13 Dezembro 2018
Setenta por cento da infraestrutura atual no Ártico tem um alto potencial para ser afetada pelo derretimento do permafrost nos próximos 30 anos.
Mesmo cumprir as metas de mudança climática do Acordo de Paris não reduzirá substancialmente os impactos projetados, de acordo com um novo estudo publicado na Nature Communications.
A reportagem é de University of Alaska Fairbanks, publicada por EcoDebate, 12-12-2018. A tradução e edição é de Henrique Cortez.
“Muito mais precisa ser feito para preparar o Alasca para as conseqüências adversas das mudanças no permafrost e no clima”, disse Vladimir Romanovsky, cientista do Instituto Geofísico Fairbanks da Universidade do Alasca que monitora o permafrost no Alasca há 25 anos.
Permafrost é solo que é congelado durante todo o ano por um período mínimo de dois anos. Quando descongela, pode mudar de terra sólida em lama. Em muitos casos, o chão vai ceder, levando a falhas destrutivas em qualquer estrutura erguida ali.
“Essas observações me levaram a acreditar que o aquecimento global não é uma ‘fake’, mas a realidade”, disse Romanovsky. “E aqui, no Alasca, já estamos lidando e estaremos lidando ainda mais no futuro próximo com essa realidade.”
Romanovsky é um dos autores do estudo, juntamente com pesquisadores da Finlândia, Noruega, Rússia e Michigan. A pesquisa é a primeira a mostrar explicitamente a quantidade de infra-estrutura fundamental em todo o hemisfério norte que está em risco de falha estrutural devido ao degelo do permafrost causado pelas mudanças climáticas.
O documento relata que, em 2050, cerca de três quartos da população que agora vive no permafrost, cerca de 3,6 milhões de pessoas, serão afetadas por danos à infraestrutura causada pelo degelo do permafrost. No Alasca, cerca de 340 quilômetros do oleoduto trans-Alasca atravessam o solo onde o permafrost próximo da superfície pode degelar até 2050.
“Os resultados mostram que a infraestrutura mais fundamental do Ártico estará em risco, mesmo se a meta do Acordo de Paris for alcançada”, escrevem os autores. No entanto, após 2050, atingir as metas do Acordo de Paris faria uma clara diferença no potencial de danos à infraestrutura.
Os autores analisaram as medições da temperatura do solo, profundidade anual de degelo e outros dados para fazer suas projeções. Eles observam que, devido às incertezas, a quantidade de infraestrutura em risco devido ao degelo do permafrost provavelmente não é muito menor que a estimativa, mas pode ser substancialmente maior.
Danos a instalações industriais, como oleodutos, podem levar a uma grande ruptura do ecossistema, caso isso resulte em vazamentos. O fornecimento de energia, a segurança nacional e a atividade econômica geral também podem ser afetados negativamente, escrevem os autores. A região de Yamal-Nenets, no noroeste da Sibéria, é a fonte de mais de um terço das importações de gasoduto da União Européia, por exemplo.
Muitas partes da infraestrutura do Ártico têm vida útil relativamente curta. Os planejadores e engenheiros precisam saber em detalhes onde é mais provável que o permafrost descongele ao planejar substituições, atualizações e manutenção. Este estudo mapeou essas áreas com uma resolução de 965m, permitindo que eles visem a mitigação onde ela é mais necessária.
Referência:
Degrading permafrost puts Arctic infrastructure at risk by mid-century
Jan Hjort, Olli Karjalainen, Juha Aalto, Sebastian Westermann, Vladimir E. Romanovsky, Frederick E. Nelson, Bernd Etzelmüller & Miska Luoto
Nature Communicationsvolume 9, Article number: 5147 (2018)
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Degelo do permafrost coloca a infraestrutura do Ártico em risco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU