as mãos, copos de plástico. Durante duas horas lutámos, mas em vão. A água começou a inundar o barco e os que estavam na frente não tiveram qualquer hipótese. Morreram mulheres, homens, crianças, muitas crianças”, contou ao jornal La Stampa uma rapariga nigeriana. O jornal ouviu outras testemunhas que contaram que o homem que comandava o grupo cortou o cabo, e a ricochete que deu matou um migrante — o homem foi detido ao chegar à Sicília.

Os responsáveis da Organização Internacional das Migrações (OIM) já tinham alertado, no final da semana, para um aumento do fluxo de pessoas na travessia do Mediterrâneo, fazendo prever o regresso aos níveis registados no ano passado. No total, numa única semana foram resgatadas mais de 13 mil pessoas do Mediterrâneo.

Porém, até o momento, o número de mortos mantinha-se abaixo dos números registrados no ano passado – uma realidade que mudou de forma drástica.

Uma das explicações para esta nova vaga de migrantes ao largo da Líbia é a chegada do tempo ameno – o mar está inesperadamente calmo para esta altura do ano. Na Líbia, estão concentradas centenas de milhares de pessoas à espera de uma oportunidade de se fazerem ao Mediterrâneo, na tentativa de entrarem num país da União Europeia.

Mas os receios de que sírios, afegãos e iraquianos, bloqueados pelo encerramento da rota dos Balcãs (com passagem da Turquia para a Grécia pelo Mediterrâneo), passem a usar a Líbia como principal rota de fuga ainda não se concretizaram. A quase totalidade dos que querem passar da Líbia para Itália é oriunda de países subsarianos.

Os centros de acolhimento já estão a ficar sobrelotados na Sicília. As autoridades italianas estão a transportar migrantes para a Calábria (Sul de Itália), onde este domingo devem chegar 135 sobreviventes e 45 corpos, diz o jornal The Guardian.

Antes da vaga desta semana, 44 mil refugiados e imigrantes tinham chegado à Europa desde o início deste ano - no mesmo período do ano passado tinham sido 47.400. Mas a grande alteração das rotas no ano passado, do Mediterrâneo Central para o Mar Egeu, deu-se a partir do início do Verão.

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