12 Mai 2025
Convite foi feito pelo arcebispo de Manaus e reforçado pelo comando da COP30; escolha de Prevost foi comemorada pelo governo brasileiro.
A informação é publicada por ClimaInfo, 12-05-2025.
Robert Prevost, eleito Papa Leão XIV na última 5ª feira (08/5), tinha passagens compradas para ser a principal atração da Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em Aparecida do Norte (SP) no final de abril. Os planos mudaram com o adoecimento e a morte do Papa Francisco, e tornaram-se ainda mais imprevisíveis desde a nomeação. A depender, porém, dos cardeais brasileiros e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Pontífice fará em breve nova visita a terras brasileiras, desta vez para participar da COP30, em Belém (PA).
Como O Globo noticiou, o convite partiu do cardeal Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, que destacou a importância do evento. Steiner informou não saber se o novo Papa teria tempo para se planejar, mas garantiu que “com certeza” ele virá ao Brasil, descrevendo-o como um “homem de muito diálogo”, sereno e preocupado com os pobres.
O Papa Leão XIV tem estreitos laços com a CNBB e é próximo de Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da entidade. O secretário-geral da Conferência, Dom Ricardo Hoepers, já havia comentado sobre a possível vinda do Pontífice e que sua participação na COP30 seria um marco significativo, reforçando o engajamento da Igreja Católica nas questões climáticas.
A presença do novo Papa na COP30 sinalizaria também a continuidade do legado deixado pelo Papa Francisco e suas articulações em defesa da “Casa Comum”, sempre longe do negacionismo climático. O então cardeal Prevost participou ativamente de boa parte dessas iniciativas, em especial do Sínodo da Amazônia, em 2019 – evento que gerou críticas do então governo Bolsonaro, que chegou a monitorar o encontro por meio da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), como lembrou Jamil Chade na UOL.
O convite ao Papa Leão XIV para participar da COP30 também foi reforçado pela secretária-executiva da Conferência, Ana Toni, e deve ser levado pessoalmente pelo vice-presidente Geraldo Alckmin no próximo domingo (18), quando ele participará da missa inaugural do novo Pontífice no Vaticano. O Globo abordou a avaliação positiva do governo federal à escolha de Prevost, vista como uma garantia de continuidade do legado de Francisco.
((o)) eco também destacou a expectativa em torno da agenda de Leão XIV para o meio ambiente e a crise climática.
Líderes indígenas como Kleber Karipuna (APIB) e Angela Kaxuyana (COIAB), além da extrativista Letícia Moraes (CNS), estarão na COP30 para tratar dos efeitos que já sofrem na pele. É o que mostra a reportagem publicada por O Globo e Valor sobre os impactos climáticos reais enfrentados pelas comunidades dessas lideranças – desde secas históricas no Pará, que comprometem a segurança alimentar, até incêndios no Marajó, que reduzem em 40% a renda de famílias extrativistas. Os representantes buscam incluir na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira demandas urgentes como demarcação de terras, titulação de territórios extrativistas e acesso direto a financiamentos climáticos, argumentando que proteger seus territórios é a forma mais eficaz de manter a floresta em pé e combater a crise climática.
Marcele Oliveira, produtora cultural e ativista climática do Realengo (RJ), também se apresenta como uma voz para a diversidade na COP30, relatou a Folha. Como Jovem Campeã Climática – cargo conquistado entre 154 candidatos –, ela conta que sua atuação reforça a necessidade de incluir periferias, negros e jovens nas decisões globais, posicionando o Brasil como liderança climática que valoriza a pluralidade articulando justiça ambiental, cultura periférica e participação juvenil. Com trajetória marcada pelo movimento Parque Realengo 100% Verde e pela cofundação da coalizão O Clima É de Mudança, Marcele explica como combate o racismo ambiental e, ao mesmo tempo, defende a democratização do debate climático.
Na última 4a feira (07/5), líderes nacionais e subnacionais reuniram-se em Copenhague na Reunião Ministerial do Clima para discutir o avanço de iniciativas urbanas contra as mudanças climáticas, como noticiado por Veja e Valor. Organizado pelo governo dinamarquês em parceria com as presidências da COP do Azerbaijão (2024) e Brasil (2025), o evento contou com a participação de Ana Toni, diretora-executiva da COP30.