18 Julho 2018
Os dois líderes se reuniram em Helsinque, embora esse tipo de diplomacia sirva principalmente aos interesses russos.
A reportagem é de François Ernenwein, redator-chefe do jornal La Croix e professor na Sciences-Po, em Paris, publicada por La Croix International, 17-07-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.
Os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia parecem ter muito em comum. Trump, o empresário, e Putin, ex-agente da KGB (extinta Organização de Serviços Secretos da União Soviética) são igualmente narcisistas e brutais na condução de seus negócios.
Trump proclamou seu desejo de alcançar um relacionamento "extraordinário" com seu colega russo.
No entanto, o encontro que acaba de acontecer na neutra Helsinque, não foi apenas uma reunião de “amigos”. O fato é que as relações entre os Estados Unidos e a Rússia estavam profundamente comprometidas.
Agora, a Rússia, que se isolou internacionalmente, quer voltar à frente do palco mundial. No entanto, sem especificar claramente o que quer alcançar e sem qualquer compensação aparente, Trump deu a Putin exatamente o que tem procurado tão desesperadamente.
Isso inclui um certo nível de garantia sobre a anexação da Crimeia, legitimação da camada protetora que ele desenvolveu pacientemente em torno de sua nação, reconhecimento do papel central de Putin na guerra síria, uma resposta leve à invasão de Moscou às redes de computadores dos EUA, bem como o silêncio sobre o caso Skripal, na Grã-Bretanha.
Embora a Rússia tenha iniciado as discussões a partir de uma posição fraca, Putin, que disse achar as discussões “altamente bem-sucedidas e muito úteis”, saiu por cima.
Enquanto isso, Trump adotou uma abordagem completamente diferente do Congresso e da administração dos Estados Unidos, que buscavam uma linha dura contra Moscou.
Trump também incomodou seus aliados na OTAN, além da União Europeia, após fazer críticas durante a semana inteira. Assim como a guerra comercial de Trump, esse espetáculo diplomático é profundamente preocupante e certamente não irá obter resultados sólidos.
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Trump e Putin: como unha e carne - Instituto Humanitas Unisinos - IHU