24 Mai 2021
"A intuição de Saint-Maurice, desde 2001, é simples: se não se quer que a liturgia se transforme em algo abstrato, do qual nos sentimos alheios, os fiéis devem ser envolvidos ao máximo nela e também deve haver possibilidade de mudanças. Não é que a gente faça alguma revolução, nada disso! As bases são sólidas, mas é uma liturgia em movimento, que evolui com a comunidade em toda a sua diversidade: as pessoas assíduas, os participantes ocasionais ... que por vezes estão distantes da Igreja e aos quais sentimos que devemos estar particularmente atentos", escreve Emmanuel Bouclon, em depoimento coletado por Mélinée Le Priol, publicado por La Croix, 21-05-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o texto.
Sou um dos quatorze membros da equipe encarregada pelo bispo de Lille para fazer viver a igreja de Saint-Maurice, próxima da estação ferroviária Lille-Flandres. Somos complementares a uma EAP (equipe de animação pastoral), no sentido de que não nos encarregamos de toda a paróquia, mas da animação apenas desta igreja, em particular para a missa do domingo à noite. Outra diferença em relação às EAP: somos mais numerosos e nos encontramos com mais frequência (uma vez por semana), mas nosso mandato não é tão longo (raramente mais de dois ou três anos). Cinco de nós fazemos parte da Fraternité diocésaine des parvis, uma associação que vive o espírito do Concílio Vaticano II e segue a inspiração missionária de Madeleine Delbrêl. A intuição de Saint-Maurice, desde 2001, é simples: se não se quer que a liturgia se transforme em algo abstrato, do qual nos sentimos alheios, os fiéis devem ser envolvidos ao máximo nela e também deve haver possibilidade de mudanças. Não é que a gente faça alguma revolução, nada disso! As bases são sólidas, mas é uma liturgia em movimento, que evolui com a comunidade em toda a sua diversidade: as pessoas assíduas, os participantes ocasionais ... que por vezes estão distantes da Igreja e aos quais sentimos que devemos estar particularmente atentos. Em Saint-Maurice, a liturgia é bela porque é construída com o conjunto da assembleia. Sente-se que não se baseia apenas no padre. Durante uma missa, até trinta pessoas podem estar envolvidas na participação (para uma leitura, um testemunho, etc.).

Foto: Cathopic
Nós, equipe encarregada, coordenamos diferentes grupos (responsáveis pela música, flores, oração dos fiéis, etc.) e damos os estímulos para introduzir mudanças. Entre os temas da reflexão coletiva: o gesto durante a oração do Pai Nosso (por exemplo, com a mão esquerda no ombro do vizinho e a direita aberta ...) ou a disposição da assembleia durante a oração eucarística (todos ao redor do altar...). Às vezes, vamos por tentativa ...
Durante a pandemia, tínhamos proposto expressar a palavra "paz" em linguagem dos sinais para o gesto de paz, mas a coisa se revelou complicada de fazer na assembleia! Procuramos ouvir, evitando propor gestos que não falariam às pessoas. Com o padre em missão em Saint-Maurice, as relações são tranquilas. O fato de nos encontrarmos uma vez por semana para conversar depois de orar e comer juntos provavelmente facilita as relações. Sinto-me à vontade para dizer a ele o que penso. Para os anúncios no final da Missa, por exemplo, parece-me preferível que não seja ele a lê-los, para que fique claro aos fiéis que é toda a equipe que os convida aos vários eventos.
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Por uma Igreja mais sinodal: “Construindo a liturgia juntos” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU