Leão XIV expressa, em meio aos aplausos dos fiéis, “minha profunda proximidade ao povo palestino”

• Expresso minha profunda proximidade ao povo palestino, que continua a viver com medo, sobrevivendo em condições inaceitáveis, forçados a deixar suas próprias terras.
  
  
• Renovo meu apelo por um cessar-fogo e pela libertação dos reféns, por uma solução diplomática, pelo pleno respeito ao direito internacional humanitário e convido todos a se juntarem a mim em orações para que o amanhecer da paz e da justiça surja o mais rápido possível.

A informação é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 17-09-2025.

"A esperança cristã não nasce do barulho, mas do silêncio da espera repleta de amor. Não nasce da euforia, mas do abandono confiante. A Virgem Maria nos ensina isso: ela encarna essa espera, essa esperança." Estas foram as palavras de Leão XIV na audiência geral desta manhã, em cuja catequese ele refletiu sobre o mistério do Sábado Santo.

"A verdadeira alegria nasce da expectativa viva, da fé paciente, da esperança de que todos aqueles que viveram no amor certamente ressuscitarão para a vida eterna", indicou o Papa, que contrastou essa mesma expectativa com um modo de vida muito comum na sociedade atual, onde, observou, "vivemos como se a vida nunca fosse suficiente".

"Corremos para produzir, para demonstrar, para não perder terreno", continuou o Pontífice. "Mas o Evangelho nos ensina que saber parar é um gesto de confiança que devemos aprender a cumprir. O Sábado Santo nos convida a descobrir que a vida nem sempre depende do que fazemos, mas também de como sabemos renunciar ao que conseguimos fazer."

Nesse sentido, o Papa assegurou que "Deus não tem medo do passar do tempo, porque Ele também é Senhor da espera. Assim, até o nosso tempo 'inútil', o das pausas, do vazio, dos momentos estéreis, pode se tornar um ventre de ressurreição. Cada silêncio acolhido pode ser a premissa de uma nova Palavra. Cada tempo parado pode se tornar um tempo de graça, se o oferecermos a Deus".

"Às vezes buscamos respostas rápidas, soluções imediatas. Mas Deus trabalha profundamente dentro de nós, no tempo lento da confiança", disse Leão XIV na Praça São Pedro, mais uma vez lotada de fiéis que queriam ouvir suas palavras durante a última audiência geral do verão.

No momento das saudações, dirigindo-se ao povo de língua polonesa, ele confiou a "paz mundial" à intercessão de Santo Estanislau Kostka, padroeiro da Polônia e dos jovens, antes de expressar uma forte declaração de apoio ao povo palestino em italiano.

"Renovo meu apelo por um cessar-fogo em Gaza"

"Expresso minha profunda solidariedade ao povo palestino em Gaza, que continua a viver com medo...", – começou ele, antes de ser interrompido pelos aplausos de milhares de peregrinos – "...e a ​​sobreviver em condições inaceitáveis, forçado a deixar suas próprias terras. Diante do Senhor Todo-Poderoso, que ordenou não matar, cada pessoa tem uma dignidade inviolável que deve ser respeitada e protegida. Renovo meu apelo por um cessar-fogo e pela libertação dos reféns, por uma solução diplomática, pelo pleno respeito ao direito internacional humanitário, e convido todos a se juntarem a mim em minha oração para que o amanhecer da paz e da justiça se manifeste o mais breve possível."

Público em geral

Queridos irmãos e irmãs,

Em nossa jornada de catequese sobre Jesus, nossa esperança, hoje contemplamos o mistério do Sábado Santo. O Filho de Deus jaz no sepulcro. Mas essa "ausência" de Deus não é um vazio: é uma espera, uma plenitude contida, uma promessa guardada na escuridão. É o dia do grande silêncio, em que o céu parece mudo e a terra imóvel, mas é precisamente ali que se realiza o mistério mais profundo da fé cristã. É um silêncio prenhe de significado, como o ventre de uma mãe que guarda seu filho ainda não nascido, mas já vivo.

O corpo de Jesus, descido da cruz, foi envolvido com cuidado, como se faz com algo precioso. O evangelista João nos conta que ele foi sepultado num jardim, dentro de "um sepulcro novo, onde ninguém ainda havia sido posto" (Jo 19,41). Nada é deixado ao acaso. Aquele jardim evoca o Éden perdido, o lugar onde Deus e o homem se uniram. E aquele sepulcro nunca antes usado fala de algo que ainda está por vir: é um limiar, não um fim. No início da criação, Deus havia plantado um jardim; agora, também, a nova criação toma forma num jardim: com um sepulcro fechado que em breve será aberto.

O Sábado Santo também é um dia de descanso. Segundo a lei judaica, o sétimo dia não deve ser trabalhado: de fato, após seis dias da criação, Deus descansou (cf. Gn 2,2). Agora, também o Filho, tendo completado a sua obra de salvação, descansa. Não porque esteja cansado, mas porque concluiu a sua obra. Não porque tenha desistido, mas porque amou até o fim. Não há mais nada a acrescentar. Este descanso é o selo da obra consumada; é a confirmação do que tinha que ser feito e foi concluído. É um descanso repleto da presença oculta do Senhor.

Cansamos de parar e descansar. Vivemos como se a vida nunca fosse suficiente. Corremos para produzir, para demonstrar, para não perder terreno. Mas o Evangelho nos ensina que saber parar é um gesto de confiança que devemos aprender a cumprir. O Sábado Santo nos convida a descobrir que a vida nem sempre depende do que fazemos, mas também de como sabemos desapegar de tudo o que conseguimos fazer.

No sepulcro, Jesus, a Palavra viva do Pai, silencia. Mas é justamente nesse silêncio que a nova vida começa a fermentar. Como uma semente na terra, como a escuridão antes do amanhecer. Deus não teme o passar do tempo, porque Ele também é Senhor da espera. Assim, mesmo o nosso tempo "inutilizável" — o das pausas, do vazio, dos momentos estéreis — pode tornar-se um ventre de ressurreição. Cada silêncio acolhido pode ser a premissa de uma nova Palavra. Cada tempo congelado pode tornar-se um tempo de graça, se o oferecermos a Deus.

Jesus, sepultado na terra, é o rosto suave de um Deus que não ocupa todo o espaço. Ele é o Deus que nos deixa fazer, que espera, que se retira para nos conceder a liberdade. Ele é o Deus que confia, mesmo quando tudo parece acabado. E nós, naquele sábado de pausa, aprendemos que não precisamos nos apressar para nos levantar: precisamos descansar, abraçar o silêncio, deixar-nos abraçar pelo limite. Às vezes, buscamos respostas rápidas, soluções imediatas. Mas Deus trabalha profundamente, no tempo lento da confiança. O sábado do sepultamento torna-se assim a profundidade de onde podem brotar as forças de uma luz invencível, a da Páscoa.

Caros amigos, a esperança cristã não nasce do ruído, mas do silêncio de uma espera habitada pelo amor. Não nasce da euforia, mas do abandono confiante. A Virgem Maria nos ensina isso: ela encarna essa espera, essa esperança. Quando nos parece que tudo está parado, que a vida é um caminho interrompido, lembremo-nos do Sábado Santo. Mesmo no túmulo, Deus prepara a maior surpresa. E se soubermos acolher com gratidão o que aconteceu, descobriremos que, precisamente na pequenez e no silêncio, Deus ama transfigurar a realidade, renovando todas as coisas com a fidelidade do seu amor. A verdadeira alegria nasce da espera interior, da fé paciente, da esperança de que tudo o que viveu no amor certamente ressuscitará para a vida eterna.

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