15 Fevereiro 2023
Comunhão, participação e missão em Cristo. Recomeça daqui - um empenho que consiste em bem mais do que três palavras - o caminho sinodal das Igrejas da Europa, depois dos dias da etapa continental que se encerrou no último final de semana em Praga. De fato, os bispos do continente europeu assumiram o empenho de desenvolver "uma Igreja sinodal", seguindo as indicações do Papa Francisco, regozijando-se pelo fato do andamento dos trabalhos da Assembleia na capital tcheca ser, lê-se na nota divulgada no domingo, “sinal evidente da única pertença a Cristo”.
A reportagem é de Mimmo Muolo, publicada por Avvenire, 14-02-2023.
O encontro dos bispos havia sido incentivado pelo Documento para a Etapa Continental (no número 108).
Na nota conclusiva, os bispos destacam o clima que caracterizou o encontro de Praga:
“Escuta recíproca, diálogo fecundo, relato de como as nossas comunidades eclesiais viveram a primeira fase do processo sinodal e se prepararam para esse empenho continental".
Na prática, um clima de comunhão plena e realizada em torno de Jesus.
Os bispos empenham-se, portanto, como já antecipado, “a continuar a viver e a promover o processo sinodal nas estruturas e na vivência das nossas dioceses", ressaltando que "essa experiência de solicitude por toda a Igreja na Europa nos encorajou em nosso empenho de viver com fidelidade a nossa missão universal".
"Estamos empenhados - escrevem também os bispos - a apoiar as indicações do Santo Padre, sucessor de Pedro, para uma Igreja sinodal alimentada pela experiência da comunhão, da participação e da missão em Cristo".
O empenho assumido está delineado claramente na nota, também em chave ecumênica: “Queremos caminhar juntos, povo santo de Deus, leigos e pastores, peregrinos pelas estradas da Europa para anunciar a alegria do Evangelho que brota do encontro com Cristo e queremos fazê-lo juntamente com tantos irmãos e irmãs das outras confissões cristãs". Além disso, continuam os bispos, “queremos comprometemo-nos a alargar o espaço das nossas tendas, para que as nossas comunidades eclesiais sejam lugar onde todos se sintam acolhidos”.
Evidentemente, o caminho não se esgota em Praga. “Relatórios nacionais, trabalho de grupo e tantas intervenções que ouvimos convergiram no documento final apresentado à Assembleia e que será a contribuição das Igrejas que estão na Europa para a redação do Instrumentum laboris do Sínodo. Agradecemos àqueles que compartilharam suas experiências com franqueza e respeito pelas diferentes sensibilidades; agradecemos também - conclui a nota - ao Comitê Redacional pelo grande trabalho realizado na redação do documento”.
Aproximadamente 200 delegados participaram da Assembleia Continental em Praga. Entre eles, 156 eram escolhidos pelas 39 Conferências Episcopais da Europa e 44 convidados pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (Ccee). A eles se juntaram 270 delegados online. A reunião foi realizada de 5 a 9 de fevereiro, e terminou com a aceitação de um documento final, também adotado pelos bispos em sua reunião final.
Como já noticiado nos últimos dias, o debate tanto nos grupos de trabalho quanto no plenário e em torno da aprovação do documento final foi intenso. Muitos temas foram discutidos: desde a participação das mulheres na vida da Igreja, à cooperação dos leigos, o exercício da autoridade, a unidade na diversidade, assim como o problema dos abusos e uma maior inclusividade na Igreja. O presidente da Ccee, monsenhor Gintaras Grušas, comentou: “A imagem de nossas Igrejas com todas as suas feridas hoje” recorda o rosto de Jesus na cruz. “Somos chamados a amar a Igreja mesmo quando ela está ferida, mesmo quando nós mesmos sentimos dor. Continuaremos este caminho em meio às feridas, mas com a esperança de sermos curados”.
Leia mais
- Cardeal Grech abre o Sínodo europeu: “Também ouvimos o que significou o silêncio”
- No 60º aniversário do Concílio Vaticano II, o Cardeal Grech define o Sínodo como “um fruto dessa assembleia ecumênica”
- Bätzing, após a assembléia europeia: "Praga foi cansativa e Roma será ainda mais"
- “Se vejo o Evangelho apenas de maneira sociológica, sim, sou comunista, e Jesus também”. Entrevista com o Papa Francisco
- Papa Francisco concede entrevista à revista America
- No L’Osservatore Romano, a teóloga Marinella Perroni insta o Papa Francisco a superar o estereótipo da mulher
- O duplo princípio. Aquele mariano e petrino: vamos falar sobre isso, fala a teóloga biblista. Artigo de Marinella Perroni
- Por que acho preocupantes as ideias do papa sobre as mulheres padre
- Papa Francisco acusado por Mary McAleese de "falta absurda de lógica" em comentários sobre mulheres sacerdotisas
- Aberturas e proibições. O paradoxo das mulheres preocupa a Igreja
- Igreja latino-americana: “O papel da submissão da mulher não é a vontade de Deus”
- Francisco: "A presença de mulheres na Igreja não é uma moda feminista, é um ato de justiça"
- Mulheres discípulas, profetisas e diáconas do Novo Testamento. Vozes e presenças que desafiam a Igreja hoje
- Os leigos terão voz no sínodo de outubro próximo?
- Sínodo sobre a Sinodalidade teve seus céticos, mas está provando ser um bálsamo para ‘feridas duradouras’
- O que significa 'fazer um sínodo?" O vídeo do Papa
- O processo sinodal 2021-2023. Papa Francisco lança o mais importante projeto católico global desde o Vaticano II
- Sínodo: acontecimento mais importante depois do Concílio
- Primeira fase do Sínodo: escutar os fiéis
- Encontrar, escutar, discernir: três verbos do Sínodo, segundo o Papa Francisco
- Sínodo sobre a sinodalidade: “Não há alternativa real para a Igreja e o mundo de hoje”. Entrevista com Arnaud Join-Lambert
- O medo do Sínodo sobre a sinodalidade
- O futuro incerto da sinodalidade. Polarização e paralisia eclesial. Artigo de Massimo Faggioli
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Os bispos europeus apoiam Francisco: “Juntos com ele por uma Igreja sinodal” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU