04 Agosto 2023
Onde bancos e o governo nigeriano fazem ouvidos moucos às queixas de correntistas um site trata de dar eco às reclamações, publicando-as e cobrando providências. Trata-se do site Temitope, do jornalista Fisayo Soyombo, que criou em 2020 a Fundação de Jornalismo Investigativo (FIJ).
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“Eu sempre quis que o meu jornalismo vivesse por mais tempo que eu para beneficiar as pessoas, resolver problemas”, disse Soyombo ao repórter Promise Eze em matéria publicada no portal IJNet. “Eu pensei que criar uma organização para focar em coberturas de justiça social e jornalismo investigativo ajudaria nisso”.
Em 2018, informa Eze, os nigerianos perderam mais de 15,5 bilhões de nairas (cerca de 200 milhões de reais) em atividades bancárias fraudulentas. Segundo o repórter, incidentes de fraude muitas vezes ficam sem solução pois os bancos nigerianos relutam em lidar com preocupações dos clientes. E “as queixas também são tratadas raramente com prontidão pela polícia”.
Daí que um foco importante do FIJ é lutar por justiça em nome de vítimas do sistema bancário nigeriano. O site trata de dez a vinte casos a cada mês e já colaborou na recuperação às vítimas desse sistema em mais de 700 mil reais, revelou Soyombo.
Um dos correntistas, que teve seu dinheiro trancado pelo banco sob o argumento de que não poderia sacá-lo, corrobora a utilidade do site da FIJ. “Nosso sistema não funciona como deveria, e se você não tem ninguém com quem falar e lutar em seu nome, você vai ficar desamparado porque o governo faz vista grossa”.
Mas essa trajetória também tem percalços. A editora da FIJ, Damiola Ayeni, relatou que os bancos falham, na maioria das vezes, em responder às reclamações, violando o prazo máximo de 24 horas definido por regulamentação governamental. Tais atrasos atravancam o processo de reportagem, uma vez que a política da FIJ é de obter o lado do banco antes de publicar a matéria.
Integrantes da equipe da FIJ também já foram vítimas de ameaças anônimas por causa de seu trabalho.