19 Dezembro 2016
No dia do seu aniversário de 80 anos, que começou com o café da manhã na companhia de um grupo de "sem-tetos" que dormiam nas ruas dos arredores de São Pedro, o Papa Francisco recebeu os parabéns dos detentos da prisão de Pádua. Às cinco da tarde de sábado, 17 de dezembro, Bergoglio conectou-se via Skype com a prisão Dos Palacios, da cidade de Veneza. O capelão Don Marco Pozza foi quem o convidou. Estavam presentes, além do diretor do instituto, dos agentes penitenciários e alguns voluntários, mais de 60 detentos que dialogaram com Francisco através de um smartphone. O vídeo teve algumas dificuldades, mas o áudio não foi interrompido em nenhum momento.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 18-12-2016. A tradução é de Henrique Denis Lucas.
Marzio, um dos detentos, leu uma carta para felicitar o pontífice. "Hoje, aqui estão seus amigos". Os detentos agradeceram pela dádiva de ter um novo bispo em Pádua, Claudio Cipolla, que vive com eles uma relação de especial proximidade, e também pela graça do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia. "Muitos de nós rezam por ti frequentemente - continuou Marzio. Te agradecemos do fundo do coração pelo seu testemunho diário que alimenta a nossa esperança e os nossos sonhos".
Os detentos disseram que consideravam o papa "uma dádiva do Espírito Santo", que os ajuda a "superar a resignação e o cansaço dos nossos dias". "Deus -disse um dos representantes dos detentos- deseja habitar entre os homens, mas só pode fazê-lo por meio de homens e mulheres que são tocados por Ele e que vivam o Evangelho, sem buscar outras coisas". A carta foi concluída com este compromisso: "Como humildes pecadores, a única promessa que temos a certeza de poder manter é a que rezaremos por ti".
Francisco comentou algumas passagens dizendo "que belo, que belo tudo isso!". Em seguida, agradeceu pelos cânticos de Natal e pela canção de parabéns ao seu aniversário. Bendigo "a cada um de vocês e as suas famílias. Rezo por vocês e me mantenho perto". No final, também encorajou-os com estas palavras: "A esperança não decepciona. Quando você está no escuro e enxerga apenas um muro, agarra-te à esperança, pois com ela serás capaz de derrubar todos os muros".
O vínculo especial do Pontífice pelos detentos, mais uma vez se confirma. Quase todas as viagens preveem uma visita à prisão. No próximo dia 25 de março, em Milão, Francisco almoçará em San Vittore e dedicará muito tempo para estar com os detentos. No livro ''O nome de Deus é misericórdia "(cuja apresentação teve a participação de um detento chinês de Pádua, Agostino Zhang), Bergoglio comenta a respeito: "Tenho uma relação especial com aqueles que vivem na prisão, privados de sua liberdade.
Sempre estive apegado a eles, justamente por essa consciência de sermos pecadores. Toda vez que passo pela porta de uma prisão para uma visita, sempre penso sobre isso: por que eles e não eu? Eu deveria estar aqui, mereceria estar aqui. Suas quedas poderiam ter sido as minhas. Não me sinto melhor do que as pessoas à minha frente. Então, me encontro repetindo e orando: por que eles e não eu? Isto pode ser um escândalo, mas eu me consolo com Pedro: renegou a Jesus e ainda assim foi escolhido".
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Papa celebra seu aniversário (via Skype) com os detentos de Pádua - Instituto Humanitas Unisinos - IHU