Conclave, esqueçam a renúncia: o Papa Francisco cancelou a Igreja italiana político-curial

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14 Junho 2022

 

"Talvez nem a mesmo a imaginação de Dan Brown chegaria tão longe. Ou seja, imaginar uma Roma com três papas, dois eméritos (Bento e Francisco) e uma santidade ics reinante. Bastou aos ficcionistas do vaticano juntar algumas pistas para relançar o bordão da renúncia de Bergoglio ao trono papal".

 

O comentário é de Fabrizio D'Esposito, publicado por Il Fatto Quotidiano, 13-06-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis o comentário.

 

Dois em particular. O próprio Francisco obrigado a se deslocar em uma cadeira de rodas devido a um joelho ruim. E depois a visita a Aquila no final de agosto, para o perdão de Celestino V, onde em 2009 Bento XVI colocou seu pálio, a estola pontifícia que usava, sobre o túmulo do papa que fez a "grande recusa". Um gesto interpretado, postumamente, como um sinal profético da clamorosa renúncia quatro anos depois, em 2013. Na realidade, os rumores sobre a renúncia e sucessão só incomodam, por assim dizer, Francisco. Menos de um ano atrás, confidenciou a seus coirmãos jesuítas em sua viagem à Eslováquia: “Ainda estou vivo, apesar de alguns me quererem morto. Sei que houve até encontros entre prelados que pensavam que o papa estava pior do que se dizia. Eles estavam preparando o conclave. Paciência! Graças a Deus, estou bem”.

 

Na realidade, em vez de se deter tolamente no ponto da renúncia, dever-se-ia olhar para a lua do reformismo bergogliano. Apesar da mobilidade reduzida, na semana passada entrou em vigor a nova Constituição Apostólica, a Praedicate Evangelium,e em agosto acontecerá o Concistório que modificará ainda mais, em sentido evangélico e universal - não clerical e doutrinal - o Colégio dos Cardeais Eleitores. O número de cardeais que poderão entrar no Conclave a partir de 27 de agosto aumentará para 132, dos quais 83 nomeados por Francisco, contra 11 por São João Paulo II e 38 por Bento XVI.

 

Muitas foram as reflexões sobre este colégio que hoje representa todas as "periferias" do mundo, mas um dos dados mais interessantes diz respeito à "formação" da Itália.

 

No contexto de uma Europa ainda maioria relativa, os cardeais italianos continuam sendo o maior grupo: 21 (sem levar em conta Becciu, "despojado" de suas prerrogativas por Francisco pelo caso do palácio de Londres). A virada radical ocorrerá entre o outono europeu deste ano e o de 2023: sete cardeais nomeados por Raztinger e Wojtyla "sairão" do colégio dos eleitores porque atingirão 80 anos (o limite estabelecido por Paulo VI que exclui do Conclave). Eles são Bertello, Ravasi, Bagnasco, Calcagno, Sepe, Versaldi, Comastri. Três permanecerão do passado

 

(Piacenza, Filoni e Betori), enquanto os 11 restantes são “franciscanos”: Zenari, Semeraro, Montenegro, Petrocchi, De Donatis, Parolin, Zuppi, Lojudice, Gambetti e os recém nomeados Marengo e Cantoni.

 

É uma composição que sanciona o fim da divisão entre clericais e progressistas italianos e que tanto pesou nos dois últimos Conclaves. Assim como o declínio de uma Igreja obcecada pelas relações com a política e uma orientação rigidamente doutrinária (de Ruini ao desastroso Bertone, premiê do Vaticano que "colocou sob intervenção" a CEI). Em quase dez anos de seu pontificado, a revolução de Francisco ocorreu, lenta mas inexorável. Especialmente na Itália.

 

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