Genocídio televisionado: o assassinato de jornalistas palestinos e a vergonha da mídia. Artigo de Kais Husein

Foto: Anadolu Ajansi

28 Agosto 2025

"A omissão da mídia internacional e brasileira já está registrada na história como cumplicidade. Quando a verdade for cobrada — porque será —, não bastará dizer 'não sabíamos'. Sabiam. Viram. Calaram. E, ao calar, tornaram-se parte do genocídio."

O artigo é de Kais Husein, bacharel em Jornalismo pela UFSM, jornalista da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL) e palestino-brasileiro LGBTQIA+, atuando diretamente da Cisjordânia, Palestina Ocupada. Ativista pela libertação da Palestina, produz matérias sobre a situação em campo e análises críticas sobre direitos humanos, diversidade e cultura palestina, sendo uma voz ativa na defesa da Palestina no cenário internacional.

Eis o artigo.

Em 10 de agosto de 2025, o jornalista palestino Anas Al-Sharif, correspondente da Al Jazeera, foi assassinado em um ataque aéreo deliberado da entidade ocupante israelense. Ele não estava sozinho: cinco colegas jornalistas, incluindo Muhammad Qreiqeh, Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa, também foram assassinados, junto a um familiar de Anas que tentava documentar o cotidiano da cidade sob bombardeios. O ataque atingiu uma tenda de jornalistas próxima ao Hospital Al-Shifa, um espaço reconhecido como zona civil e humanitária. Com essa ação, toda a equipe da Al Jazeera na Cidade de Gaza foi exterminada.

Este assassinato não foi um acidente isolado. Ele é parte de uma política deliberada de extermínio da imprensa palestina, que já vitimou 238 jornalistas desde outubro de 2023 — a maior matança de jornalistas dos genocídios e guerras contemporâneas, segundo o último relatório da FEPAL. Durante toda a Segunda Guerra Mundial, em seis anos, foram assassinados 69 jornalistas. Se aplicada a mesma escala atual de Gaza, seriam 183 mil jornalistas mortos no mesmo período, ou 265 mil na Europa considerando a demografia da Segunda Guerra. O massacre é quase 2.600 vezes maior do que o registrado no período hitleriano, o que revela o caráter sistemático da atual política de silenciamento da imprensa palestina.

O objetivo é claro: silenciar testemunhas e apagar provas. Matar jornalistas é parte da estratégia do genocídio, porque eles são quem documentam, registram e revelam a verdade ao mundo. Ao exterminá-los, não apenas se elimina a voz que denuncia, mas se destrói a possibilidade de documentar o crime, numa tentativa deliberada de eliminar evidências históricas.

Relatórios internacionais expõem como essa política é sistemática: uma unidade militar israelense, conhecida como “legitimisation cell”, foi criada para difamar jornalistas palestinos, acusando-os falsamente de vínculos com o Hamas, de modo a justificar assassinatos e reduzir a indignação global. O bloqueio absoluto à entrada de jornalistas estrangeiros em Gaza concentra toda a cobertura nos profissionais locais, transformando-os em alvos estratégicos enquanto a narrativa oficial é imposta sem contestação. Muitos foram mortos usando coletes de imprensa claramente identificados, o que prova que não eram vítimas do acaso, mas alvos deliberados. Organizações como PCHR e Al Mezan denunciam que há uma política planejada de destruir a imprensa palestina, bombardeando escritórios, casas de jornalistas e até tendas de imprensa, tudo para espalhar medo e silenciar testemunhas.

O genocídio palestino é o primeiro da era digital a ser transmitido ao vivo pelas próprias vítimas. Cada câmera ligada em Gaza é uma ameaça à continuidade do massacre, porque transforma a barbárie em evidência diante do mundo. É por isso que eliminar jornalistas não é apenas eliminar pessoas: é tentar assassinar a própria memória, impedir que a história seja documentada e garantir que, sem provas, reste apenas a versão dos opressores.

O Holocausto palestino televisionado

Desde 7 de outubro de 2023, a Faixa de Gaza enfrenta uma escalada contínua de violência sistemática. Até 15 de agosto de 2025, as estimativas apontam para 73.951 palestinos assassinados, número que inclui 11,2 mil desaparecidos sob os escombros e representa 3,32% da população de Gaza no início da ofensiva. Para se ter dimensão, no Brasil isso equivaleria a 7,1 milhões de mortos, enquanto na Europa seriam 25 milhões. Se aplicada a mesma taxa aos seis anos da Segunda Guerra Mundial, o número chegaria a 82 milhões, superando os até 70 milhões da guerra mais mortífera da história.

Estudos apontam que os números reais podem ser ainda mais devastadores. A revista The Lancet alertou que, para cada morte direta em Gaza, outras quatro ocorreriam de forma indireta por fome, doenças ou ferimentos, o que elevaria o total a 314 mil mortos, ou 14% da população. Outro estudo, de Michael Spagat em parceria com Khalil Shikaki, indicou que até janeiro de 2025 já haviam morrido 83.740 pessoas em Gaza. Já o professor israelense Yaakov Garb estimou 177 mil exterminados, metade deles crianças, confirmando que os números oficiais subestimam a magnitude do genocídio.

Entre as vítimas, 22.882 crianças foram assassinadas, incluindo 4 mil soterradas nos escombros. Isso equivale a 10.306 crianças mortas por milhão de habitantes em menos de dois anos, taxa quase quatro vezes superior à da Segunda Guerra Mundial. Mais de 40 mil ficaram órfãs, sendo 17 mil privadas de pai e mãe.

As mulheres também foram alvos diretos: 13.100 foram assassinadas, incluindo ao menos mil grávidas, configurando duplo extermínio. A taxa de abortos involuntários aumentou 300%, e estima-se que entre 50 e 60 mil palestinas tenham de dar à luz nos próximos meses em condições de fome, sem hospitais, medicamentos ou saneamento. O genocídio já provocou uma queda de 41% na taxa de natalidade em Gaza no primeiro semestre de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024.

Entre os idosos, 4.412 foram exterminados. Profissionais que sustentam a vida também foram alvos: 1.411 trabalhadores da saúde foram assassinados, 1.500 ficaram gravemente feridos ou mutilados e ao menos 500 foram sequestrados e torturados em prisões israelenses. Funcionários humanitários sofreram o maior massacre da história: 203 integrantes da ONU foram assassinados, além de 113 membros da defesa civil.

A destruição de Gaza alcança 80% de toda a infraestrutura, com 92% das residências arrasadas. São quase 193 mil edifícios destruídos ou danificados, o equivalente a quatro vezes a cidade de São Paulo. Mais de 12 mil estudantes foram mortos, 20 mil feridos, quase mil professores assassinados e mais de 400 escolas e universidades destruídas. Cerca de 620 mil alunos e 88 mil universitários estão impedidos de estudar há quase dois anos.

Ao todo, 163.559 palestinos ficaram feridos, a maioria mulheres e crianças, o que representa 7,35% da população de Gaza. Essa mutilação em massa demonstra a intenção de transformar a sociedade palestina em um corpo coletivo inválido. A expectativa de vida caiu de 75,5 anos para 36 anos entre homens e 44 entre mulheres, um colapso sem precedentes.

Mais de 85 mil toneladas de explosivos foram lançados sobre Gaza, seis vezes a carga da bomba de Hiroshima, superando até os bombardeios de Dresden, Hamburgo e Londres na Segunda Guerra Mundial.

Essas cifras confirmam que não se trata de uma “ofensiva militar”, mas de um genocídio em larga escala, um holocausto palestino televisionado diante dos olhos do mundo, naturalizado por uma mídia internacional que se recusa a reconhecer a gravidade histórica do crime.

A cumplicidade da mídia internacional

A imprensa ocidental, especialmente grandes conglomerados como The New York Times e BBC, tem sido denunciada por sua cobertura enviesada e pela omissão diante do genocídio em Gaza. Reportagem da FEPAL mostrou como esses dois veículos, entre os mais influentes do mundo, atuam de forma cúmplice: enquanto suavizam o termo “genocídio” para descrever os massacres em Gaza, dão espaço desproporcional à versão oficial israelense, legitimando a narrativa militar que busca justificar a eliminação de civis e jornalistas.

Esse padrão não é exceção, mas regra. Em novembro de 2024, a Folha de S. Paulo repercutiu a denúncia de uma jornalista palestina, Shahd Safi: “A mídia é cúmplice do genocídio contra os palestinos”. Ele ressaltou como grandes jornais e redes de TV tratam o extermínio em Gaza como “conflito” ou “guerra”, evitando a palavra genocídio, ao mesmo tempo em que criminalizam as vítimas palestinas e normalizam as justificativas israelenses.

Essa seletividade linguística é parte do processo de desumanização: mortos palestinos são reduzidos a números ou descritos como “escudos humanos”, enquanto mortos israelenses recebem tratamento de histórias individuais, humanizadas e carregadas de emoção.

Além disso, há um componente de dependência estrutural: muitos veículos internacionais operam sob forte influência de lobbies políticos e pressões econômicas. O Guardian revelou em agosto de 2025 a existência de uma célula militar israelense dedicada a ligar jornalistas palestinos ao Hamas, moldando o discurso internacional e justificando ataques letais. Se a propaganda oficial israelense encontra eco nas maiores redações do planeta, isso significa que não apenas o massacre é televisionado, mas também que sua justificativa é industrialmente produzida e reproduzida pela mídia global.

Essa cumplicidade é perigosa porque opera em silêncio. Não se trata de defender “israel” abertamente, mas de organizar o esquecimento: escolher quais imagens chegam às telas, quais vozes são amplificadas e quais são descartadas. A consequência é a naturalização de um genocídio que, sem essa blindagem midiática, já teria provocado mobilizações internacionais comparáveis às que ocorreram contra o apartheid na África do Sul.

O padrão de perseguição

O assassinato de jornalistas palestinos não é uma ocorrência isolada, mas parte de um padrão sistemático de intimidação, silenciamento e impunidade. O uso de equipamentos de proteção, como coletes e capacetes marcados com “PRESS”, que antes ofereciam algum grau de segurança, passaram a expor os profissionais a ataques deliberados. Em junho de 2024, uma investigação do Le Monde revelou que pelo menos 108 jornalistas haviam sido mortos desde outubro de 2023, muitos atingidos enquanto transmitiam ou buscavam sinal — “o colete de imprensa agora nos põe em perigo”, afirmaram repórteres.

Em janeiro de 2024, os jornalistas Hamza al-Dahdouh e Mustafa Thuraya foram mortos em Rafah durante fuga após um ataque inicial no qual haviam ficado feridos — o carro em que estavam foi atingido enquanto buscavam socorro, conforme documentado por Al-Haq, PCHR e Al Mezan. A perseguição também ocorre no campo da propaganda. Em agosto de 2025, veio a público a existência da chamada “legitimisation cell”, uma unidade militar israelense encarregada de difamar jornalistas como militantes do Hamas para justificar assassinatos e moldar a percepção internacional.

Esse cerco opera em diversas frentes: bloqueio de entrada a repórteres estrangeiros, prisões administrativas sem acusações formais, 76 jornalistas palestinos sequestrados em “israel”, dos quais 50 permanecem em masmorras de tortura, perseguição por veículos militares, destruição de equipamentos e ataques até mesmo sob cobertura de identificação de imprensa na Cisjordânia e Gaza.

O caso de Shireen Abu Akleh mostra que essa política não é nova. A jornalista palestino-americana da Al Jazeera foi assassinada em maio de 2022, em Jenin, enquanto cobria uma incursão militar. Vestia colete de imprensa e capacete, mas foi alvejada na cabeça por disparos israelenses. “israel” negou envolvimento, depois alegou “erro”, mas nunca responsabilizou ninguém. Relatórios independentes, como o da Forensic Architecture, apontam que ela foi deliberadamente alvejada e negada de socorro médico. Sua morte tornou-se símbolo da impunidade: até hoje, ninguém foi processado.

Como resumiu o El País, “Israel assassina as testemunhas em Gaza”: quando não consegue impedir que a realidade seja filmada, persegue, criminaliza e elimina quem a registra. Essa é a essência do padrão: silenciar quem prova.

Autocensura e a vergonha da imprensa brasileira

Se no exterior o silêncio e a distorção já configuram cumplicidade, no Brasil a cobertura é marcada por um padrão estrutural de autocensura, alinhamento político e até assessoria de imagem. Em julho de 2024, o Brasil de Fato publicou um editorial perguntando se o Brasil estava “contra ou a favor do genocídio palestino”. A questão não era retórica: ao analisar a cobertura da grande imprensa, o texto mostrou como manchetes brasileiras esvaziam a gravidade histórica do crime, preferindo termos como “conflito” ou “ofensiva” — ocultando a palavra genocídio, como se nomear fosse crime.

O Observatório da Imprensa analisou dezenas de reportagens de Globo, Folha, Estadão e CNN Brasil e concluiu que o enquadramento da cobertura é quase sempre favorável a “israel”, ainda que de forma indireta. As vítimas palestinas são citadas como “mortos” ou “feridos” sem contexto, enquanto os comunicados oficiais israelenses são reproduzidos como explicação legítima.

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo (SJSP) foi enfático: a grande imprensa brasileira é cúmplice do genocídio por repetir versões oficiais sem checagem e por silenciar vozes palestinas no debate público. A Jacobin Brasil reforçou: “a cumplicidade brasileira com o genocídio tem de acabar”, lembrando que a mídia nacional não é neutra, mas parte de uma estrutura de poder que legitima a violência colonial contra palestinos.

Esse padrão se expressa de forma mais explícita na Rede Globo, acusada pela FEPAL de exercer um papel de assessoria de comunicação a “israel", ajudando a moldar uma narrativa que minimiza crimes de guerra e normaliza o extermínio. Em 2025, a mesma entidade denunciou a Globo em congresso internacional por censurar vozes palestinas e impedir que especialistas e jornalistas independentes aparecessem em seus programas.

Esse controle da narrativa não se limita à grande mídia televisiva. Plataformas digitais como YouTube também têm colaborado para silenciar críticas. O canal do Brasil 247, que denunciava o genocídio em Gaza, foi excluído sob alegações vagas de “violar diretrizes”, fato que a FEPAL classificou como parte de uma “ditadura global da comunicação”.

O Intercept Brasil também destacou outro traço específico da imprensa brasileira: sua capacidade de usar o genocídio palestino como instrumento de política doméstica. Segundo reportagem de fevereiro de 2024, os veículos nacionais praticaram simultaneamente dois de seus “esportes preferidos”: atacar o presidente Lula e defender “israel”, evidenciando que a cobertura não era apenas enviesada, mas também instrumentalizada para disputas internas.

O resultado é um jornalismo que escreve suas manchetes com sangue palestino: omite, distorce, manipula e silencia. Ao negar voz às vítimas e reproduzir propaganda oficial, a mídia brasileira não apenas falha em cumprir sua função ética — ela se torna parte do genocídio, cúmplice de sua perpetuação e guardiã de sua invisibilidade.

Anas Al-Sharif: resistência, legado e um testamento de verdade

Anas Jamal al-Sharif, correspondente da Al Jazeera, não deixou apenas imagens e reportagens. Ele deixou um testamento político e pessoal escrito em 6 de abril de 2024, muito antes de seu assassinato. O documento foi preparado por ele para que, no dia em que fosse morto, alguém de confiança publicasse em suas redes sociais. Foi exatamente o que aconteceu: horas após sua execução em Gaza, sua última mensagem apareceu em sua conta no X, como um grito que atravessou o silêncio das bombas.

“Esta é a minha vontade e minha mensagem final. Se estas palavras chegarem até vocês, saibam que Israel conseguiu me matar e silenciar minha voz. Que a paz, a misericórdia e as bênçãos de Deus estejam com vocês.
Deus sabe que dei todo o meu esforço e força para ser apoio e voz ao meu povo...
Vivi a dor em todos os seus detalhes, experimentei sofrimento e perda repetidamente.
Ainda assim, jamais hesitei em relatar a verdade como ela é, sem distorções ou falsificações.
Que Deus seja testemunha contra aqueles que permaneceram calados, que aceitaram nosso assassinato, que não se comoveram diante dos corpos mutilados de nossas crianças e mulheres, que não interromperam o massacre que nosso povo sofre há mais de um ano e meio.”

Esse testamento não foi mero desabafo. Foi ato de resistência, denúncia e legado. Anas escolheu ficar em Gaza quando poderia ter saído; recusou ofertas de segurança em troca de silêncio; decidiu conscientemente seguir registrando os crimes de guerra, mesmo sabendo que estava condenado.

Quando foi assassinado em 10 de agosto de 2025, junto de colegas jornalistas e familiares, “israel” tentou justificar a execução acusando-o falsamente de ser militante do Hamas. Mas sua própria mensagem, escrita mais de um ano antes, já desmontava a narrativa: ele sabia que seria criminalizado para que sua morte fosse aceita pelo mundo.

Com sua vida e sua morte, Anas Al-Sharif provou que o jornalismo palestino não é apenas profissão. É resistência. É a trincheira final contra o apagamento da memória. É a recusa em permitir que a história seja escrita apenas pelos algozes.

Silenciar é comprometer

O assassinato de Anas Al-Sharif e de centenas de jornalistas palestinos não é obra do acaso. É método. É política de extermínio. Para sustentar o genocídio, “israel” precisa eliminar não apenas corpos, mas também vozes, memórias e arquivos. Jornalista morto não escreve. Câmera destruída não mostra. Testemunha silenciada não incomoda. É isso que está em jogo.

E é por isso que a imprensa que se cala está de mãos dadas com o carrasco. Cada manchete que chama genocídio de “conflito” é uma pá de cal sobre a memória das vítimas. Cada jornal que reproduz, sem questionar, a versão oficial da ocupação é cúmplice ativo, não observador passivo. Não existe neutralidade possível diante de 73 mil mortos, entre eles 22 mil crianças, e diante do maior massacre de jornalistas da história moderna. A escolha é simples: ou se denuncia, ou se participa.

A omissão da mídia internacional e brasileira já está registrada na história como cumplicidade. Quando a verdade for cobrada — porque será —, não bastará dizer “não sabíamos”. Sabiam. Viram. Calaram. E ao calar, tornaram-se parte do genocídio.

Mas se há quem silencie, há também quem resista. Anas Al-Sharif deixou seu testamento como ordem e compromisso: “Não permitam que correntes silenciem vocês.” Essa frase não é despedida, é herança. É convocação a todos que se dizem jornalistas: ou carregamos essa tocha ou admitimos covardemente que traímos nossa própria profissão.

O genocídio palestino será lembrado como o primeiro holocausto televisionado da história. E quando a história cobrar, cada jornalista terá de responder: esteve ao lado da verdade ou da propaganda? Denunciou ou compactuou? Escreveu para libertar ou para encobrir?

Silenciar é comprometer-se. E quem se compromete com o opressor será julgado pela história. A diferença é clara: nomes como o de Anas Al-Sharif e de tantos outros jornalistas palestinos serão lembrados com honra e coragem. Os outros carregarão para sempre a vergonha de terem manchado as mãos com o sangue palestino, de terem usado manchetes para encobrir massacres e de terem transformado o jornalismo em arma vil de propaganda.

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