17 Novembro 2025
Enormes mesas fartas foram instaladas na Praça da República, em Belém, com alimentos vindos da agricultura familiar, de movimentos sociais e coletivos ligados à luta pela terra, à agroecologia e à soberania alimentar.
A informação é de Mariana Castro, publicada por Brasil de Fato, 16-11-2025.
“Esse banquete foi construído por mãos que lutam, por mulheres que se organizam. Aqui não tem soja do agronegócio, não tem ultraprocessados que nos matam todos os dias. Nós lutamos pela terra para produzir alimentos e garantir nossa soberania alimentar”, declarou Beatriz Luz, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
No cardápio, carne e caldo de pirarucu, carne e farofa de bode, cabrito paraense, arroz com galinha, cará branco, saladas variadas, biscoitos de araruta, entre outras receitas típicas da Amazônia.
“Comida saudável é direito do povo, dever do Estado e um compromisso camponês”, declarou Telma Cristina Pinho Pinheiro, da Cozinha Solidária Mãos de Mulheres, do Movimento Camponês Popular (MCP).
“Passamos três dias preparando essas delícias e hoje apresentamos que é possível plantar também em áreas urbanas, sem veneno, por isso trouxe vatapá vegano, pirarucu no tucupi e pirarucu na folha de bananeira. Estou muito emocionada por trazer os frutos das hortas urbanas da periferia de Belém”, declarou Zira Furacão, do coletivo Irmãs da Horta.
Banquetaço da cúpula dos povos, na Praça da república, reúne cozinhas coletivas, alimentos agroecológicos e partilha popular (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Soluções reais
A proposta da Cúpula dos Povos é garantir que a estrutura do próprio evento reflita os valores que defende como soluções reais experimentadas nos territórios, com a economia popular e o respeito aos modos de vida da produção local de alimentos.
Trabalhadora da coleta seletiva durante os cinco dias da Cúpula dos Povos, Ana Maria Dias faz parte da Cooperativa de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis de Marituba e garantiu o seu caldinho de macaxeira.
“É muito importante a gente fazer a limpeza para o solo não contaminar, e eles poderem plantar e colher uma verdura saudável, eu estou achando incrível e também contribuo com isso”, conta Ana Maria.
Por meio do banquetaço, os movimentos apontam que a luta climática passa, necessariamente, pela luta contra a fome e pela valorização de práticas agroecológicas construídas por povos e comunidades tradicionais.
“Esse banquetaço celebra o encontro dos povos, onde nós, do mundo inteiro, nos reunimos para dizer que é possível construir novas humanidades, baseadas no respeito. É para dizer que tem muita gente com fome e se tem gente com fome: vamos dar de comer!”, declarou Maria Raimunda, da direção nacional do MST.
Ao servir comida para quem mais precisa, os movimentos denunciam a violência da fome que aumenta com os eventos climáticos extremos e com o sistema que alimenta esses impactos. Também reafirmam a centralidade da soberania alimentar como pilar da justiça social e climática no Brasil.
Banquetaço da cúpula dos povos, na Praça da república, reúne cozinhas coletivas, alimentos agroecológicos e partilha popular (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
“É uma potência incrível mulheres que são invisibilizadas apresentarem essa biodiversidade. É emocionante comer esse alimento, ver a alegria delas oferecendo, e a gente aqui vendo a agricultura familiar como central para combater a crise climática”, explica Denise Amador, do Mutirão Agroecológico do Rio de Janeiro.
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