A amarga bem-aventurança da espera. Artigo de Dietrich Bonhoeffer

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17 Dezembro 2020

O jornal L’Osservatore Romano, 15-12-2020, publicou um trecho do livro “Voglio vivere questi giorni con voi” [Quero viver estes dias com vocês], editado por Manfred Weber (Ed. Queriniana, 2007), uma coletânea de 365 textos escritos por Dietrich Bonhoeffer. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Festejar o Advento significa saber esperar: esperar é uma arte que o nosso tempo impaciente esqueceu. Ele quer arrancar o fruto maduro assim que brota; mas os olhos gananciosos são apenas iludidos, porque um fruto aparentemente tão precioso ainda está verde por dentro, e mãos desprovidas de respeito jogam fora sem gratidão aquilo que as decepcionou.

Quem não conhece a bem-aventurança amarga do esperar, isto é, a falta de algo na esperança, nunca poderá saborear a bênção inteira da realização. Quem não conhece a necessidade de lutar com as perguntas mais profundas da vida, da sua vida e na espera, não mantém os olhos abertos de desejo até que a verdade lhe seja revelada; não pode imaginar nada da magnificência desse momento em que a clareza resplandecerá; e a quem quer aspirar à amizade e ao amor de outro, sem esperar que a sua alma se abra ao outro até ter acesso a ela, permanecerá eternamente oculta a profunda bênção de uma vida que se desdobra entre duas almas.

No mundo devemos esperar as coisas maiores, mais profundas, mais delicadas, e isso não ocorre de forma tempestuosa, mas de acordo com a lei divina da germinação, do crescimento e do desenvolvimento.

Compreendam a hora da tempestade e do naufrágio, é a hora da inédita proximidade de Deus, não da sua distância. Lá onde todas as outras seguranças se rompem e desabam, e todos os suportes que sustentavam a nossa existência se arruínam um após o outro, lá onde tivemos que aprender a renunciar, precisamente lá é que se realiza essa proximidade de Deus, porque Deus está prestes a intervir, quer ser sustento e certeza para nós.

Ele destrói, deixa que o naufrágio ocorra, no destino e na culpa; mas, em cada naufrágio, ele nos joga de volta sobre Ele. É isto que Ele quer nos mostrar: quando você abre mão de tudo, quando você perde e abandona todas as suas seguranças, eis, então, que você está livre para Deus e totalmente seguro n’Ele.

Que nos seja dado apenas compreender com reto discernimento as tempestades da tribulação e da tentação, as tempestades do alto-mar da nossa vida! Nelas, Deus está perto, não longe; o nosso Deus está na cruz.

 

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