Pentecostes. O Espírito agindo na Amazônia que hoje conta com um novo cardeal

Dom Pedro Barreto | Foto: Vatican News

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24 Mai 2018

Na Pan-Amazônia, recebemos esta festa de Pentecostes com a notícia da nomeação de dom Pedro Barreto Jimeno, arcebispo de Huancayo, como cardeal.

A reportagem é publicada por Cáritas Ecuador, 20-05-2018. A tradução é de André Langer.

Reconhecendo e abraçando as grandes dores, desesperanças e desafios que cercam o território amazônico, onde talvez hoje, mais do que nunca, se sofre as piores ameaças, em meio a tudo isso, ou melhor, sobretudo nesta realidade, sentimos profundamente a força do Espírito. Um espírito que vai transformando a humanidade e a Igreja, desde os tecidos mais finos, com as fibras das raízes de nossos povos (awajún e wampis) e que têm sido a inspiração e a voz certeira, desafiadora e iluminadora que guiou a missão do nosso novo cardeal, desde os seus primeiros anos de missão em Jaen, vicariato amazônico no Peru, confiado aos jesuítas.

A nomeação do dom Pedro, da Rede Eclesial Pan-Amazônica – Repam, é mais um sinal de que a Amazônia é fonte de vida no coração da Igreja e que o Papa Francisco, jesuíta e franciscano ao mesmo tempo, confia na possibilidade universal que esta Igreja amazônica oferece.

Quando em 2014 foi criada a Repam, a partir da sua visão esperançosa e intuitiva, dom Barreto falou da Amazônia como fonte e pulmão do mundo. E o que talvez para muitas pessoas parecia exagerado, com o passar do tempo, o tempo começou a dar razão, que está no coração do planeta. Já naquele momento ele dizia que esta é a resposta de Deus ao que os territórios e os povos estão pedindo à Igreja. “Certamente hoje posso dizer que a Repam é, como instrumento, fonte e plataforma, uma resposta do espírito e de Deus, porque a vida grita e não pode mais e porque a Igreja vem respondendo a isso há décadas”, afirma Mauricio López, secretário-executivo da Repam.

Hoje, não apenas o Peru recebe uma nova autoridade eclesial, mas também a Amazônia conta com dois cardeais, sempre com os pés e o coração tocando essa realidade, com a capacidade de reconhecer a força dessa vida e sempre deixando os gritos do povo, do território e da Igreja missionária e profética são os que marcam o caminho.

Esta nomeação é de grande esperança, mas ao mesmo tempo de profunda responsabilidade. Para Mauricio López “ele é um profeta da ecologia integral. Ele o tem sido antes da Laudato Si’ e muito mais depois, irmanado nesta missão da Amazônia com dom Cláudio Hummes, presidente da Repam, que impulsionou fortemente esta rede ao coração da Igreja e do Papa. Dom Pedro, com esse olhar nítido, profundo e claro, veio em 2013 à Amazônia do Equador, onde, com a Equipe Itinerante, o Conselho Indigenista Missionário e muitos outros, começávamos a delinear e sonhar o que seria a Repam. No final desta reunião, dom Pedro disse: isso é palavra do espírito. Ele viu que o espírito estava trabalhando com vigor, isso ele define e determina, tem a capacidade de olhar mais longe e por isso sua presidência foi disputada no DEJUSOL, com essa rede, que ainda não era e podia ser...”.

“A partir da Repam colocamos a vida para acompanhá-lo neste caminho de valentia e coragem. Nesta dupla de cardeal Barreto e cardeal Hummes, sentindo esse kairós”, conclui Mauricio.

A força do Espírito e dos Espíritos da Floresta, Pais e Mães, fontes de sabedoria e sensibilidade de tantos habitantes amazônicos, afirmam os passos desta Igreja missionária, peregrina e em saída, que responde com coragem e o coração vibrante a uma realidade que nos chama à luta, à defesa e à resistência, mas sobretudo à unidade e à comunhão.

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