Três dias com o beato Romero

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16 Agosto 2017

Urna com as relíquias de Romero.
Dentro encontra-se um fragmento corporal
com seu sangue e um turbante que ele usava.
(Foto: Tierras de América)

Uma longa preparação, que começou com a beatificação no mês de maio de 2015 e chega ao seu término natural: o centenário do nascimento de Oscar Arnulfo Romero no dia 15 de agosto de 1917 na pequena localidade de Ciudad Barrios, segundo de sete filhos de Guadalupe Galdámez, uma mulher simples do povo, e Santos Romero, telegrafista de profissão.

A reportagem é de Alver Metalli, publicada por Tierras de América, 09-08-2017. A tradução é de André Langer.

As esperanças dos salvadorenhos eram, naturalmente, que o aniversário coincidisse com a canonização, mas para isso será preciso esperar mais um pouco. Não muito, considerando que o patrocinador número um do bispo mártir, o Papa Francisco, disse aos bispos de El Salvador, quando o visitaram em março passado, que “a causa está em boas mãos”, freando a impaciência dos prelados, mas dando a entender que o momento está próximo.

A espera, como mostram as celebrações para o centenário, não será tempo perdido. Pelo contrário. Gregorio Rosa Chávez, recentemente criado cardeal, que dedicou a púrpura a dom Romero declarando que recebia o barrete vermelho em sua honra, vê realizado o seu “sonho de ver que em breve todo o país se colocará em movimento”. “O sinal exterior mais claro”, disse há um ano a Tierras de América, “seriam as peregrinações aos lugares santos de Romero, incluindo o pequeno povoado onde ele nasceu há quase 100 anos, Ciudad Barrios”.

Justamente Ciudad Barrios foi o destino da procissão de 13 de agosto promovida conjuntamente pelas dioceses de San Miguel, em cujo seminário o jovem Romero ingressou em 1931, com apenas 12 anos, e Santiago de Maria, diocese da região oriental de El Salvador para a qual dom Romero foi nomeado bispo em 15 de outubro de 1974 aos 57 anos.

No dia anterior, 12 de agosto, cruzou a diocese de Santa Ana uma peregrinação para a qual confluiu toda a região ocidental do país e que culminou em uma celebração eucarística presidida pelo bispo da Província, Miguel Ángel Aquino Morán, e pelo núncio apostólico de El Salvador, dom León Kalenga Badikebele, que fez a homilia. Nesta ocasião também houve uma alocução do novo cardeal, Gregorio Rosa Chávez.

O último evento dos festejos pelo centenário acontecerá no dia do seu aniversário, 15 de agosto, na catedral de San Salvador, com uma celebração solene presidida pelo cardeal Ricardo Ezzati, arcebispo de Santiago do Chile, eleito pelo Papa para representá-lo. Ezzati, salesiano, estará acompanhado por Rafael Edgardo Urrutia, chanceler da Arquidiocese de San Salvador e vigário episcopal para os Movimentos e as Associações de Fiéis Leigos, que participaram ativamente do processo de beatificação de Romero, e por Reinando Sorto Martínez, pároco de San José de la Montaña, vigário episcopal e diretor da Radio San José, que durante muitos anos esteve a cargo de Romero.

Em uma carta escrita em latim, com data de 18 de julho de 2017, e que foi divulgada no dia 05 de agosto deste ano, o próprio Francisco explica que foi convidado para a celebração pelos 100 anos de nascimento de Romero em sua terra natal. Na mesma carta resume as circunstâncias da sua morte, no dia 24 de março de 1980, enquanto celebrava a eucaristia na capela do Hospital da Divina Providência de San Salvador, e faz referência ao fato de que “os mandantes e executores não foram identificados”. O Papa também recorda que – e não deixa de ser significativo – “na missa do funeral participaram 350 mil pessoas, 300 presbíteros e 30 bispos de todo o mundo” e que o rito fúnebre “não pôde ser concluído porque uma bomba e tiros com armas de fogo automáticas semearam o pânico. Estima-se que cerca de 50 pessoas – muitas crianças – morreram pisoteadas e cerca de 10 por tiros”.

De pouco mais de um ano para cá as relíquias de Romero vão de paróquia em paróquia por toda a província eclesiástica de San Salvador. No dia 24 de julho, na capela da Universidade Centro-Americana, a mesma onde aconteceu o massacre dos jesuítas em novembro de 1989, foi exposta a urna com as relíquias do beato Romero, como parte do percurso realizado pelas paróquias do país que começou na diocese de Zacatecoluca para culminar em San Salvador.

A universidade recordou que a veneração das relíquias de Romero “está em fina sintonia com uma tradição que remonta aos primeiros séculos do cristianismo, quando os seguidores de Jesus eram perseguidos e morriam por ódio à fé. De lá para cá, a Igreja começou a conservar e a cuidar com grande estima dos objetos relacionados com as pessoas que deram testemunho de fé com sua própria vida” para “venerar a memória dos mártires”.

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