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“A conquista europeia não teria alcançado êxito sem as epidemias que devastaram as populações indígenas”. Entrevista com Charles C. Mann

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07 Mai 2025

Poucas vezes um evento histórico teve um impacto tão profundo quanto o Intercâmbio Colombiano, que uniu o Velho e o Novo Mundo em um turbilhão biológico, econômico e cultural. O livro 1493: cómo el descubrimiento de América transformó el resto del mundo (Capitán Swing), do escritor e jornalista estadunidense especializado em divulgação científica e histórica Charles C. Mann (1955), analisa esse fenômeno por meio do “homogenoceno”, definido por ele como “uma era de homogeneidade ecológica na qual as paisagens do mundo começaram ficar parecidas”.

Da introdução de cultivos como a batata ao colapso demográfico causado por doenças, o autor revela como essas mudanças reconfiguraram a história. “O Intercâmbio Colombiano nos ensina que os sistemas humanos e naturais estão profundamente entrelaçados”, afirma o autor, que destaca a tragédia humana por trás da colonização. Figuras como Bartolomé de las Casas, defensor dos direitos indígenas, e eventos como a Pequena Idade do Gelo conectam esse passado com os desafios climáticos atuais.

“A globalização iniciada pelo Intercâmbio Colombiano nos lembra que os problemas ambientais são globais. Nenhuma nação pode resolver a mudança climática sozinha”, reflete Charles C. Mann. Atende a Climática por videochamada.

A entrevista é de Guillem Pujol, publicada por La Marea-Climática, 05-05-2025. A tradução é do Cepat.

Eis a entrevista.

Seu livro se destaca, entre outras coisas, pela grande profundidade de sua pesquisa. Para começar, poderia nos explicar os principais conceitos de “homogenoceno” e “Intercâmbio Colombiano”?

O Intercâmbio Colombiano, termo cunhado pelo historiador Alfred W. Crosby, em sua obra de 1972, descreve o intercâmbio em massa de espécies biológicas, recursos e culturas, desencadeado pela chegada da Espanha às Américas, em 1492. Não foi apenas um evento político e econômico, mas profundamente biológico: cultivos como milho, batata, tomate e batata-doce viajaram para Europa, Ásia e África, ao passo que trigo, arroz, cavalos e doenças como varíola e sarampo cruzaram para o Novo Mundo.

Esse processo transformou os ecossistemas globais, dando origem ao “homogenoceno”, uma era de homogeneidade ecológica na qual as paisagens do mundo começaram a ficar parecidas. Hoje, ver campos de milho na Espanha, batatas na Rússia e batatas-doces na China é um legado direto deste intercâmbio, que marcou o início da globalização.

Menciona elementos como vírus, batatas, prata e mamíferos como pilares do homogenoceno. O que você considera que foi o mais determinante na história posterior?

Sem dúvida, os vírus, especialmente a varíola, o sarampo e outras doenças europeias. A conquista europeia não teria alcançado êxito sem as epidemias que devastaram as populações indígenas, causando a maior catástrofe demográfica da história, superando inclusive a Peste Negra. Nas Américas, onde não havia imunidade a essas doenças, comunidades inteiras entraram em colapso, permitindo que pequenos grupos de europeus, mal equipados e no final de longas cadeias de abastecimento, sobrevivessem e dominassem territórios desconhecidos.

Essa tragédia humana, que dizimou até 90% de algumas populações, foi a condição prévia para as mudanças econômicas, políticas e ecológicas posteriores. Sem as doenças, a história do Intercâmbio Colombiano teria sido radicalmente diferente.

O Intercâmbio Colombiano também influenciou o desenvolvimento de certas ideias econômicas, lançando as bases do capitalismo vindouro.

O Intercâmbio Colombiano gerou necessidades econômicas sem precedentes. No século XVI, a Europa, especialmente em países periféricos como a Inglaterra, era muito menos rica do que é hoje, e financiar expedições transoceânicas para explorar os recursos do Novo Mundo era um desafio comparável a enviar uma missão à lua, atualmente. Na Inglaterra, onde a monarquia carecia de recursos e controle centralizado, soluções inovadoras foram pensadas: associações de investidores privados que juntavam capital por meio da venda de ações, dando origem à sociedade anônima.

Esse modelo, precursor do capitalismo moderno, permitiu financiar empresas como a Companhia das Índias Orientais e a Royal African Corporation, que, lamentavelmente, dedicou-se ao comércio de escravos. As inovações não surgiram de uma racionalidade econômica pura, mas como respostas contingentes às oportunidades e limitações históricas do Intercâmbio Colombiano, demonstrando como os sistemas econômicos são produtos de seu tempo.

A descoberta de prata em Potosí parece ser um momento crucial para o desenvolvimento do imperialismo espanhol. Como isto transformou a percepção das Américas?

Inicialmente, as Américas não eram muito chamativas para os europeus. Entre 1520 e 1540, após a conquista do México por Cortés, o ouro disponível era escasso e poucos espanhóis cruzavam o Atlântico, já que os produtos perecíveis não justificavam a viagem. Tudo mudou com a descoberta da mina de prata em Potosí, Bolívia, em 1545, a maior reserva de prata do mundo.

Em uma época em que as moedas espanholas eram discos de prata pura, extrair prata era literalmente fabricar dinheiro. Isto transformou as Américas em um destino cobiçado, impulsionando a colonização, o comércio transatlântico e o galeão de Manila, que conectou a América com a Ásia.

Mudando para sempre a relação com a China, especialmente com a prata roubada.

No século XV, a China era a civilização mais avançada do mundo, com uma economia mercantil e explorações navais que chegaram até a África. No entanto, enfrentava um problema estrutural: os impostos tinham que ser pagos em prata, um recurso escasso na China, e cada novo imperador emitia moedas exclusivas, desvalorizando as anteriores. A descoberta de Potosí, em 1545, triplicou a oferta mundial de prata e a Espanha, sem saber, controlou a economia chinesa ao enviar prata pelo galeão de Manila-Acapulco, que conectou a América com a Ásia.

Esse fluxo em massa desestabilizou a China, gerando inflação e caos econômico. Além disso, cultivos americanos como a batata e a batata-doce permitiram cultivar terras áridas no oeste chinês, mas o desmatamento em massa para esses cultivos causou inundações catastróficas, enfraquecendo o império Ming. No século XIX, a China, que em 1500 era a nação mais rica, foi superada por potências ocidentais, em parte por causa dessas disrupções.

Você fala sobre três figuras históricas que, para o bem ou para o mal, configuraram a história da Espanha: Cristóvão Colombo, Juan Garrido e Bartolomé de las Casas. Sobre Colombo, por exemplo, sua religiosidade extrema surpreende.

Na Europa do século XV, a religião permeava todos os aspectos da vida, mas Colombo era excepcionalmente devoto, mesmo para a sua época. Influenciado pelo mosteiro de La Rábida, onde estudou as profecias de Joaquim de Fiore, acreditava que a Espanha estava destinada a liderar uma cruzada para reconquistar Jerusalém e derrotar o islã, e que ele, como enviado divino, forneceria as riquezas necessárias para financiar esta missão.

Suas cartas, reunidas em arquivos espanhóis, revelam esta visão messiânica que o impulsionava mais do que qualquer interesse científico. Curiosamente, ele também apoiava ideias excêntricas, como a de que a Terra tinha o formato de uma pera com um “mamilo” no topo, em vez de ser plana.

Juan Garrido, embora menos conhecido que Colombo, parece ter exercido um papel fundamental…

Juan Garrido, ex-escravo africano que se tornou conquistador, é um símbolo poderoso da globalização inicial. Provavelmente originário da África Ocidental, chegou à América como parte das expedições espanholas e a ele é atribuída a introdução do trigo no Novo Mundo, um cultivo que transformou regiões como o Centro-Oeste estadunidense.

Sua trajetória, da África até a América, reflete a mistura de culturas que começou com a conquista, onde europeus, africanos e, mais tarde, asiáticos se entrelaçaram. Garrido representa como indivíduos de diversas origens exerceram papéis cruciais na reconfiguração do mundo, a partir do século XVI.

E, então, temos Bartolomé de las Casas, uma figura central no debate ético, religioso e legal. Como você o situa neste contexto?

A Espanha tem uma das mais antigas tradições de direitos humanos do mundo, liderada por figuras como Bartolomé de las Casas e a Escola de Salamanca, que inclui Francisco de Vitoria. Las Casas, um frade dominicano, foi um incansável defensor dos direitos indígenas, denunciando os abusos dos conquistadores e defendendo a abolição da escravidão. Sua influência foi decisiva na promulgação das Leis Novas de 1542, que proibiram a escravidão de indígenas nas Américas.

Surpreende-me que alguns na Espanha, especialmente setores ligados ao pós-franquismo, defendam figuras como Cortés como símbolos nacionais, quando poderiam se orgulhar de Bartolomé Las Casas, que representa uma herança humanista universal. Este debate, muitas vezes marcado como uma defesa contra a “Lenda Negra” que supostamente mancha a Espanha, ignora a riqueza desta tradição de justiça e direitos humanos.

Talvez o mais surpreendente, por ser desconhecido, seja o estudo do impacto ecológico que o Intercâmbio Colombiano teve em todo o mundo. Em especial, gerando –hipoteticamente – uma era de pequena glaciação.

O Intercâmbio Colombiano teve profundas consequências ecológicas, especialmente no clima. Nas Américas, as populações indígenas administravam a paisagem com queimadas controladas, essenciais para manter os ecossistemas e prevenir incêndios maiores.

A morte em massa por doenças europeias interrompeu estas práticas, permitindo o reflorestamento de vastas áreas. Isto reduziu os níveis de dióxido de carbono e partículas na atmosfera, contribuindo para a Pequena Idade do Gelo, um período de resfriamento global, entre os séculos XVII e XIX.

Essa mudança climática provocou glaciações, anos sem verão na Europa, fomes em massa e crises sociais em todo o mundo. É um exemplo fascinante de como um evento humano, como a chegada de doenças ao Novo Mundo, pode alterar o clima global com efeitos duradouros.

Que lições podemos tirar do Intercâmbio Colombiano para abordar os desafios atuais, como a mudança climática?

O Intercâmbio Colombiano nos ensina que os sistemas humanos e naturais estão profundamente entrelaçados. As decisões que tomamos, como a introdução de novos cultivos ou a interrupção de práticas indígenas, podem ter consequências imprevistas que persistem por séculos, como a Pequena Idade do Gelo.

Hoje, enfrentamos um aquecimento global provocado pelas emissões de carbono, e a lição é clara: precisamos gerenciar nossos recursos e ecossistemas com precaução, respeitando o conhecimento local e antecipando impactos de longo prazo.

Além disso, a globalização iniciada pelo Intercâmbio Colombiano nos lembra que os problemas ambientais são globais. Nenhuma nação pode resolver a mudança climática sozinha. A cooperação internacional e a justiça climática, que possam garantir que os países mais vulneráveis não sofram desproporcionalmente, são essenciais para um futuro sustentável.

Leia mais

  • A era das doenças climáticas. Artigo do Observatório de Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil
  • Conquista espanhola. “Pedir perdão bem é como costurar bem um buraco”. Carta do teólogo González Faus a Isabel Díaz Ayuso, conservadora
  • "Sobreviventes": filme sobre naufrágio de navio negreiro questiona colonialismo português
  • Não ao colonialismo, sim à redenção. O “vento africano” do Papa Francisco. Artigo de Luca Attanasio
  • Colonialismo, face oculta da mudança climática
  • “Injustiça e crime”: a postura do Papa Francisco diante do papel da Igreja no colonialismo
  • O bispo que amava os índios
  • Raízes históricas dos direitos humanos na conquista da América: o protagonismo de Bartolomé de Las Casas e da Escola de Salamanca. Artigo de Fernanda Frizzo Bragato. Revista IHU On-Line, Nº 487
  • Bartolomé de Las Casas: protetor dos indígenas. Entrevista especial com Giuseppe Tosi. Revista IHU On-Line, Nº 307
  • Os Povos Indígenas, a Constituição e a Descolonização do Direito. Artigo de Gabriel Vilardi
  • O passado colonial deixa de ser prólogo à medida que a América do Sul define novos caminhos
  • A herança colonial e escravocrata constitui o racismo no Brasil. Entrevista especial com Berenice Bento
  • Escravidão, a origem do racismo
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  • Boaventura: o Colonialismo e o século XXI
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