25 Junho 2025
A informação é de CRISMHOM, publicada por Religión Digital, 24-06-2025.
Com grande alegria, no último dia 21 de junho, sócios, simpatizantes e muitos amigos nos reunimos para celebrar a 19ª edição do nosso Prêmio Arco-Íris 2025, com Ana Sánchez e Kike Becerra como apresentadores, que conduziram o caminho e ditaram o ritmo da cerimônia.
Mais um ano em que entregamos nosso querido prisma, essa figura transparente na qual a luz, ao incidir, se multiplica nas diferentes cores do arco-íris. Esse espetáculo que encerra a diversidade de todas as cores e que, se faltasse uma, não estaria completo — para nós, é metáfora da tolerância e da inclusão, assim como a sociedade ou as Igrejas não estão completas se não acolhem em seu seio, com naturalidade e de forma plena, a riqueza de todos, incluindo os membros do coletivo LGTBI.
E embora haja sinais preocupantes de certos retrocessos nos direitos das pessoas LGBTI, basta pensar nas últimas leis aprovadas no Reino Unido, que determinam que apenas aqueles nascidos assim são biologicamente mulheres, ou nas leis dos Estados Unidos, onde apenas dois gêneros são reconhecidos, ou no aumento dos crimes de ódio em nosso país, que aumentaram de 6,8% para 16,25% em ataques contra a comunidade. Apesar disso, é motivo de alegria ver como cada vez mais indivíduos, associações, etc. são candidatos e mais do que merecedores do nosso prêmio.
A CRISMHOM não para de crescer, tanto no número de associados quanto nas atividades que desenvolve, tanto em nível interno quanto em sua incidência na sociedade e nas diferentes Igrejas (não nos esqueçamos de que a CRISMHOM é uma comunidade ecumênica, e que seus integrantes e ações têm impacto não apenas em nossa sociedade ou na Igreja Católica, mas também nas demais denominações cristãs). Assim, nosso trabalho está estruturado em 18 áreas, algumas criadas recentemente, que completam e enriquecem, cada vez mais, as possibilidades tanto de acolhida quanto de impacto para todos.
Desde 2007, ano em que foram instituídos nossos prêmios para agradecer, dar visibilidade e valorizar os esforços feitos por muitos pela inclusão plena das pessoas LGTBI nas Igrejas e na sociedade — sem automatismos e com plenos direitos —, foram inúmeras as personalidades da cultura, da política, do âmbito religioso, de reportagens jornalísticas, revistas etc. que foram escolhidas para recebê-los. Como nos recordou Ramón Legaspi, atual presidente da CRISMHOM, esses prêmios foram criados para apoiar aqueles que constroem pontes, que estão dispostos a remar junto com os diferentes. A filosofia escolástica clássica dizia que a perfeição do universo reside na soma de suas imperfeições. Esses prêmios querem contribuir com essa soma.
Neste ano, entre várias candidaturas, foi escolhido nosso querido Papa Francisco — sendo esta a primeira vez que o prêmio é concedido postumamente.
As razões são muitas, aqui destacamos apenas algumas: acreditamos ser oportuno agradecer ao Papa Francisco por seu ministério petrino em favor dos grupos mais desfavorecidos e, é claro, do nosso coletivo LGTBI+, tanto no plano social quanto dentro da Igreja. Embora os avanços possam parecer pequenos ou lentos, pensamos que, em poucos anos, portas que até muito recentemente estavam completamente fechadas foram abertas, começou-se a trilhar caminhos que antes simplesmente não existiam e pareciam impossíveis. Por isso, não podemos deixar de reconhecer e valorizar que o Papa Francisco foi o primeiro pontífice que, a partir da cátedra de Pedro, levantou fortemente a voz em favor da inclusão de TODOS, TODOS, TODOS na Igreja.
Ele pediu que a homossexualidade deixe de ser criminalizada nos países onde ainda é considerada crime e punida com prisão ou pena de morte. Com a convocação do Sínodo da Sinodalidade, abriu as portas para o diálogo sobre a questão da diversidade sexual, entre outros temas “tabu” em nossa amada Igreja. Além disso, com Fiducia supplicans, deu-nos outro sopro de ar fresco, ao trazer à tona as bênçãos para casais do mesmo sexo, assim como a possibilidade de pessoas trans poderem ser padrinhos/madrinhas de outros(as/es) católicos, no que diz respeito aos sacramentos.
Outro aspecto importante a destacar é que Francisco não se escondeu diante da nossa realidade — ele nos olhou nos olhos e encorajou aqueles que trabalham por e com o nosso coletivo (James Martin, irmã Genoveva, María Luisa Berzosa, etc.) a seguirem em frente, fazendo Igreja. Ele chegou a receber em audiências pessoas transexuais, transmitindo-lhes afeto e respeito, fazendo-as sentir-se parte da Igreja.
Foi muito emocionante para todos (católicos e não católicos, cristãos e não cristãos) ver as imagens do nosso querido Papa, ouvi-lo, sentir seu amor por cada um de nós que estávamos presentes. Recordar suas palavras: “Somos amados como somos. Na Igreja, ninguém sobra. Todos, todos, todos cabem. Há espaço para todos. E, se não houver, por favor, façam com que haja”.
A noite foi completada com a participação de María Luisa Berzosa, religiosa jesuitina, amiga e colaboradora de Francisco, que em diversas ocasiões apresentou ao Santo Padre a nossa realidade.
E a apresentação, com um público completamente envolvido, do cantor e compositor Luis Guitarra, contribuiu com seu talento e letras profundas para que o clima de família, de alegria serena e de festa crescesse ainda mais. Como ele disse: “Querido Papa Francisco, em ti, nada se perde”.
E concluo com as palavras do teólogo Luisma González García: “Francisco aprendeu a nos amar e a Igreja está aprendendo a nos amar. A Igreja nos ama e nós amamos profundamente a Igreja porque foi nela que conhecemos Jesus, o plenamente inclusivo.”
Como encerramento da jornada, foi compartilhado um ágape fraterno, em um espaço do mercado de San Fernando, onde a celebração continuou, em um ambiente agradável, saboreando tapas deliciosas e bebidas para aliviar um pouco o calor daquela noite madrilenha.