Cazaquistão, o papa e o futuro

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11 Janeiro 2022

 

A dramática situação que está vivendo o Cazaquistão preocupa bastante o papa, porque lá, disse ontem, "houve vítimas durante os protestos que eclodiram nos últimos dias. Rezo por eles e por seus familiares, e espero que a harmonia social volte a ser encontrada o mais rápido possível. Através da busca do diálogo, da justiça e do bem comum”. Deixando de lado as razões óbvias para desejar paz e prosperidade àquele país, como a qualquer outro, existem razões particulares e específicas - no plano religioso - que levaram Bergoglio a se pronunciar. 

 

A reportagem é de Luigi Sandri, publicada por L'Adige, 10-01-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Vasta como nove Itálias, e com apenas vinte milhões de habitantes - 70% cazaques, e além deles uzbeques, tártaros, uigures, todos de origem mongol e religião muçulmana sunita; 30% predominantemente russos, e mais ucranianos, bálticos e germano-russos, principalmente ortodoxos ou protestantes - o país tem apenas uma pequena presença católica, de cerca de 150.000 fiéis, quase todos pertencentes a famílias de origem europeia.

Talvez também impulsionado por esse caldeirão de religiões, Nursultan Nazarbayev - ex-secretário do Partido Comunista do Cazaquistão, e desde 1991, quando, após o colapso da URSS, nasceu o Cazaquistão independente, seu presidente até 2019 - cria, em Astana (a capital, para a que mais tarde dará o seu nome), o "Congresso dos Líderes Mundiais das Religiões".

Em 6 de novembro passado, o presidente do Senado cazaque, Maulen Ashimbayev, havia convidado o papa a participar da próxima reunião do órgão, prevista para o próximo setembro. Naquela ocasião, outro evento importante poderia acontecer: o encontro, na capital cazaque, de Francisco com o patriarca de Moscou, Kirill. Os dois líderes haviam se encontrado, pela primeira vez, em Cuba, em 2016.

Há duas semanas, o papa recebeu em audiência o metropolita Hilarion, "ministro das Relações Exteriores" do patriarcado russo. De acordo com fontes não oficiais - jamais confirmadas! – naquele encontro foi decidido que o papa se encontraria com Kirill em Astana-Nursultan em setembro. A "localização" seria ideal para o chefe da Igreja Russa, onde uma parte da hierarquia ortodoxa e alguns monges são absolutamente contrários a que o bispo de Roma coloque os pés na Rússia.

O Cazaquistão, no entanto, é território canônico do patriarcado, mas não é a pátria russa.

Portanto, uma "cúpula" papa-patriarca em um país vizinho, mas "outro", seria um compromisso aceitável.

Mas o agravamento do Covid e, sobretudo, a situação política muito incerta criada após os trágicos eventos dos últimos dias, correm o risco - se no Cazaquistão o diálogo entre as partes em conflito não conduzir a uma solução acordada e pacífica - de dissolver o eventual programa da viagem papal, tão desejada por Nazarbayev.

Deve-se acrescentar, do lado católico, que três em cada cinco bispos - todos de origem estrangeira - do Cazaquistão se manifestaram, publicamente e com grande dureza, contra algumas das reformas propostas por Bergoglio sobre questões morais relativas a casamento e divórcio. A estepe cazaque está muito distante do Tibre.

 

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