31 Agosto 2024
Viver de perto o esforço e a dor daqueles que pedem uma nova chance para o futuro, estender a mão para ajudar e assim compartilhar uma felicidade inesperada. Essa é a experiência de Alessandro Messina e Donatella D'Anna, diretores, respectivamente, das sedes Migrantes de Fano-Fossombrone-Cagli-Pergola e Caltanisetta, que participaram da missão da ONG Mediterranea Saving Humans.
A reportagem é de Joseph Tulloch, publicada por L'Osservatore Romano, 27-08-2024. Tradução de Luisa Rabolini.
A embarcação foi acompanhada por um veleiro da Fundação Migrantes, um órgão da Conferência Episcopal Italiana, para documentar as atividades de socorro no Mediterrâneo. De acordo com dados divulgados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), de 1º de janeiro a 17 de agosto, mais de mil pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo central. A missão humanitária terminou e salvou 182 migrantes entre 24 e 25 de agosto. “Nós nos sentimos mudados”, conta Dom Alessandro, chamado de Dom Sandro por todos, na mesma linha Donatella, que trabalha há algum tempo em contato próximo com os migrantes que chegam e os ajuda a encontrar trabalho.
“Não estou surpresa com o que vi”, conta a responsável da Migrantes Caltanisetta, “ouvi muito sobre suas viagens, suas lutas para chegar à Itália, mas uma coisa é ouvir sobre isso de forma abstrata e outra é vivenciar isso em primeira pessoa”. Ela não esconde um véu de tristeza ao contar sua experiência, e a voz de Dom Sandro também fica embargada quando faz um balanço do que vivenciou. “Eu vi muito sofrimento, mas também felicidade nos olhos dos migrantes quando foram trazidos para a segurança no Mare Jonio. É algo que deixa a marca”. O padre acrescenta que a ideia da missão com a Mediterranea surgiu do encontro com Luca Casarini, ativista e fundador da ONG Mediterranea.
Ele conta que lhe pediu para participar, a título pessoal, de uma das missões de resgate da organização e, com o tempo, surgiu a ideia de estender a iniciativa à Fundação Migrantes. A decisão de enviar um barco de apoio, explicou Donatella, foi tomada para permitir que a Igreja “visse com seus próprios olhos o que está acontecendo no Mediterrâneo” e para “ser testemunha e porta-voz da tragédia que nossos irmãos e irmãs estão vivenciando todos os dias no mar”. “Como Migrantes, enfatiza Dom Sandro, temos uma tarefa especial, temos que sensibilizar as comunidades cristãs e a sociedade em geral sobre a importância do acolhimento, da construção de uma civilização do amor, uma civilização em que haja lugar para todos”.
“Não podemos nos limitar à busca, ao resgate ou ao acolhimento dos migrantes na Itália”, acrescenta Donatella, “ao contrário, devemos resolver o problema na sua raiz, por meio de uma profunda revisão do sistema de vistos para desencorajar os migrantes a irem para o mar”. “Deus criou o mundo para todos - conclui o Pe. Sandro - ele nos criou irmãos e irmãs, como o Papa Francisco sempre repete. Nesta missão, tive o privilégio de compartilhar o amor por essa humanidade com outras pessoas, com pessoas de outras religiões, com pessoas que não têm religião. Cristo está nas pessoas e o que Jesus me ensina é o amor por toda a humanidade”.