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17 Agosto 2018

Nos dias que precedem uma viagem papal para praticamente qualquer parte do mundo, existem certas pautas que se pode esperar que a imprensa local cubra. Como regra geral, esses tópicos incluem:

  • Quão grande será o evento?
  • Quanto vai custar?
  • Quem não está feliz com isso?

A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada por Crux, 16-08-2018. A tradução é de Victor D. Thiesen.

A Irlanda tem uma cultura de imprensa vigorosa, o que significa que, como a visita do papa Francisco entre 25 e 26 de agosto encerra o Encontro Mundial de Famílias patrocinado pelo Vaticano, os repórteres na Ilha Esmeralda estão sendo especialmente assíduos na cobertura dos assuntos habituais.

Uma grande coisa de fato

Em termos de proporção do evento, a resposta básica parece ser “Enorme!”

"Este é o maior evento organizado pela Irlanda em quase 40 anos", disse Thomas Murphy, superintendente do Garda (serviço de polícia da República da Irlanda), segundo o Irish Times.

Jornalista Conor Pope - e, a propósito, quão apropriado é esse sobrenome para um repórter que cobre a viagem de Francisco? [Pope / Papa, nde] - escolheu outra maneira de expressar a magnitude da missa de encerramento do dia 26 de agosto para o Encontro Mundial das Famílias, onde Francisco deve atrair meio milhão de pessoas para o Phoenix Park, em Dublin.

Pope previu que a liturgia será "o maior evento ao ar livre na Europa este ano".

Para fornecer alguma noção dos desafios organizacionais, eis o que está sendo preparado:

  • Mais de 4.000 ministros da Eucaristia serão mobilizados para a Missa, cada um responsável por um ou mais nichos de 1.000 pessoas, nos quais a multidão de meio milhão será organizada. O objetivo é ser capaz de garantir que todos que desejam a Comunhão recebam dentro de 15 a 20 minutos.
  • Mais de 1.000 médicos, enfermeiros e paramédicos serão posicionados em intervalos de 1,5 km em todas as rotas e em todos os locais, bem como em zonas designadas para descanso.
  • Cerca de 2.500 corridas extras de trem estão sendo planejadas pelo serviço ferroviário irlandês a fim de movimentar a multidão de peregrinos esperada para descer nos eventos públicos do papa.
  • No domingo, 26 de agosto, no auge da visita, 2.500 policiais estarão de plantão, incluindo 700 no Phoenix Park para a missa papal.
  • No geral, pelo menos meio milhão de pessoas são esperadas para a missa de domingo e outras 250.000 para outros eventos, incluindo uma visita ao Santuário de Knock, localizado a cerca de 4 horas de carro ao norte de Dublin.
  • Esses totais incluem cerca de 20.000 pessoas do exterior que participam do Encontro Mundial das Famílias, 2.000 das quais serão hospedadas por cidadãos de Dublin em suas casas particulares.
  • Embora ainda não esteja claro quanta comida e bebida serão consumidas nos dois dias em que Francisco estará na cidade, sabemos que quando o Papa João Paulo II visitou Knock e Ballybrit em 1979, a contagem final foi de 180.000 xícaras de chá, 125.000 xícaras de café, 40.000 artigos de pastelaria, 35.000 fatias de bolo e 40.000 tigelas de sopa.
  • Os organizadores estão alertando as pessoas para que planejem passar pelo menos oito horas indo e voltando da missa de domingo. Haverá uma caminhada de 75 minutos dos centros de transporte ao redor do parque até os portões, 60 minutos para esperar na fila para passar pela segurança e outros 60 minutos para caminhar até a área designada.
  • Haverá um necrotério no local do Phoenix Park caso o pior aconteça, assim como especialistas em obstetrícia e ginecologia para ajudar as mulheres grávidas no caso de algumas delas darem à luz ali mesmo.

Dois outros sinais de agitação também têm dado o que falar.

Primeiro, as pessoas estão lutando para lucrar com o que esperam ser uma onda de interesse nacional. A Veritas, uma editora e varejista religiosa, está atualmente comercializando uma cadeira de lembrança do Papa Francisco por cerca de US $25, descrita como “robusta com apoio nas costas” mas “leve e fácil de montar”. Também é 100% reciclável, sendo assim, de acordo com a “fala do papa sobre o meio ambiente."

Outros produtos em oferta incluem uma camiseta “Papa Francisco na Irlanda 2018” por US $13, uma sacola por US $9, um guarda-chuva comemorativo por US $20, uma vela por US $3 e uma caneca por US $10, enquanto um chaveiro e cartão de oração estão por US $4,50.

Em segundo lugar, outros grandes locais públicos em Dublin estarão fechados enquanto o papa estiver presente, com base na teoria de que seria simplesmente muito difícil para visitantes e funcionários navegar pelas multidões e controlar a segurança. O zoológico de Dublin, por exemplo, estará fechado de 25 a 27 de agosto.

No geral, Jennifer Gilna, da Autoridade Nacional de Transporte da Irlanda, nos deu o que talvez seja a metáfora local mais apropriada para a magnitude da visita de Francisco: "Serão basicamente sete finais da All-Ireland ao mesmo tempo", disse ela, referindo-se ao campeonato anual de futebol do país.

US $1,25 milhão por hora

Quanto aos custos, a estimativa parece ser que tudo incluso - ou seja, com tudo contabilizado, de segurança e construção ao transporte, e contando contribuições da Igreja e do estado - a conta total para a visita do papa está sendo estimada na imprensa irlandesa como algo em torno de US $40 milhões (cerca de 156 milhões de reais).

Desse total, a Igreja local se comprometeu a arrecadar US $25 milhões (aproximadamente R$97.5 milhões), com os US $15 milhões (aproximadamente R$58.5 milhões) restantes provenientes de vários níveis de governo - embora esse número possa subir. O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, disse no mês passado respondendo a uma pergunta no parlamento que os custos públicos seriam entre US $12 milhões e US $25 milhões.

Para aqueles que são inclinados a fazer as contas - e os irlandeses claramente são - isso significa cerca de US $1,25 milhão por hora (cerca de R$4,9 milhões), já que Francisco tem 32 horas programadas para estar no país.

Embora 40 milhões de dólares possa parecer um valor exorbitante, vale a pena comentar que é praticamente o mesmo custo da visita do então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e da rainha Elizabeth II em 2011, ambos custaram mais de 40 milhões de dólares.

Em termos de gastos públicos, grande parte do custo vem da organização e do policiamento da missa de 26 de agosto em Phoenix Park, cujo total deve chegar a vários milhões de dólares. Autoridades dizem que são esperados custos significativos para o trajeto de Francisco no papamóvel no centro de Dublin e na sua visita a Knock.

Eventos contrários de todos os tipos

Talvez um sinal mais evidente de quão seriamente os irlandeses estão levando a presença do papa é que alguns deles não estão apenas resmungando sobre isso, mas organizando ativamente protestos e manifestações contrárias.

Depois que o arcebispo de Dublin, Diarmuid Martin, disse no início deste mês que o papa Francisco pode não ter tempo para se encontrar com as vítimas e sobreviventes de abuso sexual do clero enquanto estiver na Irlanda, alguns desses sobreviventes anunciaram planos para promover uma manifestação.

"É desconcertante, para o Vaticano, que eles não possam nem mesmo se dar ao trabalho de fazer parecer que se importam", disse Colm O'Gorman, que alega ter sido estuprado por um padre por três anos durante o início de sua adolescência e que é atualmente o diretor executivo da Anistia Internacional na Irlanda.

O protesto das vítimas está marcado para acontecer no Garden of Remembrance, em Dublin, no domingo, 26 de agosto, às 18h00.

Enquanto isso, há outras comunidades prejudicadas na Irlanda que também se sentem negligenciadas pela agenda oficial do papa, incluindo mulheres, católicos LGBT, pessoas que não compactuam com o ensinamento oficial da Igreja sobre contracepção e aborto, e assim por diante.

Para esses grupos, a Escola de Religião do Trinity College de Dublin, sob a égide do Instituto Wijngaards, sediará um evento intitulado "Vozes que o Papa Francisco não Vai Ouvir" na segunda-feira, 20 de agosto, às 18h00.

Os palestrantes do evento incluirão os teólogos Hille Haker, Gina Menzies e Luca Badini; O padre Tony Flannery, redentorista e fundador da Associação dos Padres Católicos da Irlanda; e o colunista do National Catholic Reporter, Jamie Manson.

No outro extremo do espectro, católicos mais conservadores descontentes com o Papa Francisco em várias frentes, incluindo seu documento de 2016, Amoris Laetitia, e sua abertura cautelosa à Comunhão para os católicos divorciados e recasados fora da Igreja, estão fornecendo sua própria contra programação.

Um grupo local chamado Instituto Lumen Fidei está organizando um encontro de dois dias chamado Conferência das Famílias Católicas, de 22 a 23 de agosto, o que significa que será realizado paralelamente ao Encontro Mundial de Famílias, antes da chegada do papa. O local programado é o Ballsbridge Hotel, em Dublin, localizado a pouco mais de 800 metros do local do evento oficial.

Espera-se que este evento inclua como palestrantes o cardeal americano Raymond Burke e o bispo cazaque Athanasius Schneider, ambos importantes críticos da Amoris, junto com o padre capuchinho Thomas Weinandy, que escreveu uma carta a Francisco sugerindo que ele está criando uma "confusão crônica".

"Acreditamos que o melhor serviço que podemos oferecer é tentar explicar os belos ensinamentos da Igreja de maneira clara, aberta e direta", disse o organizador Anthony Murphy.

Dado tudo isso - a grande escala e a complexidade logística da viagem papal (embora seja apenas a metade da visita irlandesa de João Paulo em 1979), os custos e a agitação em torno dela - parece seguro dizer que praticamente todo mundo, começando com o próprio Papa Francisco tem algo a ver com o desempenho dessas 32 horas na Irlanda.

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