Dez Mandamentos do Sínodo para a Amazônia, uma proposta de conversão e compromisso

Amazônia | Foto: Reprodução do Twitter da Repam

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11 Fevereiro 2020

São muitos os que afirmam que dentro do processo do Sínodo para a Amazônia, a etapa pós-assembleia sinodal é determinante. Na espera de “Querida Amazônia”, a exortação pós-sinodal que nesta quarta-feira, 12 de fevereiro, será apresentada, vão se dando passos que possibilitem os novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral.

A reportagem é de Luis Miguel Modino.

Márcia de Oliveira | Foto: Luis Miguel Modino

Um exemplo disso são “Dez Mandamentos do Sínodo Especial para a Amazônia”, dados a conhecer pela professora da Universidade Federal de Roraima-UFRR, Márcia Maria de Oliveira, que participou como perita da assembleia sinodal, realizada em Roma de 6 a 27 de outubro de 2019. Essa proposta foi elaborada junto com Ima Célia Guimarães Vieira, do Museu Paraense Emílio Goeldi – UFPA, e Monsenhor Raimundo Posidônio Carrera da Mata, da Faculdade Católica de Belém, que também fizeram parte do grupo de peritos nessa assembleia.

A professora apresentava os mandamentos amazônicos na aula inaugural do Instituto de Teologia e Estudos Pastorais da Arquidiocese de Manaus, onde estavam presentes, além do arcebispo, Dom Leonardo Steiner e os bispos auxiliares, seminaristas e leigos estudantes dos cursos de Teologia, Políticas Públicas e Teologia Pastoral, que sem dúvida devem ter um papel em destaque na aplicação prática do Sínodo, tema refletido em sua potência, “Perspectivas pós Sínodo para a Igreja na Amazônia”. O objetivo era buscar pistas para pensar propostas metodológicas que contribuam no processo pós-sinodal.

O ponto fundamental do debate foi o capítulo IV do Documento Final do Sínodo, entregue ao Papa Francisco no final da assembleia sinodal, que trata da conversão cultural. Segundo Márcia de Oliveira, “o grupo reconheceu a importância de se manter este debate com os povos indígenas, ribeirinhos, camponeses(as), quilombolas e, de modo especial com os jovens e o povo das periferias das grandes cidades que concentram ao redor de 83% de toda população da Pan-Amazônia”. Junto com isso, ressalta a professora, “o debate também serviu para dar maior consistência à visão abrangente da Amazônia que abrange nove países com suas especificidades e diversidades socioculturais”.

Os Dez Mandamentos do Sínodo para a Amazônia, tem sido extraídos dos resultados obtidos no Sínodo. Se trata, segundo a perita sinodal “de nossa síntese dos conteúdos que se sobressaíram na Assembleia Sinodal”. Nos mandamentos se abordam questiones que levam a refletir e entrar numa dinâmica de conversão, ponto chave do Documento Final, em relação aos direitos dos mais vulneráveis, pensando na Amazônia e seus povos, e nas gerações futuras. Nas propostas aparece uma Igreja que acolhe, que dialoga, onde os diferentes ministérios tem espaço, também as mulheres, vivendo em atitude de saída e compromisso com a vida. A seguir, os “Dez Mandamentos do Sínodo para a Amazônia”:

1º - Amazonizarás a Igreja de forma a acolher as culturas e tradições amazônicas como expressão do Espírito de Deus que conduz os povos e a vida.

2º - Defenderás os direitos dos mais vulneráveis (e da natureza) e fortalecerás a luta em defesa da vida.

3º - Terás consciência da dramática situação de destruição que afeta a Amazônia e seus povos.

4º - Não pecarás contra as gerações futuras em atos e hábitos de contaminação e destruição da harmonia do meio ambiente amazônico.

5º - Buscarás mudanças radicais e urgentes em direção a um modelo de existência social e de relação com a natureza que permita salvar a Amazônia e garantir o bem viver.

6º - Reconhecerás com admiração e protegerás aqueles e aquelas que lutam, com grande risco de suas próprias vidas, para defender o território e o povo amazônico.

7º - Assumirás o diálogo ecumênico, inter-religioso e intercultural como o caminho irrevogável da evangelização na Amazônia.

8º - Fortalecerás e renovarás os Ministérios Leigos, a Vida Consagrada, o presbiterato e o diaconato, com identidade amazônica, fortalecendo as vocações autóctones e priorizando uma missão pautada numa presença constante, numa escuta atenta e no compromisso com a libertação.

9º - Ouvirás as vozes das mulheres para tomar decisões e contribuir com sua sensibilidade à sinodalidade eclesial.

10º - Viverás uma igreja em saída, comprometida com a defesa da vida na Amazônia e para a Amazônia.

 

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