Nordeste mantém ritmo da economia e descola do país

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27 Agosto 2011

A economia da região Nordeste continua crescendo num passo acelerado, descolada do resto do país e sem sentir os efeitos das medidas adotadas pelo governo para esfriar a atividade econômica e combater a inflação.

A reportagem é de Mariana Carneiro e Mariana Schreiber e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 28-08-2011.

Enquanto os Estados nordestinos foram impulsionados por investimentos do governo federal e de empresas privadas, o enfraquecimento da indústria e o aumento das taxas de juros fizeram o Sul e o Sudeste trocar de marcha.

De acordo com projeções do Banco Central, a economia brasileira cresceu 1,1% no primeiro trimestre do ano e 0,7% no segundo trimestre, sempre em relação ao período imediatamente anterior.

O Sudeste cresceu 1,4% no primeiro trimestre e 0,6% no segundo, segundo o BC. No Nordeste, a economia manteve no segundo trimestre o mesmo ritmo do começo do ano, crescendo 1,6%.

O Nordeste é a região em que a presidente Dilma Rousseff alcançou sua melhor votação na eleição do ano passado. Lá, seu governo obtém índices de aprovação maiores do que os de outras regiões, segundo o Datafolha.

O aumento dos juros e outras medidas do governo atingiram com mais força o Sul e o Sudeste porque a oferta de crédito é maior nessas regiões e sua economia depende mais da indústria, abalada pela competição com produtos importados e pela turbulência global.

Enquanto isso, o Nordeste virou destino de vultosos investimentos como os do porto de Suape, na região metropolitana de Recife, onde estão previstos aportes de R$ 24 bilhões até 2014, a maior parte de empresas privadas.

Isso ajuda a explicar por que a taxa de desemprego na capital alcançou 6,3% no mês passado, bem abaixo da sua média histórica, superior a 10%, nota a economista Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco.

"Pernambuco está recebendo um volume de investimentos equivalente a toda riqueza que produz em um ano", diz ela. "Isso gera um impacto muito forte na economia local, que é relativamente pequena perto de Estados como São Paulo."

RENDA EXTRA

As obras da ferrovia Transnordestina empregam 11,5 mil pessoas em Pernambuco, no Ceará e no Piauí. No Maranhão, a mineradora Vale investe na ampliação do porto de Ponta da Madeira e da Estrada de Ferro Carajás.

A renda extra assegurada pelos programas sociais do governo federal também faz diferença na economia local. Metade das 13 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família vive no Nordeste.

Em abril, o governo reajustou os benefícios do programa em 19,4%, ao mesmo tempo em que iniciou um esforço para conter os gastos federais em outras áreas, sobretudo os investimentos.

O economista Carlos Azzoni, da Universidade de São Paulo, explica que os investimentos e os programas sociais ajudam o Nordeste a amortecer o impacto da desaceleração da economia. "Além disso, este ano não teve seca, fenômeno que teria impacto negativo", diz.

Mas o Nordeste não está completamente imune ao esfriamento da economia nas regiões mais desenvolvidas do país. A economia local deve perder o ritmo até o fim do ano, ainda que em menor intensidade, afirma Azzoni.

"A região sempre acompanha o que acontece no Brasil", diz Bacelar, da UFPE. "Se o país entrar numa desaceleração maior, não será diferente com o Nordeste."

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