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18 Novembro 2019

Formidável discurso de Francisco aos advogados criminalistas em defesa do garantismo e da convivência civil, ambos sob ataque dos populistas e justicialistas.

A opinião é de Christian Rocca, diretor editorial de Linkiesta e colunista de La Stampa, autor de sete ensaios de geopolítica e sobre a sociedade contemporânea sendo seu livro mais recente Chiudete Internet – Una modesta proposta (Fechem a Internet. Uma proposta modesta, em tradução livre, Marsilio, 2019), publicada por Linkiesta, 16-11-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

Não tenham medo, não vou abordar nenhuma questão teológica (não sou capaz) e nem de sedevacantismo (isso me faz rir), mas o que o Papa Francisco disse aos participantes do XX Congresso da Associação Internacional de direito penal, ou seja, aos advogados criminalistas, são palavras formidáveis ​​de um líder global contra o populismo e defensor das garantias civis dos cidadãos.

Enquanto Salvini estava viajando pela região de Emilia Romagna, Zingaretti estava em Bolonha e Renzi convocava seu grupo em Turim, o Papa Bergoglio estava dizendo: "Confesso que, quando ouço os discursos de alguns representantes do governo, me lembro dos discursos de Hitler em 1934 e em 1936" e que "as perseguições contra judeus, ciganos, pessoas de orientação homossexual, representam o modelo negativo por excelência da cultura do descarte e do ódio".

Não sei se o Papa quis se referir ao coração imaculado de Salvini ou aos antissemitas de molde dos 5Estrelas, ou a ambos, mas certamente o Pontífice não fez uma banal denúncia dos nazistas do Illinois, mas fez uma referência específica a “discursos de alguns representantes do governo".

Da mesma forma, é improvável que o Papa Francisco estivesse advertindo o PD quando disse que "é necessário estar vigilante, tanto no âmbito civil quanto eclesial, para evitar qualquer possível compromisso, que se supõe involuntário, com essas degenerações" mas, de qualquer maneira, ele chegou muito perto de descrever o achatamento do partido, se supõe involuntário, sobre a degeneração democrática made in Casaleggio (NT: cidade de origem do fundador do Partido 5Estrelas). E ele não estava se referindo nem à Besta de Luca Morisi (NT: grupo que orienta as publicações favoráveis a Salvini e dissemina fake news), nem à Casaleggio Associati (NT: consultoria de estratégia digital ligada ao partido 5Estrelas), quando enfatizou como “periodicamente se recorra a falsas acusações contra dirigentes políticos, apresentadas em conjunto pelos meios de comunicação, adversários e órgãos judiciários colonizados. Desse modo, com os instrumentos próprios do lawfare, instrumentaliza-se a luta, sempre necessária, contra a corrupção, com o objetivo de combater governos indesejados, reduzir os direitos sociais e promover um sentimento anti-político que beneficia aqueles que aspiram a exercer um poder autoritário". Claro que ele não estava se referindo a eles. Mesmo assim...

Falando com os advogados criminalistas, o Papa também condenou "o uso arbitrário da prisão preventiva", explicando que "infelizmente a situação piorou em várias nações e regiões onde o número de detentos sem condenação já ultrapassa cinquenta por cento da população carcerária. Esse fenômeno contribui para a deterioração das condições de detenção e é a causa de um uso ilícito das forças policiais e militares para esses fins".

Para todo mundo e, portanto, também para os devotos do Padre Pio, de São Januário e o Imaculado coração de Maria, Francisco disse que "a prisão preventiva, quando é aplicada sem que se verifiquem circunstâncias excepcionais ou por um período excessivo, viola o princípio pelo qual todo réu deve ser tratado como inocente até que uma condenação definitiva estabeleça a sua culpa". Perfeito.

Depois, Francisco também criticou os excessos do capitalismo que não se preocupa com o meio ambiente, conforme a encíclica de 2015. Então, de fato, louvado seja o Papa Bergoglio.

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