01 Agosto 2025
A Igreja Católica espanhola “articula e opera uma colossal máquina de fazer o bem à sociedade” no plano sociocaritativo e educativo e possui um património histórico-artístico “incomparável”, mas, ao mesmo tempo, vê o número de frequentadores da missa dominical sempre a diminuir e o de casamentos católicos e da taxa de batismos a desmoronar-se.
A informação é publicada por 7Margens, 30-07-2025.
São estas algumas das conclusões de um relatório intitulado “Demografia da Igreja Católica, às portas do seu terceiro milénio”, que acaba de ser publicado, da autoria do Observatório Demográfico da Fundação Universitária São Paulo, de Madri.
O documento de 34 páginas, divide-se em duas partes, sendo a primeira sobre a demografia da Igreja Católica no mundo e a segunda centrada na Espanha.
É, assim, possível verificar que os católicos representam apenas 21% da população europeia (ao contrário das Américas, onde são quase metade, mais precisamente 48%), mas é na Europa que se concentra a esmagadora maioria dos padres, tanto diocesanos como de ordens religiosas. Em 2022, ano a que se referem as últimas estatísticas da Igreja Católica, dos mais de 279 mil padres diocesanos existentes no mundo, cerca de 40% viviam na Europa e 30% na América. Quanto aos padres religiosos, idêntica tendência se verifica. Outro aspecto que sobressai dos dados é que, quanto aos membros de congregações religiosas, o número de mulheres (à roda de 600 mil) é incomparavelmente superior ao dos homens (cerca de 50 mil).
Muito deste pessoal religioso, a que haveria ainda que juntar os consagrados e leigos, dedica-se a instituições sociocaritativas e à educação, em todos os níveis de ensino (que envolviam mais de 70 milhões de alunos, em todo o mundo, 40% dos quais no continente africano).
Passando ao caso da Espanha, o relatório faz notar que a grande maioria dos espanhóis foi batizada e é “culturalmente católica”. Porém, os católicos de missa dominical são uma minoria. Associado a este dado está o “desmoronamento” dos números de casados pela Igreja; o enfraquecimento do sentimento religioso (documentado em múltiplos inquéritos); a baixa drástica das vocações para o presbiterado; a taxa de fecundidade dos casais (que costumava ser maior entre os mais religiosos do que na população em geral) e o número de batismos (se comparado com o dos nascimentos) também em queda.
Neste quadro, o fenômeno dos imigrantes parece não ter reflexos unívocos – uma parte dos migrantes vêm de países não católicos; em contrapartida, a imigração da América Latina favorece o crescimento do catolicismo.
Dados da Conferência Episcopal Espanhola, citados no relatório, indicam que 8,2 milhões de pessoas assistiam regularmente à missa em 2023. “É muita gente, mas muito menos do que outrora”, refere o estudo.
Cruzando este dado com outros, publicados pelo Centro de Investigações Sociológicas do país vizinho, relativos já ao ano de 2025, verifica-se que 55,5% dos espanhóis se dizem católicos; porém só 18,7 por cento se considera não praticante.
No meio deste panorama de decadência, o relatório mostra como é impressionante o impacte dos serviços prestados pela Igreja Católica no combate à pobreza, na promoção da saúde, no atendimento em ambulatório, no acolhimento e integração de imigrantes, entre outros.
O dado preocupante, neste terreno, é que o clero, que, em muitas circunstâncias, promove, anima e enquadra muitos destes serviços, é cada vez mais raro e cada vez mais velho: a média de idades é superior a 65 anos.