13 Mai 2025
Autoridades dos órgãos de fiscalização financeira dos Estados Unidos tentam enfraquecer o poder de uma força-tarefa de alto nível criada em 2020 para examinar os riscos das mudanças climáticas para o sistema financeiro mundial. A mobilização foi criada pelo Comitê de Supervisão Bancária de Basileia, órgão que define os padrões para a regulamentação financeira global.
A informação é publicada por ClimaInfo, 12-05-2025.
A proposta de diluir a força-tarefa do comitê de Basileia estava na pauta de uma reunião dos principais presidentes de bancos centrais e supervisores financeiros do mundo de 2ª feira (12/5), de acordo com três fontes ouvidas pelo Financial Times (matéria traduzida pelo Valor). A iniciativa ocorre em um momento em que o governo de Donald Trump toma medidas para forçar todos os braços do governo dos EUA, juntamente com organismos internacionais, como Banco Mundial e FMI, a abandonar seu foco no clima.
Os quatro reguladores estadunidenses no comitê de Basileia – o Fed, banco central do país, o Fed de Nova York, o Escritório do Controlador da Moeda (OCC) e a Corporação Federal de Seguro de Depósitos (FDIC) – estão pedindo que a força-tarefa seja reduzida a um grupo de trabalho. Mas é provável que o Banco Central Europeu (BCE) e outros membros europeus do comitê se oponham a essa proposta, informa o OilPrice.
Para a consultora sênior de políticas financeiras do Programa Climático da Public Citizen, Anne Perrault, o governo Trump está “perigosamente fingindo que os EUA estão a salvo de danos financeiros significativos relacionados ao clima e não precisam de aliados para enfrentar as ameaças representadas pelas mudanças climáticas.”
“Esses riscos financeiros relacionados ao clima estão vinculados aos limites da capacidade da Terra de assimilar emissões de gases de efeito estufa e não podem ser enfrentados sem o tipo de cooperação e proeminência globais proporcionados pela força-tarefa”, completou.
Os ataques de Trump à agenda climática continuam e preocupam organizações e outros segmentos econômicos. A Casa Branca ordenou que as agências federais parem de considerar os danos econômicos causados pelas mudanças climáticas ao redigir regulamentações, exceto nos casos em que isso seja “claramente exigido” por lei, explicou o New York Times.
A diretiva arquiva uma ferramenta poderosa que vem sendo usada há mais de duas décadas pelo governo federal dos EUA para avaliar os custos e benefícios de uma determinada política ou regulamentação. O governo de Joe Biden usou a ferramenta para fortalecer os limites de emissões de gases de efeito estufa de carros, usinas de energia, fábricas e refinarias de petróleo.
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