22 Agosto 2018
Várias fontes, observadores, especialistas e analistas renomados e quase sempre muito bem informados, concordam em dizer que com toda a probabilidade, em breve, logo após a viagem à Irlanda, será enviado a todos os bispos do mundo, de parte do Papa Francisco, um específico documento bastante diferente de sua recente Carta ao Povo de Deus em função do drama dos abusos reproposto com extrema gravidade com o caso da Pensilvânia (Estados Unidos), caso que, na prática, agiu como um detonador de uma panela de pressão que mal se segurava, felizmente minando a estratégia das prudências, moderações e meias-verdades.
A informação é de Luis Badilla, jornalista, publicada por Il sismografo, 21-08-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Deverá ser um texto que, a partir das principais reflexões da Carta, em grande parte dilacerantes e envolventes sobre a tragédia da pedofilia clerical que afeta toda a Igreja, em todos os lugares e há várias décadas, entra diretamente na esfera das questões normativas e dos procedimentos. Será, está se dizendo, a resposta que se espera há muito tempo, inclusive por parte de muitos cardeais e bispos, e não só pela grande maioria da opinião pública.
O Papa Francisco está mais do que ciente de que suas posições sobre os abusos nesses mais de cinco anos de pontificado, são consideradas por todos, mesmo pelos seus críticos que às vezes usam a pedofilia como pretexto para atacar seu ministério e magistério, oportunas, honestas, claras e peremptórias. O Papa também sabe, no entanto, que muitas críticas são dirigidas a ele, e elas estão crescendo nas últimas semanas e podem ser resumidas em duas grandes questões.
Por um lado, registra-se uma lentidão excessiva que acaba agravando as situações a serem resolvidas, dando tempo e espaço para o surgimento de novos obstáculos que bloqueiam a continuação de qualquer ação planejada. O episódio da renúncia dos bispos chilenos, em 17 de maio último, com a aceitação de uma parte mínima que não inclui nem mesmo todos os bispos do grupo de Karadima-Barros, é um exemplo claro disso.
Por outro lado, critica-se uma falta de mecanismos e procedimentos adequados para fazer impor - e é necessário fazê-lo com urgência - comportamentos episcopais em linha com o magistério do Papa sobre a questão da pedofilia. Hoje existe tamanha discrição nesse âmbito que os bispos agem a seu bel-prazer, chegando até a "interpretar" as palavras do Papa e, assim, acabam fazendo o que querem.
Falando sobre a sobrevivência do planeta e do cuidado com o meio ambiente o Papa Francisco em vários discursos e documentos, incluindo uma Encíclica, fez referência ao fator "urgência/tempo": não é suficiente ter em mente algumas boas ideias e soluções adequadas, mas é preciso agir rapidamente para não chegar com uma boa solução quando já é tarde demais.
Essa pequena grande verdade também vale no caso da luta contra os abusos sexuais na Igreja por parte do clero.
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O Papa divulgará em breve um documento normativo e de procedimentos aos bispos do mundo sobre abusos sexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU