05 Junho 2025
Um grupo de especialistas da ONU exige passagem segura para o navio que espera entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
A reportagem é de Luis Carlos Pinzón, publicada por El País, 04-06-2025.
A coalizão Flotilha da Liberdade informou que o navio Madleen — que transportava a ativista sueca Greta Thunberg — foi atacado por drones israelenses na noite de terça-feira. O navio partiu no último domingo de Catânia, na Sicília, com destino à Faixa de Gaza, com o objetivo de entregar ajuda humanitária e abrir um "corredor marítimo civil" em meio ao bloqueio naval imposto a Gaza. O Exército israelense afirmou que sua Marinha está "mobilizada" para "proteger o espaço marítimo e as fronteiras de Israel", segundo a porta-voz-chefe da instituição, Effie Defrin. A embarcação deve chegar à costa palestina por volta do próximo fim de semana, embora não tenha conseguido fazê-lo em ocasiões anteriores.
O brasileiro Thiago Ávila, um dos tripulantes do barco, denunciou o assédio nas redes sociais em um vídeo no qual aparece ao lado de Thunberg usando coletes salva-vidas. Os ativistas alegaram ter "confirmado" a presença de um drone enquanto estavam a 80 quilômetros da costa da Grécia, após o que iniciaram seus "procedimentos de segurança". Além da sueca, outros 11 ativistas de todo o mundo estão a bordo do Madleen: seis cidadãos franceses — incluindo a eurodeputada Rima Hassan (La France Insoumise) —, um brasileiro, um turco, um holandês, um alemão e Sergio Toribio, espanhol. Todos estão desarmados.
A organização está transportando "suprimentos essenciais para a população de Gaza", afirmou em um comunicado divulgado no domingo. Entre eles, estão fórmulas infantis, farinha, arroz, fraldas, produtos de higiene feminina, equipamentos para dessalinização de água, suprimentos médicos, muletas e próteses para crianças. "O cerco a Gaza é mantido não apenas pela potência agressora israelense, mas também pela inação global. Apesar dos riscos, acreditamos que a resistência civil direta continua importante e que a solidariedade ativa pode mudar a bússola moral do mundo", enfatizou a coalizão.
O desatracamento do barco Madleen, de bandeira britânica — batizado em homenagem à única pescadora conhecida em Gaza, Madleen Kullab — ocorre apenas um mês após outro navio da coalizão ter sido atacado por drones a 22 quilômetros da costa de Malta. Israel permanece em silêncio sobre sua responsabilidade pelo ataque ao Conscience, apesar de ser o suposto autor. Em 2010, o ataque israelense ao Mavi Marmara, outro navio da coalizão, deixou 10 mortos. Naquela ocasião, cerca de 750 ativistas de 60 nacionalidades diferentes buscavam levar 10.000 toneladas de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza a bordo de seis navios.
Na ocasião, um grupo de relatores especiais da ONU emitiu um comunicado exigindo "passagem segura" para o navio. "O povo de Gaza precisa urgentemente de assistência para evitar sua aniquilação, e esta iniciativa é um esforço simbólico e contundente para fornecê-la", enfatizaram os especialistas na última segunda-feira. Eles também lembraram que, em março de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça "emitiu medidas provisórias reconhecendo que a fome e a inanição eram galopantes em Gaza, criando um risco de genocídio", e que, em novembro de 2024, o Tribunal Penal Internacional emitiu um mandado de prisão contra Netanyahu "pelo crime de guerra de inanição".
O bloqueio terrestre, marítimo e aéreo de Gaza remonta a 2007, quando Israel o impôs sob o pretexto de impedir a entrada de armas na Faixa. O bloqueio total mais recente do enclave, em vigor desde 2 de maio, deixou quase 2,1 milhões de habitantes de Gaza sem acesso a alimentos, combustível ou produtos de higiene. O acesso à ajuda humanitária na Faixa é controlado pelo Estado judeu, que lançou um controverso sistema de entrega de alimentos — projetado pelo governo de Benjamin Netanyahu e executado pelos Estados Unidos — que deixou cerca de 100 mortos em tiroteios em uma semana.
Greta Thunberg no mar com a Flotilha da Liberdade em direção a Gaza, o alarme: "Há um drone acima de nós" - la Repubblica https://t.co/Wb3JGvv0KM
— IHU (@_ihu) June 4, 2025