26 Mai 2025
Israel continua a atacar implacavelmente vários locais na Faixa de Gaza e, na manhã de segunda-feira, matou pelo menos 31 pessoas com um ataque a bomba em uma escola onde pessoas deslocadas estavam abrigadas na Cidade de Gaza. A EFE e a Associated Press informaram que fontes locais de saúde estimam o número de mortos em 31 e mais de 50 feridos. A rede de televisão do Catar aumenta o número de mortos para 36.
A reportagem é publicada por El Diario, 26-05-2025.
Um vídeo do ataque compartilhado nas redes sociais mostra um grande incêndio causado pelo bombardeio e uma menina palestina tentando escapar das chamas. Há também imagens de corpos carbonizados.
Por sua vez, o exército israelense declarou que a escola Faami Aljerjawi, na Cidade de Gaza, abrigava "terroristas que operavam a partir de um centro de comando e controle do Hamas e da Jihad Islâmica", os principais grupos armados palestinos na Faixa de Gaza. As Forças de Defesa de Israel (IDF) atacaram inúmeras escolas e abrigos para pessoas deslocadas, alegando que militantes palestinos estão escondidos e operando entre eles, embora raramente forneçam evidências para apoiar essas acusações.
As IDF confirmaram na segunda-feira que continuam operando contra "organizações terroristas" e que, nas últimas 48 horas, suas aeronaves atingiram 200 "alvos" na Faixa de Gaza.
Além do ataque à escola na Cidade de Gaza, outro bombardeio a uma casa na cidade de Jabalia, no norte do país, matou 15 pessoas, incluindo membros da mesma família e deslocados, segundo a EFE.
🚨 MUST-WATCH FOOTAGE | A little Palestinian girl was seen walking through the flames after Israeli occupation forces committed a horrific massacre by targeting the Fahmi Al-Jirjawi School, which was sheltering displaced civilians who had fled the heavy Israeli bombardment in… pic.twitter.com/KXiZzeQVvB
— Quds News Network (@QudsNen) May 26, 2025
À medida que a ofensiva militar continua, que Israel redobrou na semana passada com o lançamento da Operação Carros de Gideão, a ajuda humanitária chega à população civil faminta e desesperada após um bloqueio total que durou mais de dois meses e meio.
O governo israelense vem permitindo uma quantidade mínima de ajuda em Gaza desde a semana passada, enquanto finaliza seu plano para um novo sistema de distribuição não administrado pela ONU, mas por empresas privadas, sob a supervisão de tropas israelenses. A organização responsável pela implementação do mecanismo é a chamada Fundação Humanitária de Gaza, cujo diretor executivo, Jake Wood, renunciou. Em uma declaração, Wood disse que o plano israelo-americano para Gaza não pode ser implementado com base "nos princípios humanitários de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência".
No entanto, o conselho de diretores da Fundação declarou que "não recuará" e que, apesar da renúncia de Wood, as entregas de ajuda começarão nesta segunda-feira e terão como objetivo atingir mais de um milhão de habitantes de Gaza ao longo da semana.
O plano, concebido por Israel e apoiado pelos EUA, envolve empresas privadas, que substituiriam a ONU e organizações humanitárias que operam no local, e envolve a distribuição de ajuda por um número limitado de centros "seguros" no sul de Gaza, forçando os palestinos a viajar para aquela área para receber assistência. Tanto as Nações Unidas quanto outras organizações internacionais criticaram o mecanismo porque ele envolveria deslocamento populacional e porque, na prática, seria muito difícil alcançar os mais de dois milhões de pessoas necessitadas.
O jornal israelense Haaretz revelou que a empresa escolhida para administrar a Fundação Humanitária de Gaza é a americana Safe Reach Solutions (SRS), que não tem experiência anterior nessa área. O jornal relata que a escolha foi feita pelo governo de Benjamin Netanyahu por meio de "um processo secreto e não competitivo que contornou os canais normais do governo" e que até mesmo altos funcionários da Defesa ficaram "perplexos" com a escolha.
A SRS afirma estar sediada nos Estados Unidos. Um de seus executivos, Phil Reilly, ex-oficial da CIA, também representava outra empresa em Israel chamada Orbis, que fornecia informações ao governo israelense sobre ajuda humanitária em Gaza, de acordo com a investigação do jornal.