20 Setembro 2024
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo e padre espanhol publicado por Religiòn Digital, 16-09-2024.
Ao chegar em sua casa em Cafarnaum, Jesus lhes faz uma única pergunta: “Sobre o que discutíeis pelo caminho?” Sobre o que falaram às suas costas naquela conversa na qual Jesus estava ausente?
Eles se envergonham de dizer a verdade. Enquanto Jesus lhes fala sobre entrega e fidelidade, eles estão pensando em quem será o mais importante. Não acreditam na igualdade fraterna que Jesus busca. Na verdade, o que os move é a ambição e a vaidade: ser superiores aos outros.
Segundo o relato de Marcos, até três vezes Jesus insiste, a caminho de Jerusalém, sobre o destino que o aguarda. Sua entrega ao projeto de Deus não terminará no sucesso triunfal que seus discípulos imaginam. No fim, haverá “ressurreição”, mas, por mais incrível que pareça, Jesus “será crucificado”. Seus seguidores devem saber disso.
No entanto, os discípulos não o entendem. Eles têm medo até de perguntar. Continuam pensando que Jesus lhes trará glória, poder e honra. Não pensam em outra coisa. Ao chegar em sua casa em Cafarnaum, Jesus lhes faz uma única pergunta: “Sobre o que discutíeis pelo caminho?” Sobre o que falaram às suas costas naquela conversa na qual Jesus estava ausente?
Os discípulos ficam em silêncio. Eles se envergonham de dizer a verdade. Enquanto Jesus lhes fala sobre entrega e fidelidade, eles estão pensando em quem será o mais importante. Não acreditam na igualdade fraterna que Jesus busca. Na verdade, o que os move é a ambição e a vaidade: ser superiores aos outros.
De costas para Jesus e sem a presença de seu Espírito, não continuamos discutindo coisas semelhantes? A Igreja deve renunciar a privilégios seculares ou deve buscar “poder social”? A quais congregações e movimentos devemos dar importância e quais devemos deixar de lado? Quais teólogos merecem a honra de serem considerados “ortodoxos” e quem deve ser silenciado como marginal?
Diante do silêncio de seus discípulos, Jesus se senta e os chama. Ele tem grande interesse em ser ouvido. O que ele vai dizer não deve ser esquecido: “Quem quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e o servo de todos”. Em seu movimento, não se deve focar tanto em quem ocupa os primeiros lugares e tem renome, títulos e honrarias. São importantes aqueles que, sem pensar muito em seu prestígio ou reputação pessoal, se dedicam sem ambições e com total liberdade a servir, colaborar e contribuir para o projeto de Jesus. Não devemos esquecer: o importante não é ficar bem, mas fazer o bem seguindo a Jesus.
25º Tempo Comum – B (Marcos 9,30-37)