O que já é possível aprender com a tragédia que manchou o litoral brasileiro de óleo?

Mancha de óleo em São José da Coroa Grande, no litoral sul de Pernambuco. | Foto: Diego Nigro/Governo de Pernambuco

Mais Lidos

  • Para a professora e pesquisadora, o momento dos festejos natalinos implicam a escolha radical pelo amor, o único caminho possível para o respeito e a fraternidade

    A nossa riqueza tem várias cores, várias rezas, vários mitos, várias danças. Entrevista especial Aglaé Fontes

    LER MAIS
  • Frente às sociedades tecnocientífcas mediadas por telas e símbolos importados do Norte Global, o chamado à ancestralidade e ao corpo presente

    O encontro do povo com o cosmo. O Natal sob o olhar das tradições populares. Entrevista especial com Lourdes Macena

    LER MAIS
  • Diante um mundo ferido, nasce Jesus para renovar o nosso compromisso com os excluídos. IHUCast especial de Natal

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

21 Novembro 2019

Assessoramento técnico multidisciplinar para atuar rapidamente em problemas como esse aliado a uma comunicação efetiva podem fazer a diferença e minimizar o impacto ao meio ambiente.

A reportagem é publicada por Rede de Especialistas de Conservação da Natureza e reproduzida por EcoDebate, 19-11-2019.

O óleo que tem manchado as praias do Nordeste e provocado danos imensuráveis à biodiversidade nos últimos meses continua afetando o litoral brasileiro, chegou também ao Espírito Santo. De acordo com o Ibama, mais de 490 localidades foram atingidas. Desde que a Paraíba notificou as autoridades sobre a presença do óleo no município de Conde, no dia 30 de agosto, o problema tem se agravado, tornando-se o maior desastre ambiental do litoral brasileiro, afetando dez estados. Enquanto buscam-se soluções, o que já é possível aprender com essa tragédia?

Para o membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, professor titular do Instituto Oceanográfico da USP e responsável pela Cátedra UNESCO para Sustentabilidade dos Oceanos, Alexander Turra, com o desastre, identificamos a necessidade de estarmos institucionalmente prontos para responder rapidamente a situações como esta. “A falta de capacidade técnica ou de assessoramento apropriado logo após a identificação do derramamento foi um grande problema, inclusive para a implementação do Plano Nacional de Contingência [PNC]. Essa demora, agravou os impactos e pode retardar a recuperação dos ecossistemas afetados”, afirma.

A transparência na comunicação também é determinante em casos como esse. “É fundamental que exista um centro de crise que estabeleça canais de comunicação interna, informe a sociedade sobre o que está acontecendo e envolva a comunidade científica na busca por soluções. Dessa forma, é possível trabalhar para uma resposta rápida ao problema. No caso do derramamento de óleo, ficamos reféns de informações desconexas e fragmentadas sobre o fato”, analisa o especialista.

Nesse sentido, a tragédia no litoral brasileiro demonstra também que é fundamental a participação de profissionais de diferentes áreas atuando em busca de soluções criativas e inovadoras para o problema. “Precisamos ter foco no que importa. Diante de fenômenos como esse, discussões ideológicas não são apropriadas. Os esforços devem ser focados em como conter esse tipo de acidente”, explica Turra.

Proteção enfraquecida

Enquanto os impactos pelo derramamento de óleo ainda estão sendo mensurados, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente, publicou uma atualização no Plano de Ação Nacional para a Conservação das Espécies Ameaçadas e de Importância Socioeconômica do Ecossistema Manguezal (PAN Manguezal), diminuindo a proteção ao ecossistema.

Com a alteração, foi solicitada a revogação do objetivo 9 do PAN, que prevê iniciativas para a erradicação da carcinicultura – criação de camarão em cativeiro nos manguezais. “Essa pressão adicional sobre os manguezais vai dificultar ainda mais a recuperação da vida marinha impactada pelo incidente com o óleo”, finaliza o membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza.

Leia mais