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22 Agosto 2020

O denso volume de “Cristologia” de Bonhoeffer foi preparado pelo pastor protestante em 1933, ano da nomeação de Adolf Hitler como chanceler do Reich, e marca o ponto mais alto do ensino acadêmico do pastor protestante na Universidade de Berlim. Dezoito horas de curso no total, de 3 de maio a 22 de julho, durante o semestre de verão.

O comentário é de Roberto Mela, professor da Faculdade Teológica da Sicília, em artigo publicado por Settimana News, 08-07-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O manuscrito original se perdeu, mas seu conteúdo foi reconstruído por E. Betghe a partir das anotações de alguns estudantes da época (H. Enterlein – depois Sra. SchönherrK. Hunsche, H. Gadow, F. Lehel, M. Sperling , G. Riemer, W. D. Zimmermann e O. Dudzus) e publicado pela primeira vez em 1960.

A partir da edição crítica em alemão, C. Danna editou a tradução [ao italiano], enquanto a edição italiana foi organizada por Alberto Conci, grande conhecedor da obra de Bonhoeffer. Após o bacharelado obtido na Escola Superior Filosófico-Teológica de Bressanone-Brixen, Conci doutorou-se em Teologia e em Filosofia em Innsbruck e atualmente leciona no Liceu Científico Leonardo da Vinci de Trento – onde nasceu em 1959 –, ministra cursos de ética para profissionais da saúde e lecionou no ISSR Romano Guardini de Trento e no ISSC-FT de Bolzano-Bressanone/Bozen-Brixen. É de sua autoria o longo artigo introdutório que abre o volume: “‘Ser para os outros’. Um olhar sobre a cristologia de Dietrich Bonhoeffer” (pp. 8-59).

Segundo o próprio Bonhoeffer, o curso de cristologia foi o que mais o envolveu na sua preparação. A linguagem é extremamente densa e profunda, e a obra se coloca como um decisivo passo em frente na perspectiva “a partir de baixo” para se aproximar da figura de Cristo. O fio condutor é a ideia fundamental de “Cristo como centro”.

Seguindo o índice de temas preparado pelo próprio Bonhoeffer (cf. p. 63), pode-se ver como, após ter percorrido o desenvolvimento da questão cristológica na introdução (pp. 64-72) e delineado alguns aspectos da pessoa e do obra de Cristo (pp. 72-74), o autor aborda em uma primeira parte “O Cristo presente: o Pró-eu” (pp. 74-88).

Após a introdução ao tema (pp. 74-79), em um primeiro capítulo o estudioso analisa a figura de Cristo (pp. 79-88), considerada sob o seu aspecto de Palavra (pp. 79-82), de sacramento (pp. 82-87) e de comunidade (pp. 87-88).

Em um segundo capítulo (pp. 88-92), Bonhoeffer delineia o lugar de Cristo: Cristo como centro da existência (p. 89), centro da história (pp. 89-91) e centro da natureza (pp. 91-92).

Na segunda parte (pp. 93-118), o estudioso se detém no Cristo histórico.

No primeiro capítulo (pp. 92-96), analisa-se o acesso ao Jesus histórico e, no segundo (pp. 96-118), a cristologia crítica, ou seja, a cristologia negativa: a heresia docetista, a heresia ebionita, a heresia monofisista e nestoriana, a heresia modalista e subordinacionista e, por fim, o resultado alcançado pela cristologia crítica.

No terceiro capítulo (pp. 118-126), Bonhoeffer expõe a cristologia positiva articulando-a em dois momentos: o Encarnado (pp. 118-120); o Humilhado e Glorificado (pp. 120-126).

O texto é acompanhado por inúmeras mas sintéticas notas críticas e pela indicação da tradução italiana das expressões latinas e gregas usadas por Bonhoeffer.

O Posfácio de Eberhard Betghe e de Otto Dudzus (pp. 127-140) é seguido pelas Abreviações (pp. 141-142), as Fontes e a Bibliografia (pp. 143-150) e as notas sobre os organizadores da obra (p. 151).

Com esse curso de cristologia, Bonhoeffer abre o caminho para uma abordagem de Cristo que também leve mais em consideração o seu elemento humano de solidariedade pró-existencial, como pessoa que entra em relação oblativa com o fiel, fazendo-se próxima da exigência concreta da vida eclesial e pessoal, especialmente na Palavra e nos sacramentos. Um Cristo próximo e solidário, companheiro de viagem, embora permanecendo como o Redentor do ser humano.

  • Dietrich Bonhoeffer. Cristologia. Edição crítica em língua alemã organizada por Carsten Nicolaisen ed Ernst-Albert Scharffenorth. Ensaio introdutório de Alberto Conci. Posfácio de Eberhard Betghe e Otto Dudzus. Bréscia: Queriniana, 2020, 160 páginas.

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