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11 Outubro 2022

 

Um presente para o Festival da Dignidade Humana, na Itália. Que foi dado por Giannino Piana, filósofo da moral e teólogo, membro do comitê científico do evento e um dos fundadores do festival: Piana escreveu especialmente para esta edição o livro “Umanesimo per l'era digitale. Antropologia, etica, spiritualità” [Humanismo para a era digital. Antropologia, ética, espiritualidade], publicado pela editora Interlinea.

 

A reportagem é de Marcello Giordani, publicada em La Stampa, 08-10-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

“Eu parti – diz Piana – da pergunta sobre se é possível utilizar algo da cultura e da tradição humanística na era digital, isto é, em uma fase fortemente ligada à tecnologia. A minha resposta é positiva, mas contanto que não utilizemos simplesmente os conteúdos tradicionais daquela cultura, mas saibamos atualizá-los, torná-los envolventes para um público, por exemplo o escolar, que está fortemente envolvido com a virtualidade e com a rede.”

 

Umanesimo per l’era digitale. Antropologia etica spiritualità (Foto: Divulgação)

 

Giannino Piana também lança um desafio educativo: “Devemos reivindicar o valor da cultura, e essa é naturalmente uma tarefa prioritária da escola”. Como enfrentar os desafios da era digital? “As novas tecnologias, que fizeram enormes progressos nas últimas décadas e que envolvem transversalmente os vários campos nos quais se desenrola a existência – responde o autor –, são por natureza ambivalentes, abrem horizontes novos (e promissores), mas podem ter, se não forem usadas corretamente, efeitos graves (até mesmo dramáticos) sobre a vida dos indivíduos e da sociedade.”

 

Trata-se de um desafio complexo, porque “os instrumentos de que a humanidade dispõe, ao mesmo tempo que permitem, por um lado, um conhecimento cada vez mais apurado dos mecanismos que regem as operações da mente (e da consciência), pondo em prova a própria possibilidade de exercício da liberdade, por outro lado, têm a capacidade de dar origem a formas acentuadas de manipulação tanto biológica quanto psíquica, que podem alterar gravemente o humano em sua realidade mais profunda”.

 

Piana centra a reflexão no conceito de responsabilidade e na relação com os outros, também com os mais distantes e desconhecidos: “Em um tempo de globalização como o atual, no qual a interdependência entre os povos já se estende a todos os setores da convivência e no qual as escolhas de cada um se refletem sobre a vida de todos, não é mais possível identificar totalmente o ‘alguém’ ao qual é preciso se referir exclusivamente com o próximo, entendido como o ‘vizinho’, com quem podemos manter uma relação imediata, mas deve também incluir o ‘terceiro’, aquele com quem nunca entraremos em uma relação direta, mas que tem um rosto e um nome específicos, e que podemos alcançar por meio do compromisso ‘político’, ou seja, contribuindo para a salvaguarda e a promoção de seus direitos, mediante a criação de estruturas justas.”

 

Um dos aspectos da dimensão hipertecnológica é o da mudança contínua e muito rápida e, portanto, da sensação de viver em um contexto sempre provisório, transitório. Piana sugere, então, uma pista para dar um sentido ao caráter provisório que caracteriza a época contemporânea: “Em tudo isso, há um aspecto traumático, que não pode ser silenciado: o poder das tecnologias disponíveis é tamanho a ponto de poder nos levar a resultados dramáticos. Mas o ‘novo’ no qual somos constantemente projetados e que abala nossos planos e projetos torna-se também um estímulo salutar para dar origem a processos inéditos, cansativos, mas enriquecedores”.

 

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